Ago 2023
23
Tiago Pessotti
MERCADO DIÁRIO

porTiago Pessotti

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Tiago Pessotti
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porTiago Pessotti

Petrobras e bancos caem e Bolsa volta a fechar em queda

Uma fonte recorrente de volatilidade nos mercados internacionais tem sido a China. Nesse contexto, o banco central chinês reduziu a taxa de juros de 1 ano de 3,55% para 3,45%, e manteve a de 5 anos em 4,20%. Essas medidas foram interpretadas pelo mercado como possíveis indícios de cortes mais agressivos no futuro. A diminuição dos estímulos econômicos na China gera implicações diretas nos mercados globais.

A situação no Brasil está fortemente vinculada às tendências internacionais, dada a dinâmica de menor liquidez e fluxo que afetam os ativos domésticos. Os diretores do Banco Central têm sinalizado que os próximos passos no cenário de cortes de juros serão na ordem de 50 pontos-base. No entanto, a barreira para cortes mais acentuados, de 75 pontos-base, permanece elevada, requerendo influências altamente favoráveis, tanto do contexto interno quanto externo.

Além disso, a questão fiscal emerge como um desafio importante para o Brasil. A trajetória do país está intrinsecamente ligada às ações adotadas em relação ao orçamento e à arrecadação de recursos. A ausência de avanços significativos no Congresso quanto a medidas arrecadatórias e reformas ministeriais cria um viés negativo no aspecto fiscal.

A discussão sobre a retirada de precatórios das despesas primárias, assim como a análise de cortes nas despesas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), sinaliza um cenário de redução de gastos, principalmente nas áreas sociais.

Os governadores enfrentam um contexto delicado, marcado pela queda nas receitas e pelo aumento dos gastos, principalmente com pessoal. Os dados dos estados e do Distrito Federal apontam para uma diminuição de 7,8% na receita tributária em comparação ao mesmo período do ano anterior, ao passo que as despesas correntes aumentaram 4,7% em termos reais.

China corta taxa básica de juros de um ano para 3,45%, abaixo do esperado

O panorama econômico internacional continua a ser marcado por uma série de desenvolvimentos que têm gerado impactos variados nos mercados financeiros e na perspectiva de crescimento. Tanto na China quanto nos Estados Unidos, as notícias recentes têm moldado as expectativas e as decisões dos investidores.

Na China, uma desaceleração econômica generalizada está causando preocupações em diversos setores. O investimento está desacelerando e o mercado imobiliário, que historicamente desempenhou um papel significativo no crescimento econômico, continua a exercer uma influência negativa.

A taxa de desemprego entre os jovens atingiu um novo patamar, levando a uma parcela significativa da população jovem a ingressar na força de trabalho sem perspectivas de contratação. A decisão do governo de interromper a divulgação dos dados de desemprego entre os jovens tem gerado inquietação, minando a transparência e confiabilidade das informações econômicas.

A revisão baixista das projeções de crescimento na China é acompanhada por cortes nas taxas de juros pelo Banco Central chinês, com destaque para a redução nas taxas de juros de 1 ano. Além disso, notícias relacionadas ao não pagamento de dívidas por empresas do segmento imobiliário têm contribuído para a instabilidade no mercado.

Enquanto isso, nos Estados Unidos, os números de atividade econômica têm surpreendido positivamente. As vendas no varejo apresentaram um desempenho sólido, com destaque para a influência do Amazon Prime Day, que impulsionou as compras on-line. No entanto, o bom desempenho não se limitou apenas ao varejo digital, outros setores também contribuíram para esse cenário. A produção industrial, embora impulsionada em parte pelo setor de utilidades, também contribuiu para uma projeção otimista do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre.

A ata da última reunião do Federal Open Market Committee (FOMC) adicionou um elemento de risco à equação. O documento destacou os riscos altistas associados à inflação, ao mesmo tempo em que reconheceu a existência de riscos em ambas as direções. Isso reflete a abordagem cautelosa do Banco Central em relação à evolução econômica e sua disposição de se adaptar a cenários voláteis. O tom das comunicações recentes, com membros do FED como Williams e Kashkari mencionando um possível aperto nos juros reais, evidencia a cautela crescente.

Nesta semana acontecerá o simpósio de Jackson Hole. O aguardado discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, concentrará a atenção dos mercados e dos observadores econômicos. O discurso deverá abordar questões cruciais, como a capacidade da economia dos Estados Unidos de lidar com taxas de juros elevadas e a preocupação com uma taxa de juros real restritiva. As decisões relacionadas aos juros de longo prazo têm puxado as taxas de juros norte-americanas e, consequentemente, gerado pressão sobre os mercados emergentes.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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