Fev 2020
27
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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Ricardo Frizera
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porRicardo Frizera

Epidemia pode desencadear efeitos perigosos nas duas maiores economias do mundo

No início deste ano, órgãos internacionais projetavam uma reanimação da economia global. O crescimento econômico do mundo desacelerou em 2019 de 2,9% ao ano para 2,3%, mas o Fundo Monetário Internacional previa uma retomada. Agora, a epidemia coronavírus mudou tudo.

É cada vez mais claro que a epidemia de coronavírus é potencialmente mais nociva que a de Sars (Síndrome Respiratória Aguda) de 2003. Isso, não apenas porque a nova doença é mais letal, mas também porque a China, epicentro do surto, representa uma parcela quatro vezes maior da economia global que há 17 anos.

Para Tiago Pessotti, economista e assessor de investimentos da Apx Investimentos (BTG Pactual), “a principal preocupação reside nos possíveis impactos que a doença trará para a atividade econômica global. Após importantes resoluções, como a guerra tarifária entre EUA e China e a separação gradual do Reunião Unido e União Europeia, 2020 iniciou de certa forma otimista, mesmo com o crescimento das principais economias do mundo mostrando indicadores econômicos fracos”.

De fato, os números da economia global, que já eram preocupantes antes da epidemia, pode ficar ainda piores. Das quatro maiores economias do planeta, apenas os EUA (1º) não estava em estado crítico. O Japão (3º) reportou uma queda anualizada do PIB de -6,3%; a China (2º) está paralisada por conta do Coronavírus e terá sua atividade econômica impactada; o PIB da Alemanha (4º) ficou estagnado em 2019.

Em meio a esse cenário, o JP Morgan avalia que uma queda no PIB Chinês é inevitável, e espera uma retração de 4% no primeiro trimestre. Entretanto, o banco avalia que a recuperação deve ser veloz no segundo trimestre e o país deve ter um crescimento anual na ordem de 15%.

Já nos EUA, a preocupação com a epidemia se deve ao fato que o componente que mantém o crescimento dos EUA é o consumo. Recentemente, com a guerra comercial, a indústria e os gastos das empresas sofreram. Mas os americanos seguiram comprando.

Se o coronavírus se provar uma ameaça grave nos EUA, as famílias podem reduzir significativamente visitas a parques, shoppings e aeroportos e derrubar o último pilar da economia do país. E esse cenário pode estar se aproximando: um oficial do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA disse que “não é uma questão de se o coronavírus será uma epidemia global, mas quando.”

O maior ciclo de crescimento econômico dos Estados Unidos sobreviveu a maior guerra comercial da história, um tsunami destrutivo no Japão e quedas abruptas no preço do petróleo. Contudo, o novo coronavírus coloca em teste a resiliência da maior economia do mundo. A ameaça cada vez mais real assustou investidores ao redor do mundo e derrubou a bolsa de Nova Iorque em 8% nos últimos cinco dias.

O Brasil entrou no mapa do coronavírus com um caso confirmado em São Paulo– a vítima é um idoso que esteve na Itália, onde há mais de 360 casos confirmados da doença. Contaminada com o estresse das bolsas globais, o Ibovespa encerrou ontem em 106 mil pontos, com uma queda de -7%. Hoje, aprofundou a queda para a casa dos 103 mil pontos, significando uma queda de -10%.

Pessotti analisa que “o comportamento de hoje no Ibovespa é um a ajuste das desvalorizações que foram observadas no mercado internacional segunda e terça-feira, enquanto o mercado brasileiro estava fechado em razão do feriado de carnaval. A principal razão é a preocupação com a força do coronavírus na Itália, mostrando que não houve contenção da doença apenas nos locais já conhecidos, como a China.”

No mundo, o número de casos confirmados de infecção por coronavirus chegou a 81mil nesta quarta (26), sendo 78mil na China continental. Desses, 30 mil foram recuperados e 2770 resultaram em óbitos. Enquanto uma cura/vacina ainda não são descobertas, os investidores seguem nervosos temendo que o novo vírus se torne mais nocivo à atividade econômica mundial.

Entendemos que esse momento pode ser oportunístico para investidores de longo prazo aumentarem suas exposições à bolsa, respeitado seus perfis de risco. Isso porque o coronavírus deve impactar o crescimento apenas no curto prazo (dois primeiros trimestres de 2020) dada a restrição de teansporte, logística e locomoção a nível global, e não deve se alongar até o final deste ano.

Palavra do Especialista

Coronavirus e investimentos: como reagir às fortes quedas

Como podem ter notado ou ainda notarão nas manchetes dos noticiários noturnos, o mercado financeiro teve forte desvalorização na quarta-feira de cinzas, atuando com meio expediente nos principais ambientes de negociação: bolsa de valores, renda fixa, câmbio etc.

Com esta preocupação a palavra da vez é a incerteza. Em momento de incerteza, os lucros são aproveitados para dar lugar ao caixa ou ativos “seguros”, como ouro e dólar, o que reflete na valorização de tais ativos em momentos de estresse e desvalorização da renda variável (ações e derivativos).

Sobre as incertezas, são três as principais: a falta de previsibilidade nos próximos dados de atividade econômica por conta da doença, a dúvida sobre quanto tempo o surto do coronavírus vai perdurar e qual será o impacto no crescimento econômico no mundo.

Até o momento não enxergamos mudanças de fundamentos utilizados como base para a estruturação dos portfolios dos nossos clientes, principalmente ancorados na baixa taxa de juros, crescimento moderado do país e estabilização do crescimento mundial.

Nos próximos dias ou semanas o mercado pode nos trazer algumas oportunidades de realocação, já que alguns bons ativos desvalorizaram e podem apresentar oportunidade de compra, como é o caso de algumas ações.

Apesar disso, acreditamos que agora o melhor a se fazer é aguardar mais notícias concretas sobre a evolução do vírus no Brasil e no mundo. É bem provável que esse primeiro caso seja apenas o primeiro dentre outros que devem surgir.

Como sempre, estamos atentos à evolução da doença no mundo, às medidas que estão sendo tomadas para contê-la e seus possíveis efeitos na economia. No início de março serão divulgados os principais dados econômicos da China, que darão o tom para ancoragem ou suavização do pânico causado por toda esta incerteza.

Lembrando que nesses momentos de estresse é quando o seu perfil de investidor e a sua tolerância ao risco são testados. Por isso é de extrema importância encaixar a alocação do portfólio dentro da sua realidade, sempre buscando diversificação e proteções para momentos como estes.

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Coronavirus no ES é descartado

Caso suspeito de coronavirus foi descartado pela Secretaria de Saúde do Governo do Estado. Único caso confirmado no país de um idoso em São Paulo.

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Aéreas sofrem no "Coronaday"

As aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) foram as duas maiores quedas do Ibovespa no dia de ontem: -14% e -13% respectivamente. CVC Viagens também sofreu uma forte correção: -11%.

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Maiores empresas da bolsa despencam

No fechamento de mercado desta quarta (26) nenhuma ação do Ibovespa encerrou em alta. As baixas de destaque foram Petrobrás (PETR4) -10% e Vale (VALE3) -9,5%.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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