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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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Mercado financeiro acompanha reforma tributária no Brasil e ata do FED no exterior

A bolsa de valores de São Paulo, B3, iniciou o dia em queda devido a um ambiente global de maior aversão ao risco. Os investidores estão aguardando a divulgação da ata do Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos. No cenário interno, a reforma tributária continua sendo o tema central, com o governo e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, buscando votá-la ainda nesta semana. O retorno do feriado nos Estados Unidos traz atenção para a divulgação da ata do FED. Na última reunião, o banco central manteve as taxas de juros entre 5% e 5,25% ao ano, mas indicou a possibilidade de aumentos nos próximos meses caso a inflação persista.

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CMN decide manter a meta de 3% para inflação a partir de 2026

No Brasil, o cenário econômico tomou um rumo diferente do observado no exterior, com a queda da Bolsa de Valores e o fechamento dos juros em forte baixa, variando entre 20 e 30 pontos-base, dependendo do prazo. Embora a inflação tenha apresentado resultados melhores, com destaque para a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de manter a meta, evitando possíveis problemas decorrentes dessa decisão. No que diz respeito à inflação, os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) 15, referentes ao meio de junho, apresentaram um leve aumento, contrariando as expectativas de um resultado negativo. Ao analisar os detalhes, observamos que os gastos com aluguéis e condomínios exerceram uma pressão significativa. No entanto, os pontos principais revelam que podemos esperar uma variação próxima de 0,20% a -0,20% para o mês de junho, com julho indicando uma queda entre -0,10% e -0,20%. Essa sequência de dois meses com variações negativas é favorável ao Banco Central, pois contribui para o gerenciamento das expectativas. O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou a decisão de manter a meta de inflação em 3% a partir do ano de 2026, ratificando também os anos de 2024 e 2025. Houve uma alteração no calendário, adotando um sistema anual móvel, cujo impacto futuro ainda é incerto. No entanto, essa decisão é vista positivamente, pois dissipou receios de mudanças no patamar da meta ou na faixa de oscilação. Além disso, reflete o sucesso do Relatório de Consolidação Nacional (RCN) ao convencer importantes autoridades, como Fernando Haddad e Simone Tebet, sobre a importância de manter uma inflação baixa e previsível, bem como a relevância das expectativas. O apoio do presidente Lula à posição defendida por Haddad foi especialmente crucial. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) revelou a existência de dois grupos com opiniões divergentes. Enquanto um defendia a possibilidade de sinalizar um corte de juros já na reunião anterior, outro grupo preferia aguardar mais dados e observar o efeito da manutenção da meta nas expectativas de inflação a longo prazo antes de tomar uma decisão. A explicação que gerou desconforto no comunicado anterior foi esclarecida na ata, que agora considera o início do corte para agosto. A grande questão agora é se o corte será de 0,25% ou 0,50%, com o Banco Central deixando claro que o início será feito de maneira cautelosa, evitando ações precipitadas. Agenda: Semana de debates no Congresso sobre o Arcabouço Fiscal, medidas arrecadatórias no CARF e a discussão da Reforma Tributária.

Bancos centrais adotam uma postura cautelosa em relação à inflação

Apesar dos dados econômicos divulgados, a semana transcorreu de forma tranquila nos mercados internacionais. O destaque foi o PCE (Índice de Preços ao Consumidor), considerado o indicador de inflação mais relevante pelo Federal Reserve (FED). Os números foram moderados, especialmente o núcleo do núcleo, que exclui os dados de habitação e apresentou uma desaceleração em relação ao mês anterior. Na Zona do Euro, a inflação continuou elevada, porém sem surpresas altistas, mantendo-se próxima das expectativas. Esse resultado foi ajudado pelo efeito de base do ano anterior, principalmente nos setores de energia e alimentação, que foram impactados pela guerra. Agora, esse efeito está se dissipando e, pelo menos o indicador geral, está apresentando resultados positivos, embora isso não se verifique no núcleo. Os bancos centrais têm tentado adotar uma postura hawkish, mostrando que não estão cantando vitória em relação ao alcance das metas de inflação. Tanto o Federal Reserve (FED) quanto o Banco Central Europeu (ECB) têm enfatizado a importância dos dados derivados, soft dates ou leading indicators, que indicam que a inflação está seguindo a tendência correta. No entanto, durante seu discurso, Powell, do FED, mencionou que não descarta a possibilidade de aumentar os juros por duas reuniões consecutivas. Apesar da impressão deixada pela última decisão de pausar o processo de elevação dos juros, ele enfatizou que todas as reuniões são potenciais para mudanças na taxa de juros. Por parte do ECB, foi afirmado que não é possível afirmar que a próxima reunião já terminou e que os juros podem ser elevados em setembro ou mesmo depois. Um episódio interessante do podcast Odd Lots contou com a participação do CIO da Bridgewater, o maior fundo de hedge do mundo. Grande parte da conversa girou em torno dos mercados e, após o início agitado do ano para as ações, o convidado não está otimista. Para ele, o mercado ainda subestima o trabalho que o Fed ainda precisa fazer para trazer a inflação de volta à meta. Enquanto isso, argumenta-se que o crescimento nominal está desacelerando, o que pode ser uma combinação desfavorável para as ações. Observou-se uma divergência entre as taxas de juros e o desempenho da bolsa de valores, com os juros norte-americanos apresentando uma forte alta na semana, de 10 a 15 pontos-base, enquanto o mercado de ações dos EUA continuou apresentando um bom desempenho, perdendo a correlação observada no ano passado com os juros e gerando preocupações quanto à inflação. Agenda: Destaques para o Payroll na sexta-feira, ISM PMI e PMI da China.