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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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Flexibilização da política de covid zero na China pode beneficiar a economia brasileira

Após alguns meses de confinamento da população em diversas cidades da China, o governo começou a flexibilizar a política de tolerância zero contra a Covid-19. Foram observadas novas aberturas ligadas as viagens internacionais para quem chega de outro país, com sinalização de mudança a partir de oito de janeiro. As pessoas não vão precisar mais ficar em quarentena e a medida reabrirá o país para quem tem visto ou busca visitar familiares. Os estabelecimentos reabriram e as pessoas voltaram a circular pelas ruas, o que impacta diretamente o funcionamento da economia local. É importante destacar que a política de ‘covid zero’ adotada pela China impacta a economia do mundo todo, inclusive a do Brasil e do Espírito Santo.

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China registra alta nos casos de Covid-19

As medidas adotadas pela China têm impacto em vários países porque trata-se da segunda maior economia do mundo e um dos principais compradores de commodities. Desde os primeiros sinais de liberação de circulação de pessoas, aumentaram as expectativas de que a economia chinesa vai voltar a crescer de forma mais robusta. No entanto, alguns pontos precisam ser observados. Tratando de mobilidade, observa-se um impacto na direção de redução muito forte, pelo número de aumento de casos, o comportamento das pessoas pegarem a doença e com sinalizações de que os números de casos são maiores do que os divulgados oficialmente. A China tem enfrentado um novo surto de Covid-19 desde o início do mês e as autoridades anunciaram que não irão divulgar mais os números diários da doença. O crescimento do PIB chinês é projetado em 3,2% para 2022, subindo para 4,4% em 2023 e 2024, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). Uma aceleração da economia estimula atividades em outros países, inclusive aqueles que são parceiros comerciais da China. O Brasil e a China são parceiros comerciais principalmente em commodities. A pergunta que fica é a seguinte: por quanto tempo vai durar a suspensão da política de covid zero? Para responder essa questão é importante acompanhar o cenário internacional pelos próximos meses. Vale pontuar que o mercado imobiliário chinês começa a dar sinais de recuperação e a vacinação está avançando, o que significa que a economia chinesa pode crescer mais do que o esperado. Neste momento, o cenário internacional vai ser a base das coisas que vão acontecer no Brasil. Por ser exportador de commodities, o Brasil está especialmente ligado à China e aos Estados Unidos, os principais compradores. Desta forma, independente da estratégia econômica adotada pelo presidente eleito Lula, a economia destes países influencia de forma significativa o cenário brasileiro. Mesmo com o mercado precificando uma possível recessão nos Estados Unidos em 2023, não existem dados suficientes que comprovem tal informação. A inflação do país norte-americano está diminuindo aos poucos. Em novembro, chegou a 7,1% e registrou queda de 0,6 pontos percentuais em relação ao mês anterior, quando estava em 7,7% no acumulado de 12 meses. Porém, esses patamares ainda são superiores à meta de 2% para a inflação anual do país. O que provavelmente pode fazer com que a inflação diminua consideravelmente para 2% é o setor de serviços, que é responsável pela maior parte dos empregos e pela atividade econômica dos EUA. É importante frisar que este setor do país está apresentando sinais negativos e crescimento em ritmo lento. Estima-se que o PIB do país aumente 1,1% em 2023. Simone Tebet será ministra de Planejamento e novos nomes devem ser anunciados nesta semana O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar, nesta quarta-feira (28), os nomes que ainda faltam para compor o ministério. O destino da senadora Simone Tebet (MDB-MS) foi selado na tarde desta terça-feira. Ela será a nova ministra do Planejamento. Enquanto Marina Silva vai para o Meio Ambiente, pasta em que Lula queria Tebet. Para o planejamento, o desejo de Fernando Haddad era André Lara Resende, que já recusou o posto - uma vez que o mercado não estava absorvendo muito bem os nomes já anunciados para compor o novo governo. Nos próximos dias, Lula vai dar sequência às reuniões com lideranças partidárias para concluir o anúncio dos ministérios pendentes. Vale destacar que o mercado estava com a expectativa que o presidente eleito iria montar um quadro técnico para fazer parte do time de alto escalão, trazendo um equilíbrio maior. O número de ministérios praticamente dobrou, mas a maioria dos cargos são de perfis mais políticos. Após a definição do ministro da Economia, o segundo nome mais esperado da equipe econômica era de quem ficaria no comando da Secretaria Política Econômica (SPE). O escolhido foi Guilherme Mello, economista sem experiência prática, apenas acadêmico. Até o momento, não vemos nos quadros ninguém com credenciais mais ortodoxas que trazem credibilidade de política econômica responsável, mas de qualquer forma é importante acompanhar as sinalizações e comunicações do Haddad nos próximos dias para entender melhor como serão os próximos quatro anos de governo.

Relação comercial entre Espírito Santo, China e Estados Unidos

O Espírito Santo tem uma relação comercial muito forte com a China e os Estados Unidos. De acordo com dados compilados pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), as exportações capixabas totalizaram US$ 716,79 milhões, em novembro de 2022, alta de +12,59% frente ao mês anterior. Entre os principais produtos exportados pelo Espírito Santo, na variação entre outubro e novembro deste ano, se destacam: minérios de ferro e seus concentrados, produtos laminados de ferro ou aço não ligado, óleos brutos de petróleo, refinados de petróleo  e rochas ornamentais trabalhadas. Os Estados Unidos permaneceram no topo do ranking dos destinos das exportações capixabas, com 20,98% do valor total, seguido da Malásia, Argentina, Bélgica e China, com 6,18% do valor total, totalizando US$ 44,30. Nas importações capixabas, a China manteve-se no topo do ranking em novembro de 2022, com 26,89% de participação, seguida pela Austrália, com 12,08%, da Argentina, com 11,90% e dos Estados Unidos, com 10,68%. Os principais grupos importados com origem na China foram equipamentos de comunicação/máquinas e aparelhos elétricos (32,94%), máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e partes (28,96%), veículos, partes e acessórios (9,89%) e filamentos sintéticos ou artificiais (3,23%).