"Queremos dar mais liberdade para o empreendedor", diz Secretário da Fazenda de Vitória
Os empréstimos bancários no Brasil cresceram 15,4% em 2020. A carteira de crédito das empresas cresceu 21,7% em 2020, enquanto o crédito a pessoas físicas aumentou 10,8%, segundo a FEBRABAN. Quem deve surfar neste momento de alta são as fintechs (finanças) e credtechs (crédito), startups de base tecnológica ligadas ao setor financeiro. A Creditas, fintech de empréstimos com garantia, por exemplo, já é um ‘unicórnio’ — de acordo com o banco BTG Pactual, a empresa vale $1.75 bilhões de dólares, tendo emprestado mais de R$900 milhões de reais no ano de 2020. A ABFintechs estima que nos próximos cinco a dez anos as fintechs devem alcançar uma carteira de crédito de 300 bilhões de reais no país. Nesse cenários, os Fundos de Direito Creditórios (FDICs) surgem como um dos principais propulsores da inovação no mercado de crédito.
Em um mercado em que 150 milhões de pessoas não conseguem ter acesso a crédito, novas empresas apostam em tecnologia e inovação para melhorar a acessibilidade do crédito ao consumidor.
Com uma estrutura mais enxuta e simplificada, as fintechs desenvolvem políticas de crédito e estratégias comerciais para atender a públicos nichados e assim conseguirem alcançar consumidores desatendidos pelos grandes bancos e financeiras — seja pela dificuldade de acesso a bons produtos, seja pelas altas taxas cobradas pelas instituições financeiras tradicionais.
O mecanismo que permite a diversas fintechs prestarem serviços análogos a bancos ou financeiras são fundos de crédito, chamados de FDICs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios), que ajudam a girar a carteira das startups (em bom português, a “colocar o dinheiro na praça”). Até o ano passado, a estimativa é que esse tipo de instrumento já tenha ajudado a movimentar R$ 16 bilhões no Brasil.
Bruno Menegehel, CEO da credtech Unit, compara que enquanto as financeiras tradicionais captam o dinheiro de investidores no mercado e fazem o empréstimo, os FIDCs encurtam esse caminho, oferecendo os recursos necessários para a operação de crédito.
Assim, as startups do setor financeiro não precisam realizar operações de captação no mercado, o que reduz o custo e a dificuldade de levantar uma operação de crédito.
Segundo Meneghel, o FIDC é um importante instrumento para a competitividade no setor financeiro do Brasil uma vez que permite o surgimento de novas fintechs com práticas inovadoras.
“Com apoio de FDICs, surgem mais startups especializadas em atender determinados perfis de clientes em modalidades como crédito com garantia ou crédito pessoal. Assim, o brasileiro pode contar com uma maior diversidade de políticas de crédito fora dos bancos e financeiras tradicionais”.
Meneghel explica que os FIDCs e as fintechs participam juntas do risco da operação. Como as fintechs são remuneradas pelo FDIC de acordo com a performance da carteira (ou seja, quanto do dinheiro emprestado efetivamente retorna aos cofres de quem emprestou), os incentivos para uma gestão de carteira adequada são alinhados.
Felippe Henrique, sócio do FIDC WFR, sediado em Vitória (ES), explica que esse tipo de instrumento é bastante popular nos EUA e vem crescendo no Brasil devido à sua versatilidade, customização e agilidade nas operações e retornos acima da média para o investidor.
“A indústria de FIDC vem crescendo desde 2016 acima do crédito bancário e quando surgiu no Brasil era muito concentrado em operações de antecipação de recebíveis tradicionais. Mas hoje vemos esses fundos atuando no crédito customizado junto a fintechs em fase inicial e pequenas e médias empresas– operações que geralmente não são de interesse dos grandes bancos e que ainda não contam com a personalização esperada para os desafios que enfrentam no dia a dia”.
No futuro próximo, Felippe enxerga que a CVM vai flexibilizar a participação de pequenos investidores em FIDCs (hoje, apenas investidores qualificados com mais de R$ 1 milhão aplicados podem investir), em um movimento similar ao que ocorreu com a abertura das BDRs (recibos de ações listadas no exterior) na bolsa brasileira. “Investir em um FIDC proporciona um retorno maior que a renda fixa tradicional, ao mesmo tempo que conta com um aparato regulatório robusto que reforça a proteção e a transparência ao investidor”.
Segundo a Deloitte, as transações bancárias de pessoas físicas not canais digitais chegaram a 74% do total durante a pandemia.
Os Bancos já estão se preparando para o movimento do Open Banking, onde as estratégias de negócios baseadas em ecossistemas devem acelerar ainda mais a inovação no setor, aponta estudo encomendado pela Febraban.
E por falar em open banking, sua implementação no mercado bancário começa neste ano no Brasil. A perspectiva é de que cerca de cinco milhões de brasileiros devem aderir ao sistema nos próximos 12 meses
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