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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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Mercado financeiro e a incerteza do período eleitoral no Brasil

A  eleição acontecerá no próximo domingo (02) e promete ser uma das mais polarizadas da história do Brasil. Por si só, o cenário eleitoral já traz uma volatilidade esperada para esta semana no mercado financeiro, somado a situação macroeconômica e a crise inflacionária na Europa e nos Estados Unidos trazendo um plano de fundo de mais incerteza e volatilidade.

Será que a eleição vai ser definida no primeiro turno?

As pesquisas para a eleição presidencial têm contribuído para um aumento da narrativa e a hipótese da eleição ser decidida logo no primeiro turno (2 de outubro) a favor do ex-presidente e candidato Lula. Algumas semanas atrás, o discurso ia para uma tendência contrária a esse enredo, com Ciro Gomes e Simone Tebet conquistando uma boa parte dos votos. De certa forma, algumas pesquisas também mostram que o ex-presidente Lula pode conquistar os votos dos indecisos. Um dos fatores que pode ter contribuído para este cenário foi a presença e declaração de apoio de ex-presidenciáveis a Lula. Mesmo sem ter confirmado qualquer tipo de compromisso, sem divulgar medidas econômicas e nomes para compor uma possível equipe, a presença do ex-ministro da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles, foi considerada um recado ao mercado financeiro. Meirelles é um nome forte para o mercado por ter sido presidente do Banco Central do Brasil (2003-2010), porém as eleições prometem um cenário ainda polarizado e apertado de ser definido já que o mercado ainda está à mercê de especulações de um novo plano de governo. Diferente do que o mercado já está acostumado com a política econômica do atual presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Em relação à taxa Selic, o Banco Central do Brasil (BCB) manteve os juros em 13,75%. Aparentemente, com um fim do ciclo de ajustes da política monetária, dentro do esperado pelo mercado. O comunicado ressaltou que os juros devem permanecer nesses níveis por tempo prolongado e continuar atento ao processo inflacionário e “não hesitará” em voltar a apertar os juros se a convergência à meta da inflação não sair como esperado. Confira o que é destaque na agenda desta semana: Terça-feira: Divulgação da Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) com mais informações sobre a decisão do Banco Central em manter a Selic em 13,75%. Na ata, o banco central deve manter uma comunicação mais dura, ainda mais porque a decisão do conselho não foi unânime desta vez. No mesmo dia da ata do Copom, sai a prévia do índice de preços ao consumidor amplo (IPCA-15), com previsão de -0,49% de -0,73% anterior. Quarta-feira: Índice de Preços ao Produtor (IPP) 0,5% previsto de 1,21% anterior. O IPP mede a evolução dos preços de produtos na porta da fábrica, sem impostos e fretes, da indústria extrativa e de setores da indústria de transformação. Dados sobre o mercado de trabalho também estão entre os indicadores. Os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de agosto com previsão de 380 mil de 268 mil anteriormente.

Impactos da “Super Quarta”

As decisões da “Super Quarta” impactam a economia do Brasil e dos Estados Unidos em diversos aspectos. Na ocasião, o Federal Reserve (FED) e o Banco Central do Brasil decidem no mesmo dia, em uma quarta-feira, sobre as taxas de juros básicas da economia. Como já era esperado, o banco central dos Estados Unidos (FED) anunciou o aumento de 75 pontos-base na taxa de juros norte-americana, elevada para o intervalo de 3,0% a 3,25%. Um terceiro aumento consecutivo realizado na missão de controlar a inflação que afeta o poder de compra de milhares de pessoas. A reunião da super quarta ficou marcada pelo discurso de Jerome Powell, presidente da instituição, com uma postura mais hawkish (caracterizada pela elevação de juros e contração monetária). Em sua fala, manteve o mesmo tom desde o discurso do Jackson Hole, deixando claro que os juros não vão parar de subir enquanto não tiverem a certeza que a inflação está em processo de convergência. Na Inglaterra, o Banco Central (BoE) elevou sua taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, de 1,75% para 2,25%. O movimento segue a decisão do FED dos EUA na quarta-feira de aumentar sua taxa básica de juros. A nova primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, tem delineado o orçamento com previsões de cortes de impostos importantes, com ministro das finanças aprovando no parlamento um plano de recuperação econômica e fiscal enquanto o BC está apertando a política monetária, com o governo indo na contramão. O Reino Unido tem o agravante pois está próximo dos conflitos geopolíticos na Ucrânia e Rússia. Parte da Europa industrial depende de energia para que as coisas funcionem e a indústria produza, porém a crise energética está se aprofundando à medida que a Rússia limita mais as exportações de gás natural. Com o anúncio do maior pacote de corte de impostos do país em 50 anos com o objetivo de evitar uma recessão econômica, a libra esterlina chegou a atingir a mínima histórica e se aproximar com a paridade com o dólar. No entanto, os títulos do Reino Unido foram vendidos pelo segundo dia na segunda-feira, com os traders aumentando as apostas na escala de aumentos nas taxas de juros pelo Banco da Inglaterra. A queda nas douradas do Reino Unido enviou rendimentos de 10 anos acima de 4% pela primeira vez desde 2010. A libra, enquanto isso, recuperou-se das baixas do dia de US$ 1,03. Confira a agenda: Terça-feira:  -Confiança do consumidor 104 previsto de 103,2 anterior; -Vendas de Casas novas com 500k previsto de 511 anterior, além do Richmond Manufacturing Index com -10 previsto de -8 anterior; -Vendas de bens duráveis com 0,3% previsto de 0,2% anterior; Quarta-feira:  -Vendas de Casas pendentes m/m com -0,9% de -1% anterior; Quinta-feira:  -PMI Industrial na China com 49,4 de 49,4 anterior; -PMI Serviços com 49,7 previsto de 49,5 anterior; Sexta-feira: - CPI y/y Europa com 9,7%aa de 9,1%aa anterior e core 4,7%aa de 4,3%aa anterior; - CORE PCE Index m/m com 0,5% de 0,1% anterior.