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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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Petrobras anuncia reajuste nos preços dos combustíveis

A companhia estatal estava há 57 dias sem alterar os preços do diesel e da gasolina e há 152 freando os reajustes no gás de cozinha. O governo tentou, sem sucesso, definir alternativas para conter os preços

De olho na bomba

A Petrobras anunciou ontem, quinta-feira (10), um aumento de 18,7% no preço da gasolina e de 24,9% no preço do diesel em suas refinarias a partir desta sexta-feira. O gás derivado do petróleo (GLP) também sofrerá reajuste, de 16%. A companhia justificou, em nota, que o reajuste ocorre no mesmo sentido de outras refinarias brasileiras que já promoveram ajustes nos preços de venda. Ela destaca ainda que mesmo com a disparada dos preços no mercado internacional devido ao conflito na Ucrânia, a companhia optou por não repassar a volatilidade do mercado de imediato. O reajuste faz com que o preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passe de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Já no caso do diesel, passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. O gás irá de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo, o que equivale a R$ 58,21 por cada botijão de 13 quilos. A Petrobras esclarece ainda, que os reajustes são um reflexo da disparada dos preços no mercado internacional, pela diminuição da oferta mundial, e que ela está monitorando continuamente o mercado nesse momento de alta volatilidade. O anúncio veio em meio a discussão no governo de como conter a alta dos combustíveis, que até ontem, quarta-feira, se reunia para discutir medidas que poderiam ser tomadas para frear o aumento. No entanto, não houve acordo entre as partes presentes na reunião e não se obteve, ainda, uma alternativa para conter os preços.

As medidas estudadas

“Não tem congelamento, esquece esse troço. Só maluco congela preço” disse Paulo Guedes, Ministro da Economia do Brasil quando questionado por um repórter se haveria congelamento dos preços dos combustíveis. Esta seria uma das alternativas que o governo teria para frear o reajuste na gasolina. De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), existia uma defasagem de mais de 25% da gasolina e do diesel em relação aos preços praticados no mercado externo e que deveria ser repassado ao mercado interno. Na última quarta-feira (09), houve uma reunião realizada no Palácio do Planalto, visando uma saída para a situação atual, porém que terminou sem uma definição. Participaram desta reunião, o Ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Economia, Paulo Guedes, contando também com o presidente da Petrobras, General Joaquim Silva e Luna, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Apesar do custo fiscal elevado, estimado na casa dos R$ 113 bilhões, a concessão de um subsídio temporário, que duraria de três a seis meses, para custear o prejuízo que a Petrobrás teria para manter os preços nos patamares antes do reajuste, sendo a proposta mais palatável. Outra proposta que fora pautada na reunião, é o congelamento dos preços, intervindo diretamente na Política de Paridade Internacional (PPI) exercida pela companhia desde 2016. No entanto, esta última foi descartada pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes que disse que é “coisa de maluco” que essa ideia seja considerada. Estava tramitando no Senado Federal um projeto, que foi aprovado, visando alterar a regra da incidência do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICMS) nos combustíveis. A cobrança agora passa a ser monofásica, isto é, em uma única fase da cadeia de produção. Com a aprovação, o texto agora vai para a Câmara dos Deputados e caso passe, pode representar uma redução de até dois terços no preço que foi reajustado, conforme cálculos apresentados por Guedes. Os combustíveis contemplados pela alteração na tributação, são o diesel, biodiesel, a gasolina, o etanol anidro (utilizado na mistura da gasolina), o gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás liquefeito de gás natural (GLGN) e o querosene de aviação (QAV).