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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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As 3 saídas possíveis para a guerra Rússia-Ucrânia

A comunidade internacional foi tomada de surpresa com o pronunciamento de Vladimir Putin na noite de quarta-feira (24) onde anuncia que a Rússia irá prosseguir com a invasão em território ucraniano alegando a defesa da população presente no território separatista de Donbass.  Abaixo, explicaremos 3 possíveis cenários de resolução deste conflito e como cada um deles impactaria os mercados globais.

Confira os cenários possíveis

CENÁRIO OTIMISTA Em um cenário otimista, antes do início do conflito, analistas enxergavam a possibilidade de uma resolução diplomática, onde os países envolvidos esfriariam a crescente tensão, permitindo que o preço do barril de petróleo voltasse a casa dos 80 dólares e os ativos que o mercado vinha precificando abaixo da sua capacidade de geração de valor, voltariam recuperar a precificação ideal.  No entanto, com a atual situação, é provável que o conflito impacte negativamente a economia mundial e que este imbróglio não tenha uma saída diplomática. CENÁRIO INTERMEDIÁRIO No cenário intermediário, pressupunha-se que a Rússia iria anexar as províncias e regiões separatistas (Pró-Rússia) e os EUA ordenariam (como já anunciado) sanções econômicas que visam excluir o governo Russo do sistema financeiro mundial (SWIFT), além de congelar e confiscar ativos de bancos russos que possuem capital nos EUA. Caso esse cenário se concretize, é possível que a Rússia responda à sanções impostas com a continuidade da investida em território ucraniano, tendo como objetivo gerar ainda mais tensão para uma eventual generalização do conflito (algo que o restante do mundo evita, tentando conter uma eventual guerra mundial) , com o exército de Putin ganhando território europeu e impondo temor em países vizinhos à Ucrânia. Na situação atual do conflito, esta pode ser uma das saídas que líderes mundiais enxerguem para apaziguar as tensões de ambos os lados e é onde possivelmente nos encontramos (ou numa situação um pouco pior). O PIOR CENÁRIO No pior dos cenários, assume-se que a Rússia irá iniciar uma invasão de grande escala na Ucrânia, com o objetivo de tomar a capital Kiev e derrubar o atual governo democraticamente eleito. Esta situação pode ser condizente com a economia global entrando em um cenário de estagflação (quando ocorre uma alta generalizada dos preços aliada à uma estagnação/recessão econômica), devido a atual pressão inflacionária, alta do preços de commodities relacionadas a energia e preços de metais e grãos agressivamente mais altos aliados às sanções draconianas impostas por potências ocidentais, o que ocasionaria um ambiente deletério para ativos de risco. Em caso da exclusão da Rússia do sistema financeiro mundial, seriam diversos os setores afetados na economia. Um deles, seria a perda de 7,5 milhões barris de petróleo por dia disponíveis para negociação no mercado, naturalmente forçando o mercado a iniciar uma guerra de lances para suprir a escassez gerada, em que não seria espantoso, dado este cenário de estresse, uma alta de 30% a 40% no preço do barril de petróleo. Caso este cenário se concretize, acreditamos em uma possível recessão mundial, devido a uma alta dos preços de energia (Interrupção do fornecimento de gás natural para a Alemanha), a perda de 7,5 milhões de barris (7% da oferta global) de petróleo no mercado mundial de commodities caso a Rússia venha a ser excluída do sistema financeiro internacional e consequente aumento de minérios e alimentos dado que ambos os países envolvidos no conflito são produtores mundiais de altíssima relevância.   *Esse texto foi escrito em colaboração com o Estrategista-Chefe da APX Investimentos, Tiago Pessotti

Como o mercado reagiu

No mundo inteiro, os mercados têm operado com clara aflição em relação ao conflito e suas possíveis consequências na economia. O barril de petróleo Brent (ou seja, aquele que é extraído do Mar do Norte e que serve como referência para o ativo nos mercados europeu e asiático) superou os U$100 e os futuros do índice NASDAQ (NDX), o principal indicador da bolsa americana,  registraram queda de 2,8% O Título do Tesouro americano de 10 anos, um dos indicadores mais importantes de renda fixa do mundo, registrou aumento de um ponto percentual, totalizando rendimento de 1,87%. Paralelamente, o DXY (Dólar Norte-americano) está sendo negociado a 0,5% A saída esperada é que o ocidente não se envolva neste conflito militar em andamento em todos os 3 cenários, dado que não há vontade política real por parte de nenhuma das potências ocidentais Neste caso, é ilógico pensar que no atual estágio, a Rússia ordene um recuo de suas tropas do território ucraniano. Olhando para o futuro e visando evitar novos conflitos, para resolver este caos geopolítico, enxergamos apenas uma solução: garantias de não haver uma nova expansão da OTAN e da completa dissociação da Rússia da economia mundial, através de sanções impostas também à China.