"É a hora do investidor reavaliar seu perfil de risco"

Neste milênio, essa é a quarta 4º vez em que houve circuit breaker na Ibovespa– e não será a última. Quem investe em ações e renda variável de forma consciente, sabe que não esse evento, na maioria das vezes, passa de um estresse temporário do mercado.

Apesar das quedas nos preços das ações– o que reduz o patrimônio do investidor do dia para a noite– o valor intrínseco deles permanece o mesmo quase sempre.

Mesmo sabendo que o preço se altera, mas o valor permanece, a influência psicológica de ver seus papéis derretendo é dolorosa. Mas existem algumas dicas que podem ajudar você a controlar seus impulsos e evitar perdas ainda maiores em tempos difíceis da bolsa. Para entender mais, consultamos os economistas Tiago Pessotti e Arilton Teixeira.

A primeira dica deles é não tentar recuperar as perdas de maneira impulsiva. Pessotti afirma que “a pior atitude que você pode tomar neste momento é recuperar a perda” através de operações alavancadas ou via derivativos (futuros, termo, opções).”

Para os investidores de fundos de ações, Arilton assegura que os bons gestores “já fazem o trabalho de proteção e estão atentos à performance das ações do portfólio. Assim, o que se deve fazer agora é esperar.”

Outra atitude proibida é usar os recursos da sua reserva de emergência ou empréstimos para “fazer compras baratas” na bolsa. Tiago afirma que a bolsa é imprevisível e pode cair mais.

Nessas horas, os investidores que participam de grupos de discussão e acompanham outros investidores nas redes sociais podem tomar decisões precipitadas medo de perder as oportunidades que outras pessoas estão aproveitando– fenômeno conhecido como Fear of Missing Out (FOMO).

Mas vale lembrar que a estratégia de um outro investidor depender de uma exposição a risco, volume financeiro e experiência diferente do seu. Sem total clareza do que está fazendo, você pode em segundos realizar uma manobra fatal com seu dinheiro.

A recomendação de Arilton é utilizar os recursos destinados a investimentos de longo prazo para aproveitar as oportunidades de preços baixos. “O timing da compra vai depender de como e quando as economias brasileiras e mundial sinalizarão uma saída desse estresse.”

Para os economistas, a principal reflexão desse momento de crise deve ser sobre sua exposição ao risco. Qual será sua reação quando outra queda como essa acontecer? “Os investimentos foram feitos para fazer sua vida melhor. Se eles estão te atrapalhando, você provavelmente está desenquadrado do seu perfil de investidor.” afirma Pessotti.

Arilton diz que a tendência é que investidores sem orientação profissional não entendem o funcionamento do mercado e “entram quando os preços estavam elevados e saem quando estão baixos.”

Para quem se sentiu desconfortável com essa queda, é buscar a ajuda de um Agente Autônomo de Investimentos para realizar uma redistribuição de sua carteira. Pessotti cita que uma das saídas para reduzir a volatilidade e o risco de seus investimentos é buscar ativos de proteção, como ouro e dólar, que apreciam em tempos de incerteza e crise, assim como fundos multimercado que utilizem esses instrumentos.

Enfim, é um momento para se conhecer melhor e rever suas perspectivas para investimentos.