Debêntures da Liberfly tem retornos estimados entre 20% e 30% ao ano

Conhecido no exterior como Litigation Finance, o mercado de investimentos em ativos judiciais ainda engatinha no Brasil. Existem poucos fundos que atuam na área, normalmente em causas maiores e com abertura apenas para investidores institucionais. A Liberfly, startup capixaba de resolução de conflitos, entra para esse mercado utilizando tecnologia para atacar o varejo e oferecer mais uma opção de investimento aos investidores capixabas.

A securitizadora funciona da seguinte forma: a Liberfly compra ativos judiciais, isto é, recebíveis de algum processo judicial que pode gerar retorno financeiro no futuro. A parte que entrou com a ação recebe uma remuneração instantânea e cabe à Liberfly, junto a seus escritórios de advocacia contratados, buscar o retorno financeiro esperado por aquele processo.

Os recursos para custear a operação são trazidos por investidores, que aplicam nessa uma carteira de ativos judiciais através debêntures lastreadas por esses títulos.

Segundo Pedro Duarte, Diretor Financeiro da startup, as debêntures terão uma duração de cerca de 3 anos, e os investidores serão remunerados a uma taxa pré-fixada entre 1,5% e 2% ao mês.

O mercado de investimentos em ativos judiciais ainda é incipiente no Brasil, principalmente quando se trata de pequenos processos. A maioria dos players do setor atua na compra de processos judiciais de grande porte (muitas vezes envolvendo grandes empresas), os quais demandam um grande volume de recursos, um nível de aprofundamento maior em cada processo e um prazo maior para conseguir o retorno sobre o investimento.

Já na Liberfly, o foco será em ativos judiciais com menor valor, porém em maior quantidade. A proposta é possibilitar que investidores pessoa física possam realizar um investimento alternativo, com aportes na casa dos milhares de reais.

Para selecionar os ativos judiciais com maior probabilidade de gerar retorno financeiro, a Liberfly utiliza uma série de tecnologias inéditas no mercado.

Pedro Duarte, CFO da Liberfly, explica que “a aposta é na pulverização, que permite um maior controle de risco e menor tempo de maturação do ativo, acelerando o retorno. De outro lado, como trabalhamos com um número grande de ativos judiciais, precisamos utilizar inteligência artificial e jurimetria para a análise dos processos. A tecnologia nos permite ter uma melhor capacidade de decisão, com alto grau de assertividade, entendendo a probabilidade de ganho e o valor estimado de retorno de cada ativo da nossa carteira.”

Pedro ainda destaca que o mercado de recebíveis judiciais tende a crescer devido ao cenário macroeconômico. “Com o cenário de juros baixos, investidores estão em busca de investimentos com maior potencial de retorno, mesmo que para isso precisem incorrer em um pouco mais de risco. No caso dos ativos judiciais, o retorno esperado é de 20% a 30% ao ano. Do lado da parte vendedora, com a situação econômica atual, mais pessoas buscam essa antecipação de recebíveis para ajudar a pagar suas contas.”

Atualmente, a Liberfly possui uma carteira de recebíveis de cerca de R$ 9 milhões. Com a securitizadora, esse valor pode crescer significativamente. “A securitizadora nos permitirá ter uma capacidade de investimentos muito maior e entrar em novos mercados com características similares ao de aviação: oligopólios criados pela forte regulamentação, onde a prestação de serviço e o suporte deixam a desejar, como os mercados de telefonia, bancário e de energia.”