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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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Expectativa de redução na inflação entre consumidores americanos pode levar o Federal Reserve a frear o ritmo de elevação de juros

Ao medir o nível de confiança dos consumidores na economia americana, o Índice de Expectativa do Consumidor calculado pela Universidade de Michigan ajuda a prever os gastos das famílias e a projetar a inflação. Os entrevistados esperam uma inflação de 3,1% nos próximos 5 a 10 anos, abaixo da leitura preliminar de 3,3%. O resultado pode reduzir a urgência do Federal Reserve (Fed) de aumentos de juros.

Estados Unidos e cenário internacional

O índice geral de sentimento, divulgado no final da última semana pela universidade, ficou ligeiramente abaixo da leitura preliminar de junho, em uma mínima recorde de 50 pontos, contra 54,8 no mês anterior. Segundo especialistas, a queda no nível de confiança dos consumidores é reflexo, entre outros fatores, da inflação mais alta em décadas e de rumores de uma retração na economia americana. A retração é planejada pelo Federal Reserve que, como forma de combater a elevação dos preços de forma geral, aumentou novamente a taxa de juros na última reunião realizada no último dia 15. Em vez de meio ponto, optou por uma alta de 0,75 ponto porcentual. Grandes bancos de investimentos já consideram, em suas análises, a possível retração. Dessa forma, o Fed deve continuar elevando os juros, mas em ritmo mais lento. Outra forma de conter a inflação seria equilibrar a oferta e a demanda por combustíveis. Recentemente, a secretária do tesouro americano Janet Yellen afirmou que os Estados Unidos querem discutir um teto para o preço do petróleo russo - contrariando as medidas de bloqueio devido à guerra na Ucrânia. A declaração teria colaborado para a queda no preço do barril no mercado internacional para perto dos US$ 100. Entretanto, novos bombardeios podem interromper a queda nos preços de petróleo e de alimentos. Eles teriam sido uma resposta de Vladmir Putin ao plano de barrar as vendas do ouro da Rússia discutido durante o encontro das 7 maiores economias do mundo, na Alemanha. O grupo analisa ainda formas de financiar projetos de infraestrutura em países em desenvolvimento para fazer frente à iniciativa do cinturão de da Rota (BRI) da China. Ao longo da semana, vale acompanhar: declarações dos presidentes dos bancos centrais dos Estados Unidos, da zona do euro e da Inglaterra e o índice gerente de compras (PMI) da indústria da China, na quarta e quinta-feira; ainda na quinta, sai o PCE Core Price, com a revisão mensal da inflação nos EUA; na sexta-feira será divulgado o índice de preços ao consumidor da zona do euro, além de dados do desempenho da indústria americana (ISM).

No Brasil, ambiente interno conturbado

O ambiente interno conturbado provoca impactos no desempenho da bolsa de valores e na valorização do real frente à moeda americana. Nesse cenário, estão incluídas a aprovação da redução da alíquota de ICMS sobre combustíveis sem auxílio aos estados prejudicados pela medida e ainda possíveis gastos extras com o aumento no valor das parcelas do Auxílio Brasil, do auxílio-gás e ainda com a criação do voucher para caminhoneiros. Consideradas populistas, as medidas anunciadas tão perto do período de eleições no país devem extrapolar o teto de gastos - o que gera desconfiança entre os investidores e perda de credibilidade fiscal. Vale destacar ainda a prisão de Milton Ribeiro, ex-ministro da educação do governo Bolsonaro, após indícios de corrupção na pasta. O escândalo levou ainda a um pedido de investigação contra o presidente da república. A prévia do Índice de Preços ao Consumidor de junho ficou próximo ao esperado em 0,69% ao mês, após aumento registrado em maio. Houve, porém, elevação de preços em 70% dos itens. Nesta quarta-feira será divulgado o Índice Geral de Preços do Mercado; na quinta, a taxa de desemprego no país; e, na sexta-feira, o Índice de Preços ao Produtor com previsão de 15% ao ano e 0,4% ao mês, ante os anteriores 18% a.a. e 1,94% a.m.