Lições de investimentos da atual crise
A saída do ex-ministro Sérgio Moro ontem (24) do Ministério da Justiça adicionou à crise econômica do coronavírus uma crise política no governo Bolsonaro, abalando fortemente um de seus pilares: o combate à corrupção. Com um governo sustentado com base no (a) combate à corrupção; (b) renovação de práticas políticas e (c) antagonismo às forças de esquerda, a saída de Moro pode afetar os dois primeiros pontos de sustentação, descredibilizar o governo Bolsonaro e colocar a nossa economia (já fragilizada com a crise do coronavírus) em uma situação ainda pior. Entenda mais nossa visão abaixo.
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Acreditamos que a atual crise política pode prejudicar fortemente o governo Bolsonaro, levando a atrasar as reformas e portanto a atrasar — ou inviabilizar — a retomada econômica do Brasil pós-coronavírus. Elencamos abaixo três motivos pelos quais isso pode ocorrer.
1) Bolsonaro pode perder popularidade nas ruas e portanto perder sustentação no Congresso;
Assim como o Presidente, os deputados e senadores que compõem o Congresso Nacional também dependem de aprovação popular em seus respectivos estados para se reeleger. Como muitos dos atuais congressistas foram eleitos com base na bandeira do bolsonarismo ou apoiados na própria imagem do Presidente, uma perda de popularidade de Bolsonaro com as camadas populares poderia refletir em perda de popularidade dos congressistas, levando a base do presidente a questionar a fidelidade às suas pautas e reduzindo seu apoio e a base de sustentação de suas propostas em Brasília.
2) A crise política pode atrasar as reformas que irão destravar nosso crescimento;
Com essa possível redução de apoio político, Bolsonaro terá mais dificuldade de fazer a agenda econômica de Guedes andar. Importante lembrar que a agenda do Ministro da Economia inclui reformas importantes como a Reforma Tributária e pacotes de cortes de gastos públicos fundamentais para a retomada do crescimento econômico brasileiro. Ou seja, se esses projetos não andarem no Congresso, dificilmente a nossa economia vai andar.
3) Bolsonaro pode cair em descrédito e colocar a efetividade de seu mandato em risco;
Segundo as últimas pesquisas, a popularidade do ex-ministro era maior do que a popularidade de Bolsonaro. A popularidade de Sérgio Moro era um dos pontos que conferia credibilidade ao atual governo, assim como o faz o Ministro Paulo Guedes para com os empresários. Com a soma dos dois fatores que apontamos acima, Bolsonaro pode cair em descrédito e colocar em risco a efetividade de seu mandato.
Projeto aprovado pela Câmara dos Deputados neste mês restringiu a inclusão de novos CPFs em órgãos de proteção ao crédito, como SPC e Serasa, pelos próximos três meses, algo que pode ser extremamente prejudicial para o mercado de crédito no Brasil. É o que defende o editor do Ideias Radicais, Luan Sperandio, em artigo publicado no site da organização.
Sperandio acredita que o projeto, que segue para o Senado Federal, pode se tornar o “Projeto do Fim do Crédito” para os mais pobres ou sem registros bancários porque aumenta o risco do credor. Além disso, pode provocar maior concentração bancária, prejudicando fintechs. Entenda mais acessando este link.
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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória