Bolsa sobe 50% e volta a se aproximar dos 100 mil pontos
Neste ano, o Verde Week, evento anual da maior casa de fundos de investimento do país, a Verde Asset, trouxe reflexões profundas sobre economia e investimentos através de lives. Na última quarta-feira (03) o ex-presidente do Morgan Stanley e sócio da Farallon Capital, Daniel Goldberg, discutiu o resgate governamental das empresas em dificuldades devido à pandemia. Dentre os principais fatores a ponderar, Goldberg destaca o risco moral e a preservação dos CPFs em detrimento dos CNPJs.
Empresas são arranjos de pessoas e insumos que existem por gerar mais valor juntos e organizados que separados. Por isso a falência das empresas em meio à crise gera prejuízos: estamos quebrando arranjos, em tese, eficientes.
De outro lado, o socorro governamental para manter certas empresas vivas gera outros custos e preocupações. Alguns deles: como garantir que as empresas não vão ter atitudes mais irresponsáveis no futuro sabendo da possbilidade de resgate? Como dividir esses custos do resgate na sociedade? Quando é eficiente salvar empresas?
Para Daniel Goldberg, na decisão entre salvar ou não uma companhia, devemos analisar o resgate das empresas sob a perspectiva dos CPFs, em vez dos CNPJs.
Isso significa que o governo deve enxergar os ‘bailouts’ (resgates) como uma forma de beneficiar a sociedade, que, em última instância, é quem paga por isso. Assim, deve-se comparar o que tem maior benefício econômico: salvar a empresa e manter o conjunto ou permitir a falência, transferir renda (auxílio financeiro) aos CPFs afetados e liberar os ativos para novas companhias.
Outro fator analisado por Daniel Goldberg é o risco moral de salvar empresas imprudentes durante a crise. A questão é: como garantir que elas não terão atitudes de ainda maior risco no futuro devido à expectativa de serem novamente resgatadas? É fato que a maior parte das empresas não são preparadas para resistir a meses sem receita, e vem a sofrer de iliquidez em momentos como esse.
Dentre as grandes empresas, o setor aéreo é o mais afetado por esta crise. São empresas em geral com poucos ativos (aviões geralmente são “alugados”) e alto endividamento.
Contudo, quando analisamos o setor aéreo da Europa, por exemplo, temos de um lado a RyanAir, que não precisou de resgate devido ao farto caixa e frota própria, e outras empresas menos prudentes que estão sendo resgatadas. Nesse caso, o socorro financeiro pune a cautela da RyanAir e premia a imprudência financeira das concorrentes. Injusto, não?
No Brasil, em um momento em que avança o apoio a empresas do setor automotivo, entre outras, devemos nos questionar: quem, de fato, estamos ajudando com esse gasto público?
“De tudo que eu li nestes 4 ou 5 meses de pandemia talvez o que foi mais inspirador foi um artigo escrito pelo Michael Cembalest do JP Morgan. Ele cita John Stuart Mill, economista que em 1848 que mostra o quão mais rápido os países se recuperam do que você pensam. A adaptabilidade humana sempre surpreende positivamente.
Dessa vez não acho que será diferente: o problema é a travessia mas os Bancos Centrais estão dando muito mais dinheiro do que poderia ser dado, visto que ‘não há culpado’ nessa crise – diferente de 2008, quando o “impacto moral” impediu uma ajuda mais rápida aos bancos.
Temos hoje “dinheiro infinito” para esperar uma vacina. E eu sou relativamente otimista com a segunda onda, acho que aprendemos com o que não devemos fazer sobre evitar aglomerações em estádios e locais públicos. Mas eu também acho que vai ser mais difícil os países pobres aplicarem isso.”
*Luis Stuhlberger é gestor dos fundos Verde e é um dos principais atores da história do mercado financeiro brasileiro
O Center for M&A Studies da USP, do qual faz parte a capixaba Bárbara Scarton, promove de forma online e gratuita o Curso de Introdução às Fusões e Aquisições.
O curso, realizado em parceria com a Nysba, tem apoio de grandes empresas e já conta com mais de mil inscritos.
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