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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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Indústrias e serviço despencam nos EUA: recessão a caminho?

Caiu pela quarta vez consecutiva, o Índice de Gerentes de Compras composto dos Estados Unidos, que considera as atividades da indústrias e dos serviços. Passou de 52,7 no mês anterior para  47,0 em julho, ficando abaixo da marca que separa a expansão da contração. A desaceleração foi maior no setor de serviços.

Estados Unidos e Zona do Euro

A expectativa era de que as altas temperaturas do verão aquecessem o setor de serviços nos Estados Unidos, mas não foi o que aconteceu. Divulgado na última sexta-feira (22) pela S&P Global, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) composto mostrou que a atividade entrou em contração. A leitura anterior foi de 52,7 e caiu para 47,0 em julho. Quanto à indústria, a queda foi menor: de 52,7 para 52,3. Ainda assim o índice composto - que considera os dois setores - ficou abaixo de 50, marca que divide a expansão da contração. O recuo registrado em julho marcou a quarta queda mensal consecutiva, chegando a 47,0, ante 52,7 no mês anterior. A nova leitura indica que a demanda está enfraquecendo, com perspectiva de moderação de preços à frente. Porém o banco central americano aguarda a divulgação de outros dados que reforcem a possibilidade de queda na inflação. Por isso, na próxima reunião sobre a política monetária deve haver outro aumento de 0,75% na taxa de juros. Na Zona do Euro, o banco central da região elevou a taxa de juros em 0,5% neste início de semana. Até então, a instituição não havia lançado mão dessa ferramenta para o combate à inflação este ano, como já foi feito em outros países. Esse foi o primeiro aumento desde 2011. A decisão afeta de formas diferentes as economias dos países do bloco. A presidente do Banco Central Europeu, Cristine Lagarde, também anunciou que a instituição vai comprar títulos públicos de países com economias mais frágeis do bloco, contrariando a política monetária de elevação da taxa de juros combinada com retirada de incentivos para evitar a elevação generalizada de preços. A dependência dos países europeus do gás que vem da Rússia se torna uma preocupação ainda maior com a aproximação do inverno. A semana passada terminou com certo alívio, já que o fluxo foi retomado na mesma capacidade anterior à parada para manutenção. Mas o problema não foi superado e pode haver nova redução no fluxo nas próximas semanas. Também afetados pela guerra, os preços das commodities agrícolas continuam caindo. Isso por causa do acordo firmado entre Rússia, Ucrânia e Turquia para possibilitar o escoamento de grãos. A expectativa é de que as altas registradas nos últimos 12 meses sejam revertidas, o que tem impacto relevante sobre a inflação. Ao longo desta semana, vale acompanhar: Terça-feira (26): - Índice de Confiança do Consumidor  nos Estados Unidos: previsão de 96,8, ante 98,7 anterior. Quarta-feira (27): - Decisão de política monetária nos Estados Unidos: esperado novo aumento de 0,75%. Quinta-feira (28): - PIB Trimestral do EStados Unidos: previsão de crescimento de 0,4%, contra -1,6% do trimestre anterior. Sexta-feira (29): - Inflação nos Estados Unidos (PCE): expectativa de 0,9% conta 0,2% anterior e núcleo em 0,5% contra 0,3% anterior; - Índice de preços ao consumidor (CPI) na Zona do Euro: previsão de 8,7%, ante 8,6% anterior; para o núcleo, expectativa de 3,9%, vindo de 3,7%.

No Brasil

Com a proximidade das eleições, a economia brasileira entra numa outra dinâmica, descolada com o que ocorre lá fora. Essa é uma característica do período: ficamos mais vulneráveis ao que ocorre em nosso país. A valorização do dólar frente ao real é maior do que na comparação com outras moedas. Na semana passada, a moeda americana subiu 1,5% por aqui; lá fora a variação foi a mesma, mas para baixo. Entre os motivos estão as novas críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas durante reunião com embaixadores, o que contribuiu para elevar o risco político e a desconfiança entre os investidores. A redução nos preços das commodities agrícolas e a menor urgência do Banco Central brasileiro em aumentar a taxa básica de juros também colaboram para a valorização do dólar. Analistas de mercado não descartam a possibilidade de a moeda americana chegar a R$ 5,80 nos próximos meses. Os preços dos combustíveis sofreram redução significativa nas refinarias, além do corte na cobrança do ICMS. Espera-se que, com essas medidas, a inflação de curto prazo entre no negativo. Em julho, o Índice de Preços ao Consumidor deverá ser de -0,70%, já em agosto a taxa deverá ficar em - 0,40% Nesta semana, vale acompanhar: Segunda-feira (25) - Confiança do Consumidor FGV: saiu melhor que o esperado em 79,5, contra expectativa de 79; - Investimento estrangeiro direto: US$ 7,5 bi, contra U$7,1 bi esperados e $11,84B anterior. Terça-feira (26): - IPCA15: 0,16% previsto contra 0,69% anterior. Quita-feira (28) - Índice de preços ao produtor: previsão de 1,3%, contra 1,83% anterior; - Criação de empregos: previsão de 300 mil novas vagas contra 277 mil no mês anterior. Sexta-feira (29): - Taxa de desemprego: expectativa de 9,3%, vindo de 9,8% anterior.