Empresários defendem valorização de negócios locais na retomada econômica
Um dos produtos de investimento mais comercializados atualmente no mercado financeiro, o COE é uma sigla para Certificado de Operações Estruturadas. Esse é um produto de investimento mistura renda fixa e renda variável (um “envelope” com ativos distintos) em apenas um produto e que transmite sofisticação e sensação de segurança para o investidor. No entanto, identificamos que o COE gera conflito de interesses entre os assessores de investimentos e os clientes, dado que é um dos produtos que mais paga corretagem no mercado — sua corretagem para assessores de investimentos pode chegar a até 10x a média. Consultamos especialistas de diferentes instituições financeiras para entender sobre o assunto.
COMISSÕES GORDAS
O COE oferece comissões particularmente altas pois existe uma grande diferença entre o custo da corretora estruturar a operação e o valor pelo qual o COE é repassado para os clientes– isso é chamado de spread.
E dado que as comissões dos assessores são proporcionais ao spread, quanto maior essa diferença, maior a comissão. Um assessor de investimentos consultado pela coluna informou que a comissão varia entre 2,5% e 5%, pagos no ato do investimento — comissão que pode chegar a até 10x a média das comissões encontradas no mercado.
PERDA LIMITADA– E GANHO TAMBÉM
E os problemas que o investidor de COE podem ter são muitos. Segundo a Modalmais, cerca de 94% dos COEs comercializados no Brasil são da categoria de “Valor Nominal Protegido”, com garantia de que, ao final do prazo, o investidor terá, no mínimo, o capital investido de volta.
Mas para isso, ele paga o preço de ter uma rentabilidade limitada, ou seja, mesmo que um ativo que compõe o COE se valorize muito, seu ganho é limitado– e o restante vai para a instituição financeira.
BAIXA LIQUIDEZ
Além disso, o COE é um ativo com baixa liquidez, isto é, é difícil ter o dinheiro na mão caso o investidor precise. Nas principais corretoras, o COE tem um prazo médio de 3 a 5 anos, raramente menor que isso.
E se o investidor realmente precisar fazer o resgate de forma antecipada, é bem provável que acabe registrando perda permanente de capital.
Assim cabe a pergunta: os COEs estão sendo oferecidos porque são a melhor opção para os clientes ou porque remuneram melhor assessores e instituições financeiras?
‘MOER O CLIENTE’
Nem todo COE é um produto do investimento ruim em si. No entanto, muitas vezes ele é vendido pelos agentes autônomos para os investidores de forma descoordenada com o perfil de risco e o objetivo de investimento do cliente.
“Na dúvida, assessores inexperientes empurram COEs para o cliente para além do ideal, na certeza de que a remuneração do assessor é muito mais alta e que, no fim do prazo de 5 anos, o cliente não deve reclamar porque, em teoria, ‘não perdeu dinheiro’. Esse processo é chamado de ‘moer’ o cliente”, disse um dos especialistas consultados pela coluna, que preferiu não ser identificado.
Vale lembrar que na conta do “não perder dinheiro” no prazo de 5 anos devemos incluir o custo de oportunidade (‘trade-off’) de ativos livre de risco como por exemplo títulos do Tesouro Direto atrelados à taxa Selic (hoje a 2,25% ao ano), ou mesmo à Inflação (IPCA+).
Assessores de diferentes instituições financeiras consultados informam que chegam a receber clientes com carteiras com até 50% de concentração em COEs, o que é pouco razoável sob a perspectiva de diversificação de carteiras de investimento.
Apesar das novas plataformas de investimentos se posicionarem de forma mais alinhada com o interesse dos clientes que as instituições bancárias tradicionais, ainda existem produtos que colocam o agente autônomo e o cliente em conflito de interesses.
Não é sensato que um lado fale mal de títulos de capitalização enquanto empurra os caros COEs para seus clientes.
Com a recessão decorrente do coronavírus e o fechamento da economia no Brasil e no mundo, os principais bancos centrais reduziram fortemente os juros básicos e aumentaram o crédito.
Nas economias desenvolvidas havia espaço para políticas fiscais e monetárias, porque a margem para maiores gastos públicos nesses países é maior. Ainda, com a aversão ao risco, a moeda destes valoriza, além de os preços caírem, reduzindo o custo das empresas.
Porém, nos países emergentes a redução dos juros contribui para desvalorizar o real. No Brasil, portanto, os custos das empresas são pressionados pelo aumento dos preços em reais dos bens comercializáveis. No entanto, apesar de os preços ao produtor terem subido, o IPCA caiu 0,32% em abril. Assim, as empresas não estão conseguindo repassar o aumento de custos para o consumidor final e suas margens de lucro são reduzidas.
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