Mar 2020
18
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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18
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

Para gestora de US$ 7 trilhões, não estamos vivendo nova crise de 2008

Na carta intitulada “This is not 2008”, a BlackRock, gestora de mais de US$ 7,4 tri, traz um tom menos negativo que a Bloomberg e seu índice. A casa trilionária afirma que não estamos revivendo a última crise financeira mundial, apesar de que os movimentos do mercado em resposta à epidemia do coronavírus tem lembrado a grande recessão.

“Não acreditamos que estamos revivendo 2008. O impacto do vírus será amplo e incisivo, mas acreditamos que investidores devem se ater às perspectivas de longo prazo e continuar investindo”, diz a carta assinada pelo BlackRock Investment Institute.

Já com relação ao agravamento do cenário econômico em meio à crise de saúde e o choque de preços do petróleo, a Black Rock pensa que estamos mais seguros que há 12 anos. “A economia em 2020 é mais sólida e, principalmente, o sistema financeiro é muito mais robusto que o vigente na crise de 2008.” Sendo assim, a gestora manteve “o nível de risco com exposição a ativos de maior qualidade, sustentáveis e com caixa.”

Até o momento, a BlackRock não enxerga que o crescimento dos EUA chegou ao fim, e acredita que as medidas de socorro dos Bancos Centrais começa a surtir efeito.

“Não vemos esse movimento como o fim de expansão econômica, à medida que medidas econômicas preventivas e políticas coordenadas estão sendo praticadas como resposta. E vemos sinais de que as políticas econômicas estão começando a surtir efeito, e, em nosso ponto de vista, deverá se manter como um conjunto de políticas fiscais e monetárias. Os pontos mais vulneráveis que precisam de atenção são: problemas de caixa enfrentados por companhias médias e pequenas, bem como nas famílias.”

Há duas semanas, a BlackRock alterou sua avaliação de risco de ‘pró-risco’ para ‘neutro’ [posição mais cautelosa] com o vírus se disseminando ao redor do globo. Os especialistas da casa acreditam que as autoridades têm incentivos de iniciar medidas de saúde pública agressivas, para evitar o crescimento da epidemia e o consequente sobrecarregamento do sistema de saúde. Isso provavelmente resultará em uma grave e breve desaceleração econômica.

Minha Visão

O que fazer agora? O que importa é a margem de segurança

Em nosso ponto de vista, este momento é crucial para os investidores refletirem sobre o conceito de margem de segurança.

Benjamin Graham, criador da filosofia Investimento em Valor (Value Investing) e mentor do maior investidor da história, Warren Buffet, escreveu em seu livro ‘O investidor inteligente’ sobre a margem de segurança. Esse conceito está ligado ao pensamento de que investimentos de longo prazo devem ter como pilar reduzir as probabilidade de perda (risco) ao se comprar uma ação.

Olhando para a prática uma das formas de evitar ver suas ações se desvalorizando é comprando elas quando estão descontadas. Nesse sentido, um dos mais importantes indicadores para avaliar empresas da bolsa como  ‘caras’ ou ‘baratas’ é o ‘Preço/Lucro’, isto é, a divisão do valor de mercado da empresa pelo lucro anual. Esse indicador serve para o investidor ver se o preço de uma ação está variando na mesma proporção que seu lucro.

Por exemplo, se uma empresa vale R$ 4 milhões e lucra R$ 1 milhão, o preço sobre lucro é de 4x. Se ação da empresa cair pela metade  e ela negociar a R$ 2 mi ao mesmo R$ 1 milhão de lucro, o P/L cai para 2x. Isso pode significa que o preço está ‘barato’ pois encolheu de forma desproporcional com relação lucro.

Com a bolsa de valores, é possível pensar da mesma forma. O preço sobre lucro médio da bolsa está na casa de 9x, com a bolsa perto dos 70 mil pontos. Antes das fortes quedas recentes, a bolsa estava a uma média de 16x, próximo da máxima histórica de 2010: 17,6x.

Logo, quem começou a investir em ações com a bolsa com um múltiplo alto estava correndo uma probabilidade de perda muito alta, como disse Graham. Quem está comprando ações após essa série de quedas, com o P/L (preço sobre lucro) na média histórica, tem chances menores de perder e pode se beneficiar com o crescimento desse múltiplo, isto é, em um monento em que a bolsa estiver novamente acima dos 100 mil pontos.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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