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Na última semana, o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), junto ao IBGE, divulgou dados do PIB capixaba relativos ao ano de 2022 e a série histórica desde 2002. Chamou a atenção o fato de o PIB ter apresentado queda de 1,7%, uma vez que em prévia do PIB trimestral estimativas indicavam crescimento de 1,9%. Um balde de água fria para quem vinha de um crescimento altamente significativo no ano anterior de 6%. Mas, em se tratando de PIB do Espírito Santo é preciso ir além das aparências. O que, então, teria acontecido?
Orlando Caliman | Em verdade não há nenhum mistério, e, portanto, nenhuma surpresa nos números e nem nas estimativas trimestrais feitas pelo IJSN. A questão central está na sensibilidade e dependência do PIB aos mercados de commodities tais como minério de ferro, petróleo, aço e celulose. Mas, com maior destaque aquelas da indústria extrativa mineral, que já chegou a representar 26 % do total de riquezas, mais sujeitos a oscilações de preços, quantidade e efeito câmbio.
Vamos aos números. O PIB nominal, ou seja, o PIB sob o efeito da inflação, de 2021 foi de R$186,3 bilhões e o de 2022 de R$ 182,5 bilhões. Temos aí então uma queda nominal de 2%, numa combinação de efeitos preços e quantidades. Ora, então, se ocorreu uma queda de 1,7% em termos reais, o efeito preço foi também negativo, em 0,3%. E a explicação está principalmente nas commodities da indústria extrativa.
A conta é bem mais simples. Basta separarmos do PIB total o PIB gerado pela indústria extrativa. E vamos fazer isso pela ótica do produto e da produção. Enquanto o PIB da indústria extrativa sofreu uma baixa de 37% entre 2021 e 2022, sob o efeito preço e quantidade, o PIB sem a indústria extrativa, em movimento oposto, cresceu 4,4%.
Esses números nos mostram que o PIB sem a indústria extrativa mineral de fato cresceu em termos reais, ou seja, retirando-se o efeito preço, algo entre 3,5% e 4,5%, ou 4,8% se utilizarmos como deflator o deflator médio do PIB total.
Mas, a boa notícia é que, observando-se o PIB para além das aparências, o que conta de fato é o PIB que cresceu próximo a 4%. Este, sim, é o PIB que espelha por exemplo o crescimento do emprego de 1,8% em 2022 em relação a 2021, do varejo de 3,6%, dos serviços de 2,8%. Esses setores representam cerca de 60% do PIB. Conclusão: oscilações no PIB da indústria extrativa, no curto prazo, pouco ou nada afeta a dinâmica geral da economia.
*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência
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