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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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Ibovespa fecha em queda após ata do Copom e com exterior negativo

O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, encerrou o dia em leve declínio nesta terça-feira (8). Investidores se mantiveram atentos à divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) durante a manhã, que gerou repercussões no mercado. Um ponto central foi a previsão de futuros cortes na taxa básica de juros, a Selic, nos próximos meses. No entanto, o comitê deixou claro que esses cortes deverão ser de 0,50 ponto, descartando possibilidades de reduções mais acentuadas. O Ibovespa apresentou uma queda de 0,24% ao longo do dia, fechando aos 119.090 pontos.

Entenda os principais pontos

O cenário internacional também teve impacto sobre as negociações no mercado brasileiro. A aversão ao risco foi mais vista na China, Europa e Estados Unidos, gerando um ambiente desafiador para os mercados globais. A moeda brasileira, o real, seguiu a tendência de desvalorização ao longo da semana. Esse movimento foi influenciado não apenas por fatores externos, mas também pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil. O Copom reduziu a taxa básica de juros, a Selic, em 50 pontos-base, para 13,25%. Essa medida demonstrou um posicionamento diferente do que o esperado pelo consenso do mercado, que antecipava um corte de magnitude menor. O corte na Selic ressalta a postura do Copom em busca do estímulo econômico em um cenário de incertezas. Apesar de não ter unanimidade entre os membros do comitê em relação à magnitude do corte, o comunicado oficial destacou a revisão dos riscos pela instituição e sinalizou a possibilidade de novos cortes no futuro. Esse cenário, contudo, pode exercer uma influência contracionista sobre a atividade econômica e a inflação, até que a convergência seja alcançada. Previsões apontam para um aumento na velocidade dos cortes no quarto trimestre, atingindo 75 pontos-base, sob algumas condições específicas. Entre elas: manutenção de uma atividade econômica estagnada, migração do saldo do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) para próximo de zero, avanço da Reforma Tributária no Senado, maior clareza quanto ao término das altas de juros nos Estados Unidos e um déficit fiscal secundário em 2024. O cenário internacional também exerceu influência sobre as decisões econômicas. Tanto o Brasil, que já está em um estágio avançado na trajetória de queda de juros, quanto os Estados Unidos, precisam estar atentos a fatores que podem impactar a economia. A retomada dos preços do petróleo e de commodities metálicas, o risco de inflação global causado pelo fenômeno El Niño, e as consequências do término do acordo de transporte de grãos entre Rússia e Ucrânia são aspectos a serem monitorados. A intensidade e persistência desses fatores podem levar a uma manutenção prolongada das medidas de restrição monetária, aumentando o risco de uma recessão global. A semana reserva importantes eventos econômicos. Na terça-feira, será divulgada a Ata do Copom, que trará mais insights sobre as deliberações do comitê. Na quarta-feira, serão apresentados os dados de Vendas no Varejo, proporcionando uma visão sobre o comportamento do consumo. Na sexta-feira, as atenções estarão voltadas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador que mede a inflação oficial do país e influencia as expectativas econômicas.

Cenário internacional

No cenário internacional, o dólar encerrou a semana fortalecido em meio à aversão global ao risco. Destaca-se o rebaixamento do rating dos Estados Unidos pela agência Fitch, de AAA para AA+, devido à previsão de piora fiscal. Essa redução reflete a crescente dívida do governo e preocupações com a governança. A divulgação dos dados de Payroll de julho gerou um impacto ao reverter parte da aversão ao risco. A taxa de desemprego caiu para 3,5%, enquanto o Índice de Custo de Emprego (ECI) mostrou uma perspectiva de salários mais moderados. As taxas dos títulos do Tesouro dos EUA estão em foco, com previsões de aumento, sustentadas pela desaceleração da inflação e pela não deterioração do mercado de trabalho. No Reino Unido, as taxas elevadas refletem a inflação persistente. Na zona do euro, a incerteza na atividade e uma política monetária mais rígida podem resultar em taxas mais altas. A diretora do Fed, Michelle Bowman, aponta para altas adicionais nos juros dos EUA, buscando trazer a inflação para a meta de 2% a médio prazo. "Estarei procurando evidências consistentes de que a inflação está em um caminho significativo em direção a nossa meta de 2%", afirmou, em discurso preparado para evento no Kansas. A agenda internacional traz destaques como a divulgação de CPI e PPI na China na terça à noite, CPI nos EUA na quinta-feira e PPI juntamente com a Confiança do Consumidor nos EUA na sexta-feira.