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Cego desde os 15 anos de idade, o linharense Felipe Rigoni está hoje entre os políticos mais proeminentes do Congresso Nacional. O fato é que ele tem uma forma diferente de lidar com os obstáculos da vida. Ao Programa Mundo Business do último domingo, o deputado federal falou sobre os maiores desafios de sua trajetória e sobre os próximos passos na esfera pública.
Assista Mundo Business com Felipe Rigoni
Mundo Business: Quando você descobriu que ficaria cego?
FR: Nasci em Linhares e aos seis anos, meus pais começaram a perceber uma dificuldade de enxergar. Me levaram a vários médicos e depois de uma bateria de exames descobriram uma infecção chamada uveíte. Por conta da infecção e do tratamento, tive uma série de complicações nos olhos e até os 15 anos de idade fui submetido a 17 cirurgias para reverter os efeitos da doença. Aos 15 anos já não tinha a visão do olho esquerdo e meu olho direito colapsou. Foi um dos anos mais difíceis da minha vida.
MB: Como você lidou com a perda da visão?
FR: Achei tudo aquilo muito injusto e fiquei indignado. Um jovem de 15 anos que ficou cego sem saber a real causa da infecção. E meu pai me ensinou algo muito valioso, que mudou a forma como eu lido com as coisas. Ele disse “você tem uma escolha”. Isso significa que eu não poderia mudar o fato de ter ficado cego, mas poderia mudar a forma como eu reagiria. Apesar de não ter visão, poderia conquistar tudo de importante na vida.
Deixei de ficar indignado e passei a ter uma felicidade natural. Os fatos acontecem apesar da nossa vontade, mas nossa forma de agir determina a qualidade da nossa vida mediante aos fatos.
MB: Como seguiu sua trajetória a partir daí?
FR: Minhas notas na escola permaneceram boas. Cursei engenharia de produção em Ouro Preto (MG), participei do Movimento Empresa Júnior como líder nacional, em um movimento com mais de 10 mil pessoas. Nessa época, percebi o poder de um grupo de pessoas em busca de um mesmo objetivo.
MB: O que te motivou a se tornar político?
FR: Em Linhares, iniciei uma consultoria para empresas e pessoas para aumentar produtividade e melhorar a tomada de decisões. Mas, percebi ao mesmo tempo que se o ambiente empresarial jurídico não melhorasse, o esforço dela daria menos resultado do que poderia chegar. Foi aí que decidi me tornar um político.
MB: O que falta para o ES se desenvolver de forma mais acelerada?
FR: Precisamos destravar o Brasil. As decisões das últimas décadas dificultaram a criação e prosperidade dos negócios do país. Somos um dos piores paises do mundo para fazer negócios no mundo, estamos na posição 124 de 150 no ranking que mede facilidade de fazer negócios. No ranking de liberdade econômica estamos em posição igualmente ruim. Já os melhores países para se viver no mundo, estão no topo desses rankings. Precisamos destravar a força empreendedora dos brasileiros. Se não atrapalharmos vamos crescer.
MB: Porque essa mudança não aconteceu até agora?
FR: O Congresso atende a uma série de interesses muito específicos. Ao longo das últimas décadas, projetos de leis foram distorcidos para o benefício de um ou outro grupo. Quando somamos esses interesses particulares, surge um monstrinho, que é o Estado brasileiro. Nesse cenário, o povo como um todo acaba sendo prejudicado. Vai ser difícil realizar grandes reformas, mas é possível.
MB: Está na hora de cortarmos privilégios?
FR: Existe o projeto que trata do fim dos supersalários, que geram um gasto de 2,3 bilhões por ano na União. Nos estados, a situação é ainda pior. Salários de mais de R$ 100 mil são comuns no judiciário, apesar de o teto ser de R$ 39 mil.
MB: Você quer ser governador do ES?
FR: Com certeza tenho essa vontade. Acho que é um papel incrível, mas ainda é incerto se serei cadidato nas próximas eleições.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória