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MERCADO DIÁRIO

por Tiago Pessotti

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PIB varia 0,1% no 3º trimestre de 2023


A divulgação do PIB do terceiro trimestre surpreendeu a todos, superando as expectativas de uma queda e apresentando um número positivo de 0,1% em relação ao trimestre anterior. Isso sugere a possibilidade de um crescimento anual próximo a 3%, contribuindo para conter revisões baixistas nas projeções do PIB para 2024. Ao analisar detalhes, chamou a atenção a queda significativa de -6% na Formação Bruta de Capital Fixo (Investimento) pelo segundo trimestre consecutivo, o que pode indicar um risco de queda no PIB potencial no futuro, possivelmente relacionado à incerteza em torno da reforma tributária.

Governo corre contra o tempo para acelerar pautas

Isso pode estar congelando projetos até a definição das alíquotas. O consumo das famílias e os gastos do governo foram positivos, assim como a parte de serviços na oferta econômica. É necessário continuar acompanhando especialmente a dinâmica do investimento. O número do PIB apresenta alguns condicionantes mais negativos e riscos que demandam atenção, mas não indica quedas marginais na atividade econômica do país. O quarto trimestre atual apresenta melhorias, com indicadores antecedentes ainda respaldando o número divulgado. Isso sugere que, em termos de crescimento econômico, o país ainda não demonstra perspectivas de entrar em um ritmo de queda na economia. O IPCA será divulgado na terça-feira, provavelmente indicando melhorias nos núcleos, alinhadas com as metas de inflação. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) gera dúvidas sobre a manutenção do plural de cortes, com a possibilidade de dois cortes de 0,5% ou a indicação de apenas mais um corte. A expectativa mais provável é a manutenção da previsão de dois cortes, considerando a significativa melhoria no índice de inflação desde o último Copom. Naquela ocasião, o mercado estava em pânico, com juros futuros dos Estados Unidos (EUA) próximos de 5% e preços mais altos de energia (petróleo). Desde então, houve uma melhoria significativa, com queda de 20% no preço do petróleo e redução de 80 pontos base nas taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos. Nesta semana, fica a expectativa de ter a votação da MP 1185 que inclui a JCP, que é uma MP relevante em termos de receita, e a falta de coordenação do governo leva a concessões para acelerar a votação e a arrecadação. No entanto, é crucial ter um texto oficial para permitir avaliação pelos deputados, possibilitando que interesses organizados decidam apoiar ou não as medidas. Sem o texto, a aprovação não pode ser assumida. Detalhes precisam se alinhar com avanços políticos, por exemplo, as disposições sobre JCP devem ter mudanças mínimas, o desconto nas dívidas implícitas deve ficar em cerca de 80%, e definições claras sobre investimento serão adotadas na legislação. Além disso, o encontro do PT no final de semana gerou divergências entre a direção do partido e o Ministério da Fazenda, destacando um conflito antigo. O partido vê o déficit orçamentário em 2024 como um instrumento de campanha, enquanto considera o ministro da Fazenda um obstáculo para os seus planos. As circunstâncias mudaram, com dúvidas sobre o impacto eleitoral do gasto público, especialmente no âmbito municipal. A inflação elevada influencia o clima político, e o financiamento das campanhas define os eleitos, beneficiando o Centrão, que tem avançado devido à sua influência sobre o fundo eleitoral.

Taxa de desemprego interrompe trajetória de alta e cai para 3,7%

O JOLTS de novembro, que avalia as vagas em aberto nos EUA, ficou abaixo do esperado, indicando uma desaceleração na queda dessas vagas. Isso impacta a relação entre o número de pessoas desempregadas e as vagas disponíveis, sinalizando um mercado de trabalho mais apertado. No entanto, o dado mais significativo foi o Payroll, que apresentou uma taxa de desemprego de 3,7%, surpreendendo positivamente em relação à expectativa de 3,9%. A pesquisa de percepção de consumo das famílias reverteu a tendência de enfraquecimento do mês anterior, afastando, a curto prazo, preocupações recessivas mais intensas. Por outro lado, indicadores dentro dos dados de desemprego apontam para uma desaceleração contínua, com ritmo de contratação diminuindo, criação de vagas concentrada em setores específicos e recuo nos índices de difusão e empregados temporários; Quando olhamos com atenção para todos os dados que saíram, não se alterou o cenário de desaceleração econômica e do mercado do trabalho, mas o que podemos começar a inferir é que esse movimento está ocorrendo num ritmo gradual, aos poucos, e não em uma velocidade acelerada como a alta anterior da taxa de desemprego poderia sugerir. Após atingirem a mínima de 4,10% ao ano, os juros futuros americanos de dez anos tiveram uma correção, fechando em 4,23% ao ano na semana. A parte curta (vencimento de dois anos) teve um acréscimo de 0,2%. O mercado, que anteriormente precificava quase 100% de chance do Fed iniciar o ciclo de cortes dos juros em março, agora está voltando sua expectativa para maio de 2024. Isso ocorre devido à importância dos dados do Payroll, com o mercado antecipando uma taxa de desemprego próxima a 4%, impactando a luta do Fed para convergir o núcleo da inflação para a meta. Apesar dos números divulgados, o quadro geral permanece inalterado, com a inflação desacelerando e o mercado de trabalho seguindo uma desaceleração mais lenta do que o esperado. Na semana, o dólar se fortaleceu em relação a várias moedas, incluindo o Euro, o Rand sul-africano, o peso chileno e o real brasileiro. Destaque para as commodities, com o ouro registrando uma queda significativa de 3,50% e o petróleo caindo 4%, ficando abaixo de 70 dólares durante a semana. Essa queda reflete preocupações com a demanda global mais fraca e o aumento da produção por membros fora da OPEP, mesmo com os cortes de produção da Arábia Saudita e outros membros do cartel, que não foram suficientes para sustentar os preços. Esta semana, dois eventos macroeconômicos importantes: a CPI amanhã, prevendo estabilidade mensal e aumento de 0,3% na taxa principal, e a decisão do Fed na quarta-feira, esperando-se uma pausa. O relatório de empregos da última sexta-feira indicou uma taxa de desemprego de 3,7%, sugerindo um mercado de trabalho globalmente saudável. Notavelmente, os salários reais estão em alta devido ao crescimento contínuo dos ganhos médios por hora e à queda nos preços do gás, proporcionando alívio econômico após um período desafiador em 2021 e 2022. O Fed está focado na inflação principal, mas a combinação de crescimento salarial e queda nos preços da gasolina é positiva para a economia.