Um dos principais conceitos econômicos que precisamos entender para sermos bem sucedidos nos investimentos (financeiros ou em nossas empresas/empreendimentos) é o dos Ciclos Econômicos. Como você já deve saber, a economia se comporta em ciclos de crescimento e recessão que afetam de forma direta os diversos tipos de mercado e, consequentemente, seus investimentos. Nesse artigo convidado, Bernardo Fusato, especialista em investimentos da Apx Investimentos/ BTG Pactual explicou como utilizar os ciclos econômicos a seu favor na hora de investir.
O mercado de crédito, de ações, imobiliário, de títulos públicos, de venture capital, moedas, juros, todos esses são influenciados pelo comportamento da economia.
Por exemplo, quando nos encontramos no período de expansão do ciclo, normalmente vemos o crescimento dos lucros das empresas e consequentemente uma valorização de suas ações. Em contrapartida, quando ocorre uma recessão, as empresas diminuem seus lucros e perdem valor, e a melhor coisa a se fazer é reduzir sua exposição em bolsa.
Mas como saber em que fase do ciclo estamos?
Abaixo detalho alguns indicadores que são utilizados para identificar em que estágio do ciclo estamos.
Fundo (Trough)
– O PIB para de cair e começa a subir
– Alto índice de desemprego, aumento do uso de hora extra e trabalho temporário
– Aumento do consumo de bens duráveis e compra de imóveis pode aumentar
– Inflação moderada ou decrescente
Expansão (Expansion)
– O PIB começa a crescer de forma mais acelerada
– Índice de desemprego diminui na medida que as contratações aceleram
– Investimento em bens de capital (indústria, maquinário) e construção aumentam
– Inflação pode crescer
– Importações aumentam na medida que a renda doméstica acelera
Pico (Peak)
– O PIB, ainda em crescimento, reduz a velocidade que se expande
– O desemprego diminui, entretanto, as contratações começam a desacelerar
– O consumo e investimento ainda crescem, porém, em menor grau
– Inflação cresce
Recessão (Recession)
– O PIB começa a cair
– As horas trabalhadas diminuem e o desemprego aumenta
– Consumo, investimento e construção civil diminuem
– Inflação diminui, com atraso
– Importações diminuem na medida
Com esses dados, já podemos ter uma ideia de como identificar a fase do ciclo econômico em que estamos. Obviamente, a análise acima é simplificada e outros indicadores mais profundos devem ser analisados, mas o raciocínio é exatamente este.
Por fim, vale ressaltar que a ciclicidade na economia é algo inevitável. E ignorar a existência dos ciclos, extrapolando tendências do presente para o futuro, é um dos pensamentos mais perigosos que um investidor pode tomar.
Pois bem, quando falamos em investimentos e ciclos econômicos, o mais difícil é acertar o tempo correto. Quando as empresas americanas vão parar de crescer e suas ações vão cair? Quando o PIB brasileiro vai realmente reagir e o investidor estrangeiro vai voltar a investir no país?
Tais perguntas ditam o ritmo de investimentos e são extremamente difíceis de responder. Inclusive, muitos investidores profissionais e gestores de fundos têm perdido muito dinheiro apostando na queda de ações americanas, por exemplo, por acreditarem há mais de 2 anos que o ciclo de crescimento dos EUA se encerrou.
Os ciclos influenciam a inflação, a taxa de juros, o preço das ações, o retorno dos títulos etc.
Por esse motivo é necessário um acompanhamento de perto dos portfólios de investimentos, reposicionando a carteira conforme os ciclos econômicos vão se desenhando e o cenário vai se tornando cada vez mais claro.
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