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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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Após ata do Copom, projeções de inflação sobem e IPCA de abril fica mais alto que o esperado

Na semana passada o Banco Central publicou a ata da reunião do Copom, na qual a Selic foi mantida em 13,75% ao ano, apesar da pressão do governo para baixar a taxa de juros. Além disso, na sexta, saíram os dados de inflação de abril. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), subiu 0,61% e veio acima da mediana projetada pelo mercado, de 0,55%. Com isso, o mercado revisou as suas projeções para a inflação e as projeções de inflação do Relatório Focus desta semana passaram de 6,02% para 6,03%.

Entenda os principais pontos

Na divulgação da ata do Copom, a principal novidade foi a discussão do juro neutro. Sendo mais enfático, existe uma discussão dentro do comitê em que alguns membros acham que o juro neutro pode ter se elevado, embora a maioria ache que é prematura essa discussão. Essa é a razão pela qual eles continuam trabalhando sem a alteração do juro neutro, mas obviamente isso está ligado a um aumento da política parafiscal do governo atual. No comunicado está claro, mas de grosso modo a mensagem segue sendo a mesma. Na leitura formal do Copom para inflação o processo de desinflação dos núcleos está mais lenta, o número do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado na última semana vai nessa linha. Também corrobora para esta percepção os números qualitativamente um pouco piores dos núcleos, demonstrando estarem mais pressionados. Ainda que isso não mude as perspectivas de médio prazo, e mesmo que o número cheio no curto prazo tenha sido revisado para baixo, puxado pela parte de bens e alimentos, isso requer por parte do Banco Central maior serenidade - que ainda colocam no aguardo o arcabouço fiscal no Congresso para redução das expectativas da inflação futura. O Arcabouço fiscal, que estava para ser definido no início da última semana, acabou ficando para o início desta semana. A palavra “arcabouço” ainda causa suspense. O dólar hoje opera em baixa ante o real com um apetite moderado por ativos de risco no exterior. Os mercados locais estão na expectativa pela apresentação do relatório do arcabouço fiscal aos líderes na Câmara e provável anúncio de corte de preços de combustíveis pela Petrobras. A expectativa é que seja votado um texto ainda melhor do que estava sendo apresentado, apertando vários pontos, inclusive com a colocação do termo de responsabilidade fiscal em lei para o governo que não continha, sendo que a postergação é meramente questão política por conta de viagens dos principais atores, como Lira, Haddad, entre outros. O Ministério da Fazenda estima aumentar a arrecadação em cerca de R$ 20 bilhões ao ano, a partir de 2024, com uma medida provisória aprovada pelo Senado. Já validado pela Câmara, o texto vai para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A MP, editada ainda durante o governo Jair Bolsonaro, trata das regras de cobrança de impostos de empresas que fazem transferências de mercadorias e serviços para companhias do mesmo grupo no exterior. A regra vai atingir principalmente multinacionais e foi editada como parte do alinhamento à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

BoE decide elevar a taxa de juros em 25 pontos-base

No cenário internacional o foco foi a divulgação dos números de inflação para o mês de abril. Foram divulgados diversos dados, mas o mais importante deles foi o CPI, Inflação ao Consumidor dos EUA, que em linhas gerais veio com uma composição próxima ao esperado. Houve uma aceleração no mês de abril, a princípio temporária, puxada principalmente por automóveis (carros usados), mas quando o olhar recai para os preços de atacado, ainda que tenha um lagging e que na próxima ainda suba para frente, teremos uma reversão desse componente. Além da devolução de alguns componentes importantes, como passagem aéreas, hotéis e como consequência, o supercore, que o FED mais gosta de ver, que é o core excluindo bens com a exclusão também da parte de aluguel teve novamente leitura mais tranquila. Nos Estados Unidos pode-se afirmar dois meses de números de inflação pouco animadores. Os números ainda estão rodando em patamares elevados, mas começam a dar sinais mais positivos pensando à frente. Apesar disso, os dados de confiança do consumidor negativos foram puxados, principalmente, em uma queda do cenário futuro, com os consumidores mais pessimistas a frente, com o mais provável fator, sendo a falta de resolução da questão da elevação do teto de endividamento nos EUA. Somada a essa piora das perspectivas de atividade, a perspectiva de inflação longa também se deterioram quando olha-se o horizonte de 5-10 anos a frente. A questão do teto de endividamento dos EUA segue sem resolução, com as expectativas do próprio Tesouro americano sendo atingido no início de junho. Ainda é possível ver os dois lados distantes em termos de resolução no conflito. Apesar disso, na última semana foram vistos até progressos com os dois lados se encontrando, os líderes dos republicanos e democratas, mas uma nova reunião vai ocorrer após adiamento que veio até por um bom motivo como a participação do baixo clero, antes das negociações com os líderes da  Câmara, o Congresso e o próprio Biden. O Comitê de Política Monetária (MPC, na sigla em inglês) do Banco da Inglaterra (BoE) decidiu elevar sua taxa bancária em 25 pontos-base, para 4,50%, dentro das previsões do mercado. Foi a 12ª alta consecutiva e representa o mais alto custo de empréstimos no país desde outubro de 2008. Mais uma vez, a decisão não foi unânime, pois dois membros do colegiado votaram por manter a taxa em 4,25%.