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Nos últimos anos, Tiago Reis, fundador da Suno Research, foi uma das principais figuras no mercado financeiro responsáveis por aproximar o brasileiro dos investimentos em bolsa de valores. Com mais de 1,6 milhão de seguidores em seu perfil pessoal, ele conquistou mais de 100 mil clientes com cursos, relatórios e recomendações de investimentos.
Em entrevista ao Programa Mundo Business, ele defendeu que, ao mesmo tempo em que o brasileiro se familiariza com novas formas de rentabilizar seu patrimônio, surgem produtos que escondem taxas altas que podem prejudicar o sucesso financeiro do investidor. Um dos casos mais emblemáticos: o Certificado de Operações Estruturadas, conhecido como COE.
Após registrar 1 milhão de CPFs cadastrados em 2019, a bolsa de valores brasileira seguiu um crescimento veloz e chegou à marca de 3,5 milhões de investidores em abril deste ano. O fundador da Suno Research, Tiago Reis, afirmou em entrevista ao Programa Mundo Business que o principal fator para a entrada de novos CPFs na bolsa é a queda de juros baixos, aliada à maior educação financeira e à disponibilidade de informações na internet.
Para o fundador da Suno, isso provocou um olhar mais crítico sobre os conflitos de interesse presentes em investimentos tradicionais como poupança, títulos de capitalização e previdência privada.
“O investidor brasileiro começou a desconfiar de como o sistema financeiro funciona. Quando a pessoa ganhava um volume grande de dinheiro, recorria ao seu banco para investir. Mais recentemente, esse investidor começou a enxergar que os bancos têm conflitos de interesse, pois nem sempre oferecem o que é melhor para a rentabilidade do cliente, mas sim o que é mais interessante em termos de taxas e comissões”, defendeu Tiago Reis.
COE: “10 mil estão explorando os outros 200 milhões de brasileiros”
Fora dos grandes bancos, Tiago Reis alertou que ainda persistem alguns produtos de investimentos com estruturas complexas que ‘exploram’ os investidores, com taxas alta e escondidas. O caso mais evidente nesse cenário é o Certificado de Operações Estruturadas, conhecido como COE.
“Alguns COE são comercializados com taxas altas que inviabilizam o sucesso financeiro desse investidor. Isso está ficando claro à medida que vários COE estão tendo desempenho muito ruim e a maioria dos investidores não estão satisfeitos com a rentabilidade”.
Tiago ainda acrescentou que a omissão de taxas e falta de transparência pode ser considerada uma exploração por parte das instituições financeiras que dominam o conhecimento especializado. “O COE é um produto que possui derivativos, algo que apenas 10 mil pessoas no Brasil sabem analisar. Então acho que alguns desses 10 mil estão explorando os outros 200 milhões de brasileiros. Em qualquer outra indústria, essa seria uma atitude recriminável.”
No Espírito Santo, tivemos a consolidação do setor de saúde através de investimentos milionários de dois grandes fundos: o HIG e o Pátria. Recentemente, as holdings de saúde constituídas por esses fundos (Kora Saúde e Athena), iniciaram processo de abertura de capital na bolsa.
Tiago Reis afirmou em entrevista ao Programa Mundo Business que considera o setor de saúde promissor por conta do envelhecimento populacional, o que tende a aumentar a demanda do setor. De outro lado, ele alerta que o investidor pessoa física deve ter cautela com IPOs desse e outros segmentos.
“O investidor individual possui menos informações sobre uma empresa que um investidor institucional, como grandes bancos, que têm décadas de experiência na bolsa. Para quem está começando, talvez não seja o ideal, mas o setor de saúde guarda boas oportunidades”, avalia o investidor.
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