Mundo Business terá estúdio para cobertura do Fórum Liberdade e Democracia
No primeiro dia do 8º Fórum Liberdade e Democracia, Roberto Campos Neto, Presidente do Banco Central do Brasil, participou de forma online em painel ao lado do Governador do Espírito Santo Renato Casagrande. Enquanto Campos Neto tratou da pauta de retomada nacional, Casagrande destacou propostas para alavancar investimentos no estado. Em comum, a atenção à responsabilidade fiscal. Confira os destaques a seguir.
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“O que temos que fazer é parar de tentar achar solução pública para problema privado e começar a achar solução privada para problemas públicos”. Essa é a mensagem do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, no painel de abertura da 8ª edição do Fórum Liberdade e Democracia, promovido pelo Instituto do Amanhã, nesta quinta-feira (05).
O tema do painel foi “A Interface da Política x Mercado” e contou com a participação do governador Renato Casagrande. Eles abordaram barreiras e como melhorar o dinamismo entre a intervenção do governo e a liberdade econômica.
Durante a pandemia, o Banco Central do Brasil teve (e segue tendo) papel essencial na condução da política monetária, que controla a dinâmica de juros e crédito no país. Como se trata de um período de economia recessiva, o Bacen busca reanimar a economia com uma política expansionista, que consiste basicamente em reduzir juros e injetar estímulos na economia, estimulando o consumo e garantindo a liquidez principalmente dos bancos.
Roberto Campos Neto, Presidente do Banco Central, avalia que ao longo desse período o Brasil foi capaz de injetar estímulos que permitiram uma maior resiliência econômica que os demais emergentes. Contudo, ele alerta para o risco que isso gera para o endividamento.
“Brasil partiu de um ponto de endividamento alto antes da pandemia e realizou fortes gastos que nos colocam em um ponto de fragilidade do ponto de vista fiscal. Países que têm maior fragilidade fiscal foram os que tiveram maior debilidade da moeda. De outro lado, percebemos que países que tiveram uma resposta fiscal maior tiveram impacto econômico maior”, avalia.
Para Campos Neto, essa medida de forte atuação do estado em um país com governo com orientação de direita não pode ser considerado uma inclinação ao progressismo. Ele inclusive mostrou que foi uma tendência mundial entre os conservadores. “Passes com orientação de direita gastaram 7,5% do PIB com estíumulos na pandemia, enquanto países mais à esquerda gastaram apenas 5,2% do PIB.”
Em gráficos, Campos Neto expôs que, de fato, indicadores de confiança do brasileiro na economia têm crescido e que o varejo se se aproxima dos patamares pré pandemia. Ele ainda celebrou o crescimento da carteira de crédito nacional como fruto da redução dos juros pelo Bacen: “em termos de juros, vemos que a política monetária do Bacen foi transmitida e taxa de juros segue em queda”.
O presidente do Bacen ainda afirmou que apesar de acender o alerta fiscal, os gastos elevados durante a pandemia não devem levar a um colapso das contas públicas e da dívida. “O que nos encorajou fazer planos ambiciosos foi o Teto de Gastos, porque os agentes econômicos entendem que existe uma disciplina fiscal”, pontuou.
Apesar de ter sido questionado, o presidente do Bacen não enfrentou o principal ponto de seu mandato: o nível dos juros no Brasil, em 2% ao ano, o qual o mercado vem questionando pela pressão que isso gerou no câmbio e na inflação.
Ao fim, Campos Neto também falou sobre o projeto de lei que institui a autonomia do Banco Central. “Pensando nessa interface da política com a economia, as reformas estão aí para alterar nossa dinâmica e credibilidade. Um exemplo recente é a aprovação da autonomia do Banco Central no Senado. Lembrando que a autonomia tem três dimensões: financeira, administrativa e operacional. A primeira grande mudança que é na operacional, que desconecta o ciclo das políticas do BC com o ciclo de poder, do ganho executivo”, explica.
Ao lado do Presidente do Banco Central no palco do 8º Fórum Liberdade e Democracia, Renato Casagrande falou sobre como está equilibrando investimentos e responsabilidade fiscal na retomada econômica do Espírito Santo.
Ainda inseguro com o nome do projeto, Casagrande anunciou que lançará neste mês um ‘Plano de Retomada’ para o estado. Segundo ele, trata-se de um conjunto de investimentos privados e públicos e outras ações, como incentivos à energia renovável e regulamentação do Fundo Soberano do ES.
“Nosso Fundo Soberano, que é formado por recursos da exploração de petróleo, vai se associar a empreendimentos privados para trazer mais empresas para cá. Já temos mais de R$ 400 milhões de reais em reservas”, afirmou.
Ainda segundo Casagrande, outra frente de atração de investimentos será por meio das Parcerias Público-Privadas (PPP), sistema que mais recentemente foi implantado no saneamento básico de Cariacica. A ideia, segundo o governador, é seguir com foco no saneamento: “vamos dividir o estado em blocos e buscar parcerias diversificadas com empresas privadas. Em paralelo, pretendemos realizar a abertura de capital da CESAN para aumentar a capacidade de investimento da companhia”.
O governador acrescentou que está discutindo com BNDES “negociar o controle da ES Gás”, empresa que o governo é sócio de 51%. Pretende privatizar a empresa portanto.
Com o saldo positivo de 6.982 postos formais em setembro de 2020, o Espírito Santo apresentou criação de vagas pelo terceiro mês consecutivo.
Mais da metade das vagas fechadas no ES entre março e junho, foram recuperadas de julho a setembro.
Entre janeiro e setembro desse ano, os setores de construção (+4.396) e da indústria geral (+1.661) foram os que mais criaram postos de carteira assinada no ES. A indústria mostra sinais de recuperação desde junho, e não apenas recompôs as perdas do ano como ampliou em 1,29% o total de emprego registrado no início de janeiro. (Fonte: IDEIES/ Findes)
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