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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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Deflação: IPCA recua em setembro e Brasil registra terceiro mês de inflação negativa

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do Brasil, caiu 0,29% em setembro na comparação com agosto. O dado foi divulgado, nesta terça-feira (11), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Brasil registrou o terceiro mês consecutivo de deflação, já que foram registrados 0,68% em julho e 0,36% em agosto. A inflação no acumulado em 12 meses desacelerou de 8,73% para 7,17%. No ano, a inflação recuou de 4,39% para 4,09%. A deflação acontece quando ocorre uma queda dos preços de bens e serviços.

 

 

Cenário do resultado das eleições ainda é incerto

Com o resultado do primeiro turno das eleições, a bolsa acumulou uma alta de 5,76% na semana passada, o real obteve uma valorização enquanto o dólar registrou uma queda de 3,36% na semana. A performance do Brasil se deu em parte por conta da vitória da bancada de maioria conservadora no Senado e na Câmara dos Deputados. Mesmo que este cenário seja favorável ao presidente Jair Bolsonaro, isso não significa que aconteça uma vitória nas urnas no próximo dia 30 de outubro. Apesar do mercado já conhecer e ter familiaridade com a política econômica do ministro Paulo Guedes, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva ainda tem chances de ser o novo presidente do Brasil. Como havia informado na coluna anterior, a grande questão é que mesmo com a vitória do Lula o mercado ainda não tem certeza de qual será a política econômica adotada, visto que ainda não foram divulgados possíveis nomes para serem os ministros. As dificuldades para Lula estão no Sudeste, é nessa região que Bolsonaro ganhou palanques importantes para aumentar sua votação no dia 30. Ainda mais com a liderança de Tarcísio de Freitas em São Paulo (SP), a reeleição de Romeu Zema em Minas Gerais (MG) e Cláudio Castro no Rio de Janeiro (RJ). Os institutos de pesquisas apontavam em torno de dez pontos de diferença para Lula nos três maiores colégios eleitorais do País, mas quem abriu essa vantagem foi Bolsonaro, com 51% a 40%, no Rio, e 47% a 40%, em São Paulo, e Lula ganhando em MG, mas com diferença de cinco pontos, por 48% a 43%, a metade do previsto. Faltando poucos dias para as eleições, o presidente Bolsonaro anunciou durante sua participação em um podcast que irá avaliar aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Se eu for reeleito e o Supremo baixar um pouco a temperatura… Já temos duas pessoas garantidas lá, tem mais gente que é simpática a gente”, afirmou Bolsonaro. Essas declarações podem ocasionar um risco constitucional, que não é muito favorável para o mercado do ponto de vista do investidor estrangeiro. Com o cenário da eleição presidencial ainda polarizado, o tom do presidente Bolsonaro, neste momento, deve vir mais agressivo para cima do PT, com destaque para o discurso do combate à corrupção.

Combate à inflação nos Estados Unidos

A semana passada foi marcada por uma narrativa mais forte de desaceleração econômica e de bancos centrais, potencialmente ficando mais próximo da conduta econômica dovish (quando mantém mais forte a economia do país). No início da semana foram divulgadas uma série de dados de atividade econômica nos Estados Unidos (EUA). Entre elas, a taxa de desemprego que caiu de 3,7% em agosto para 3,5% em setembro. Na última sexta-feira foi divulgado o payroll que apontou que os EUA criaram 263 mil postos de trabalho em setembro, com uma desaceleração em relação a agosto, quando foi de 315 mil. O número de pessoas desocupadas chegou a 5,8 milhões em setembro, no mês anterior o dado era de 6 milhões. O payroll veio dentro das expectativas de mercado, mas vem para reafirmar a força do mercado de trabalho americano, o que vai moldando a expectativa de taxa de juros final. Seguimos vendo um nível de contratação muito firme, o que que foi corroborado por mensagem mais hawkish (uma política mais austera) do FED, o Banco Central dos EUA, durante a semana. Por lá,  continua bem firme a mensagem de prioridade número um com o controle da inflação. O presidente do FED, Charles Evans, lembrou que o índice de gastos com consumo aumentou desde o ano passado e isso irá gerar um crescimento abaixo da tendência e algum abrandamento das condições do mercado de trabalho. “Para garantir uma inflação baixa e estável é um pré-requisito para alcançar resultados sólidos e sustentados no mercado de trabalho que tragam benefícios a todos em nossa sociedade”, alertou. Os preços do petróleo subiram 16% e a gasolina 11%, enquanto a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e seus aliados concordaram em cortar 2 milhões de barris por dia a partir de novembro. Esse é considerado o maior corte desde abril de 2020, quando a pandemia da Covid-19 começou. É um cenário bem delicado para o contexto global, principalmente, na Europa que enfrenta um momento intenso da guerra com a Rússia atingindo a Ucrânia com mísseis de longo alcance (ainda não vistos até agora). A China está próxima de acabar com a política de ‘covid zero’, o que vai destravar a volta da demanda por óleo, o que traz um cenário possível do petróleo voltar a subir acima de 100, no próximo mês, o que complicaria o cenário global. Confira os destaques da semana:  (Quarta-feira)  -Índice de Preços ao Produtor (PPI) m/m com 0,2% previsto de -0,1% anterior; (Quinta-feira)  -Índices de Preços ao Consumidor (CPI) m/m 0,2% previsto de 0,1% anterior; -CPI a/a 8,1% previsto de 8,3% anterior com Core CPI m/m 0,4% previsto de 0,6% anterior; (Sexta-feira)  -Vendas no varejo m/m com 0,2% previstos de 0,3% anterior.