André Esteves fala sobre a política e o dólar em evento em São Paulo
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Neste segundo dia de cobertura do BTG Pactual CEO Conference, destacamos análises no campo político, novamente sob a ótica de quem toma as principais decisões no país. Ontem, ouvimos Rodrigo Maia, João Doria, Wilson Witzel e Eduardo Leite sobre o andamento das principais reformas e medidas que impactam o pagador de impostos.
Maia reforçou sua proximidade com Bolsonaro, em consonância com a fala de André Esteves reportada na coluna de ontem. Dória criticou Bolsonaro. Entenda abaixo.
Com menos brigas em Brasília, Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, aparentou estar bem mais tranquilo neste CEO Conference do que em novembro, quando estava em Vitória por ocasião de um evento. Um bom sinal: tudo parece estar ficando mais “azeitado” na capital do país após uma forte renovação no legislativo e executivo.
Desde o ínicio da nobva legislatura, os parlamentares estão de olho no “dever de casa”, isto é, reformas. Atualmente, porém, ainda estão pendentes algumas importantes tarefas. Maia afirma que o Governo enfim vai encaminhar as PECs da Reforma Administrativa e Reforma Tributária (PEC), e pontua que elas são mais importante do que “vocês estão pensando”, diz ele voltado ao público composto pela elite de investidores e empresários.
“Temos muita chance de avançar na Reforma Tributária, apesar de parte do setor privado não concordar com certos aspectos. Tenho que falar a verdade: as elites não podem ganhar sempre” alfineta Maia no palco principal.
Sobre a Reforma Tributária, Maia afirma que é contra a CPMF e diz que o imposto único nacional, o IVA, não pode ser aprovado sem incluir ISS (imposto municipal) e ICMS (imposto estadual). “Recebi uma empresa grande que disse que sem o ICMS a alíquota aumenta, então tem que incluir”, observa.
Um ponto delicado do governo também foi abordado por Maia: as privatizações. Essa é uma guerra de braço entre a sociedade exaurida de empresas deficitárias e mal geridas e grupos políticos e sociais de interesse. Para a decepção dos primeiros, Maia aponta que “não teremos grandes privatizações. Governo mudou o discurso”
Apesar de incompreensível para os eleitores liberais na economia, Maia observa que “quando estamos na oposição, nos posicionamos a favor de privatizar a Caixa, o Banco do Brasil e a Petrobras. Mas quando sentamos na cadeira o discurso muda. Quando eu falo de privatizar os Correios meu WhatsApp é atacado. O presidente não gosta. De outro lado, acho importante pelo menos a gente quebrar o monopólio.” (Logicamente, essa medida desvalorizaria as empresas e elas seriam vendidas por um valor bem menor em relação ao atual. Por que não vender as estatais logo por um preço caro, Maia?)
O presidente da Câmara também avalia que a renovação do Congresso dificultou a estabilidade para avançar mais rapidamente com essas pautas. “No governo Temer eu tinha o governo com uma base no Congresso. A diferença com Bolsonaro é que o Governo não tem nenhuma base mínima: toda votação eu preciso organizar com os líderes toda a maioria pois não tenho garantia de votos.”
Em reforço à “hipótese” de André Esteves de ontem, Maia confirmou que a relação com o presidente está melhor do que os headlines dos jornais sugerem. Contudo, ele ressalta que ” parte dos ministros fala muitas besteiras nas redes sociais. “Minha impressão é que tem grupos dentro do governo que ainda acham que ficar nessa polarização ideológica é o que mantém a força política deles”, detalha.
O bom relacionamento Maia-Bolsonaro é muito positivo já que ele se posiciona como o interlocutor entre Bolsonaro e o poder legislativo. De outro lado, Maia reprova a contundência do diálogo entre Planalto e governadores: “é muito conflituoso.”
Ao fim, Maia arrancou risadas de Esteves. Perguntado se “está mais difícil [aprovar projetos sem base do governo” ele diz que sim “mas eu gosto”. O questionador retruca: se “seria mais fácil se te ajudassem?”. Maia responde “sim mas aí eu teria menos poder [risos]”.
O ex-juiz federal e governador Wilson Witzel subiu ao palco do CEO Conference ao lado do “primo rico”, João Dória, governador de SP, e “primo endividado”, Eduardo Leite, governador do RS. (Não necessariamente rico, certamente endividado e sem saneamento, qual primo seria Witzel, do RJ?)
Logo no começo, Witzel tentou acalmar o as incertezas com a crise de saneamento e receita do seu estado com algumas propostas ousadas: pretende fazer leilões de saneamento e estações de tratamento de água, inclusive colocando 60% do capital da Cedae (a Cesan carioca) na bolsa. O objetivo é atrair R$32 bilhões em investimento para esse setor que é precário em toda nação, em especial no RJ.
Além disso, Witzel aposta forte no turismo para gerar mais receita para o governo “é o nosso novo petróleo”. Ele projeta que em 5 anos o RJ poderá contribuir fortemente para dobrar o número de turistas que o Brasil recebe todo ano.
Já o primo rico teve uma abordagem mais comercial de seu estado. Com dois vídeos em inglês, mirando investidores e turistas do exterior, Dória conciliou um pautas voltadas ao mercado (com foco nas privatizações) com pautas ambientais e destacou os números positivos de seu primeiro ano de gestão: “foram vários investimentos multimlionários do exterior, nosso PIB cresceu o dobro do Brasil e geramos metade dos novos empregos do país.”
Dória não desperdiçou a oportunidade de criticar o núcleo duro de Bolsonaro: alfinetou Guedes, caracterizando a postura do ministro no Fórum Econômico de Davos como vergonhosa. “Não seremos uma nação respeitada mundialmente se não defendermos pautas como a ambiental. Percebemos isso em Davos, na situação constrangedora de Guedes ao defender o indefensável na questão ambiental?”
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No CEO Conference, Mansueto Almeida disparou: “Eu acho que o caos dos estados de maior desequilíbrio fiscal já passou. O pior já passou. Alguns estados aprovaram suas próprias reformas da Previdência, mas em alguns casos como em São Paulo a justiça, via liminar, barrou”.
Liberdade, liberdade. A equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, está a passos de finalizar a segunda medida provisória da liberdade econômica. O objetivo agora é reduzir a burocracia para o setor da construção civil.
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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória