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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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China anuncia novas restrições devido a Covid-19 e mais; confira o Boletim do Investidor desta semana

O Lockdown atinge 25 milhões de pessoas da cidade de Xangai, e pode prejudicar indicadores da atividade econômica chinesa, que serão publicados nesta semana. Por outro lado, a Guerra continua, mas há novos ânimos em torno de uma recuada das tropas russas, e da aceitação por parte da Ucrânia da neutralidade territorial, sendo assim o mais próximo de um acordo de paz até então. No Brasil, o fluxo de capital estrangeiro segue forte, impulsionando o índice Bovespa, além dos dados da inflação e empregos reportando acima do esperado, pressionando os juros para cima.

Metamorfose do cenário internacional

Com o mundo passando por uma fase de retomada da atividade econômica pós-covid, a China anunciou que iria iniciar um Lockdown em metade da cidade de Xangai, atingindo 25 milhões de pessoas. Com isso, os dados da economia chinesa que iriam ser publicados nesta semana, como o PMI, que mede a expectativa das empresas em relação à economia, podem ser prejudicados, além de pressionar o setor energético que está sofrendo uma queda expressiva com o receio de novas restrições. A guerra ainda segue sem resolução, mas há tratativas de ambos os lados de um recuo por parte das tropas russas, e a aceitação de um acordo de neutralidade territorial por parte da Ucrânia. O conflito, que tem pressionado economias do globo inteiro desde que começou (principalmente o setor energético, que oscila para cima ou para baixo conforme declarações dos líderes das nações envolvidas; como as de Joe Biden atacando Putin duramente durante o fim de semana), teve novas sanções anunciadas e um acordo de comércio de reservas de energia entre EUA e União Europeia, que pressionaram os preços do petróleo e seus derivados para cima. O desemprego norte-americano segue em patamares baixos, semelhantes aos níveis pré-pandemia, e aliado à inflação global de preços pressiona o FED (Banco Central Americano) a aumentar os juros, com diversos membros dizendo que é necessário acelerar o ritmo de alta dos juros. Com isso, houve um reflexo na curva de juros curta que abriu com um aumento de 0,35% e agentes do mercado considerando um aumento de 0,50% nas próximas 4 reuniões do FED, que atualmente se encontra entre 0,25% e 0,50%.

Selic em ritmo de alta e mais capital estrangeiro

No Brasil, a taxa básica de juros (Selic) passou por um aumento de 1% recentemente e chegou no patamar de 11,75% e pode sofrer uma nova pressão para aumentar ainda mais com os dados do IPCA15 (índice que mede o nível de inflação médio, referente aos primeiros 15 dias do mês) terem vindo acima do esperado indicando uma inflação, e por conta disso, a ata da última reunião do Copom indica que novos aumentos não estão descartados, mesmo que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expresse publicamente que ele pessoalmente acredita estarmos chegando ao fim do ciclo de alta dos juros. Com isso, as ações brasileiras se beneficiaram, principalmente o setor de construção civil e consumo que se aproveitam de ambientes de juros estáveis. Há também o fator da apreciação do real frente ao dólar, que vem ocorrendo nas últimas semanas devido à alta dos juros aliado à uma fuga de capital dos mercados russo e chinês, onde investidores fogem de sanções econômicas e direcionam seu fluxo de capital para o Brasil. No ano, já são R$ 85 bilhões de origem estrangeira na economia brasileira. Também nesta semana, serão divulgados importantes indicadores da inflação industrial brasileira, como o IGP-M, além do IPC-S e os indicadores de atividade econômica, como a produção industrial de fevereiro. o Caged já foi publicado e superou as expectativas, com 328 mil novos postos de trabalho formal, enquanto o mercado projetava 225 mil, que junto ao atual nível de inflação pressiona ainda mais a curva de juros para cima. No final da semana iremos recapitular todos os fatos, trazer as informações dos novos dados divulgados, e a avaliação do cenário macroeconômico da semana, seja positivo ou negativo, dependendo do que ocorrer e dos comportamentos do mercado em relação aos acontecimentos.