Jul 2020
29
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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Ricardo Frizera
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porRicardo Frizera

Com altas comissões, COEs são distribuídos de forma indiscriminada

QUANTO O COE REALMENTE PAGA DE COMISSÃO?

Consultamos as comissões que responsáveis pela distribuição de investimentos recebem ao alocar os recursos de seus clientes em COEs. Lembramos que problema não é o ativo aos quais os COEs se vinculam, e sim as altas taxas que prejudicam o investidor. E um agravante: não há publicidade desses dados para os clientes que investem nesses produtos.

1. CS Saúde Digital 5,5 anos – comissão imediata de 4% sobre o valor da aplicação para o vendedor

2. CS Índice E-Sports 5 anos; BNP Índice Fundos Internacionais – comissão imediata de 3,5% sobre o valor da aplicação para o vendedor

3. MS Autocall Vale, Suzano, Localiza e Via Varejo 5 anos – comissão imediata de 3,25% sobre o valor da aplicação para o vendedor

4. MS MAP Trend Bidirecional Alavancado- comissão imediata de 3% sobre o valor da aplicação para o vendedor

5. MS Morgan Stanley Global Opportunity Ganho Travado 5,5 anos – comissão imediata de 2,5% sobre o valor da aplicação para o vendedor

6. Fundo Imobiliário comprado em bolsa de valores – R$0

7. Ações compradas em bolsa de valores – 70% da corretagem por ação (a corretagem varia de R$2,49 a R$18,90 a depender da corretora)

As comissões mínimas consultada foi entre 1,00% e 2,25% para COEs distribuídas no mês de julho.

ALTAS COMISSÕES DISTORCEM INCENTIVOS E PREJUDICAM INVESTIDORES

O COE (Certificado de Operações Estruturadas) é uma modalidade de investimento que funciona como um ‘envelope’ que mistura ativos de renda fixa e renda variável e transmite sofisticação e sensação de segurança para o investidor, mas esconde um conflito de interesses: altas taxas de comissão que incentivam a venda do produto e acabam concentrando a carteira de investimentos de clientes em COEs muito além do devido de acordo com as melhores práticas de investimentos.

Em um mundo repleto de incertezas, mudanças e volatilidade, investir em um produto de renda variável que limite o prejuízo potencial e expõe a um grande potencial de valorização parece atrativo. E o COE faz exatamente isso. E muitas vezes acoplado em excelentes ativos, como ações de grandes empresas americanas ou brasileiras. Mas o problema não se origina do produto, e sim no quanto se cobra para investir nele. E não é nada barato.

As altas taxas embutidas nos COEs refletem em altas remunerações para os bancos, corretoras e seus respectivos gerentes e assessores que os distribuem. Isso se torna um incentivo direto para que vendedores de investimentos coloquem nas carteiras de seus clientes mais COEs do que deveriam, de forma descoordenada com o perfil de risco e o objetivo de investimento do cliente.

Como demonstram os pesquisadores de Yale Ibbotson e Kaplan em estudo, em média 90% do retorno de um portfólio está relacionado a composição de portfólio em diferentes classes de ativos e a exposição a diferentes fatores de risco.

Isso significa que a alocação indevida de portfólios, incluindo a concentração em COEs, gera prejuízos para o investidor no longo prazo.

No mesmo sentido, o gestor americano Ray Dalio coloca como fonte de aumento de retorno com redução de risco o investimento em “15 a 20 bons ativos descorrelacionados”.

O investidor americano Warren Buffet (assim como seu professor Benjamin Graham) entendem que um bom investimento é aquele realizado em bons ativos geradores de caixa e pagadores de dividendos a preços atrativos justamente para evitar pagamento de taxas, comissões e impostos na venda de ativos.

O dinheiro para comissões tem que sair de algum lugar; nesse caso sai do seu bolso, investidor.

Remuneração do COE ao vendedor pode ser centenas de vezes maior do que ações e fundos imobiliários

Considere um gerente ou assessor que consiga captar um investidor com R$ 1 milhão neste mês. Se esses valores forem alocados em COEs, o escritório ou banco distribuidor terá remuneração (com base nos valores acima mencionados) entre R$ 22.500,00 e R$ 40.000,00 imediatamente.

Contudo, se esse R$ 1 milhão for alocado em 20 ações distintas (o número de ativos que o investidor americano Ray Dalio considera ideal para compor um portfólio de investimentos), a remuneração do escritório e do assessor deixa de ser atrativa. Considerando que algumas corretoras cobram 0 de corretagem em ações, a remuneração do escritório seria R$0. Considerando maior taxa de corretagem do mercado de R$ 18,90 por ordem, e a comissão do vendedor sendo 70% disso, a renda total fica em: R$ 264,60 (de 85x a 151x menor).

Em comparação com COEs e ações, outras classes de ativos importantes para um portfólio são ainda menos atrativas para distribuidores. Fundos Imobiliários comprados pelo próprio cliente na bolsa (sem participar de aumentos de capital) não remuneram o distribuidor, dado que a corretagem é zero. Fundos Multimercado remuneram algo em torno de 0,3% a 0,5% ao ano.

Postado Agora

É possível comprar ações do exterior sem COE?

Atualmente é possível comprar a bolsa americana na bolsa brasileira com o ETF ‘IVVB11’, ou ações americanas via BDRs para quem for investidor qualificado. Algumas instituições como XP Investimentos e BTG Pactual oferecem fundos com baixas taxas para investimento no exterior para investidores de varejo.

Postado Agora

COE no exterior

Os COEs, chamados de Structured Notes ou Market Linked Investments em inglês, tem a reputação manchada também nos Estados Unidos. A falta de transparência sobre estratégias e taxas tornou bancos distribuidores do papel alvos de investigações e multas milionárias do SEC, órgão regulador do mercado financeiro americano.

Postado Agora

COE no exterior #2

O Banco Merrill Lynch e o UBS foram multados em dezenas de milhões de dólares por falta de transparência e omissão de informações referentes a taxas e estratégias de seus COEs.

Postado Agora

Especialista Tiago Reis não recomenda investimento em COEs

Em vídeo publicado em seu canal do YouTube, Tiago Reis explica por quê não investe em COEs. Você pode visualizá-lo em https://www.youtube.com/watch?v=9_RYVoC9OtQ.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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