Investidores precisam sair da zona de conforto
O ótimo desempenho do comércio capixaba e brasileiro na Black Friday foi sinal claro da retomada da economia brasileira. Com o volume de vendas das lojas físicas e do e-commerce batendo recordes, lojistas se surpreenderam com o apetite do consumidor. A surpresa foi grande para Mariana Buaiz e Raphael Brotto, executivos do Shopping Vitória: a sexta-feira de Black Friday foi o dia mais movimentado em 26 anos de história do Shopping. Para eles, isso é só o começo– caso o apetite se mantenha, o movimento do Natal será ainda maior.
Quando empresas de Varejo como Casas Bahia e Magazine Luiza amanheceram em alta na bolsa de valores, a mensagem ficou clara: a liquidação da Black Friday foi um sucesso. Os números sustentam o ânimo: apenas no varejo online, as vendas subiram 23,6% em uma base anual. Nas lojas físicas, os resultados também foram animadores.
Satisfeita com o desempenho do comércio físico, Mariana Buaiz, diretora do Shopping Vitória, destaca que a sexta-feira de Black Friday foi o dia com maior movimento nos 26 anos de existência do Shopping Vitória– mesmo quando considerados todos os Natais passados. Em comparação com o período de Black Friday do ano passado, houve um crescimento de 12% no movimento de carros.
Raphael Broto, diretor executivo do Shopping, comenta que foi necessário fazer um teste com horário especial de funcionamento: “abrimos o Shopping mais cedo, às 9h e fechando mais tarde, às 23h. E as lojas estiveram cheias 100% do tempo.”
Apesar desse sucesso instantâneo, a Black Friday começou há muito pouco tempo no Brasil e em Vitória, explica Buaiz. Ela diz que o período de liquidação foi uma maneira de aquecer o comércio e renovar os estoques para o Natal. “A decoração já trazia o clima natalino ainda em Novembro mas as vendas não correspondiam com a mesma intensidade. Agora mudou”, afirma.
Para os executivos, o ano de 2019 foi positivo o varejo em todos os sentidos. Broto relata que após os anos de 2017 e 2018 com movimento mais fraco, os comerciantes chegaram em 2019 com uma certa cautela, mas foram surpreendidos pelo apetite do consumidor.
Para as próximas semanas, Mariana Buaiz e Raphael Broto concordam em um ponto: caso o movimento continue, o Natal deve ser o ápice de um ano de sucesso para o varejo. Para aquecer o movimento, o Shopping Vitória está investindo em promoções com sorteio de carro Audi e cristais Swarovski. O consumidor capixaba ganha de todos os lados.
A maioria dos shoppings centers existentes hoje em dia são empreendimentos de longa data. Sem novos centros de compras surgindo todo ano, a oferta de lojas nesses estabelecimentos é relativamente estável.
Então que tipo de vantagem os shoppings podem oferecer para investidores de ações de gestoras de shoppings como Iguatemi e JHSF e fundos imobiliários de shoppings?
A resposta está na variação dos aluguéis. A prática comum do mercado é que os aluguéis das lojas variam de acordo com o volume de vendas.
Durante o período de crise, o varejo sofreu quedas nas vendas e os lojistas pagaram aluguéis menores aos shoppings. Isso impactou os rendimentos das cotas dos fundos imobiliários e fez ações despencaram.
Agora, com o consumidor com apetite maior para gastar, ativos relacionados a shoppings vêm experimentando forte valorização e devem ser considerados nesse novo ciclo econômico.
Nos EUA, o comércio digital registou um total de US$7,4 bilhões em vendas na Black Friday. Essa valor representa aproximadamente 10 vezes o volume de vendas do e-commerce brasileiro no mesmo período. Essa Black Friday foi considerada o segundo maior dia de vendas na história dos EUA, mas ainda está distante do “Dia dos Solteiros” chinês, que movimentou US$38,4 bilhões em vendas apenas no site Alibaba.
De acordo com levantamento da consultoria Nielsen, as vendas do comércio eletrônico brasileiro na Black Friday totalizaram R$ 3,2 bilhões. O tíquete médio ficou em R$ 602 e foram registrados 5,33 milhões de pedidos, resultado 25% em um faturamento superior ao registrado no mesmo período de 2018. Com juros baixos e maior otimismo na economia, o consumo se intensifica e o brasileiro deposita seu voto de confiança no futuro do país.
Nesta segunda o presidente dos EUA anunciou novas tarifas sobre aço e alumínio do Brasil e Argentina devido à desvalorização do real e do peso. Donald Trump disse em rede social que isso “não é bom para os fazendeiros americanos”. Traduzindo: com as moedas latinas mais desvalorizadas, os produtos brasileiros e argentinos ficam mais baratos para toda a população norte-americana. Isso é bom para o consumidor. No entanto, com as eleições americanas chegando, não vale a pena para Donald desagradar a base eleitoral agrícola e industrial que o elegeu. Perdem os americanos, perdem os brasileiros.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória