Uma empresa que atravessa gerações, o Grupo Tristão, do Espírito Santo, movimenta 1,6 milhão de sacas de café por ano e fatura R$ 1 bilhão de reais por ano. Hoje, o conglomerado de 86 anos é liderado por Sérgio Tristão, filho de Jônice Tristão e membro da terceira geração da família empresária. No último Programa Mundo Business, Sérgio falou sobre sua trajetória à frente da empresa e sobre os desafios da história do Grupo que nasceu como um armazém e se tornou o maior exportador de café do mundo.
Ricardo Frizera: Como foi a origem do Grupo Tristão?
Sérgio Tristão: Sou da terceira geração da família. Meu avô, José Ribeiro Tristão, que deu início à trajetória da empresa. Ele nasceu em Mutum, na divisa com Espírito Santo e foi treinado em lojas de secos e molhados. Casado, se deslocou a cavalo para Afonso Cláudio em 1935, no auge do pós-crise de 1929 e fundou o armazém de secos e molhados Casas Misael.
Em 1955 meu pai, Jônice começou a participar da operação, o número de lojas pelo interior do ES cresceu e em 1960 decidiu focar na exportação como estratégia para expandir o negócio.
Ricardo Frizera: Quando surge a Realcafé nesse contexto?
Sérgio Tristão: Em 1960, o Espírito Santo passou por um movimento de atração de indústrias para ressurgir da crise da erradicação. Cristiano Dias Lopes no governo do Estado e Arthur Gerhardt no Bandes, incentivaram a chegada de grandes indústrias no ES, como Aracruz Celulose, CST, Vale. Nesse contexto, o Bandes decidiu criar uma fábrica de café solúvel para incentivar o plantio do Conilon. Surge aí a ideia da Realcafé, que assume então uma participação importante no desenvolvimento do Conilon.
Ricardo Frizera: Como foi sua trajetória até a entrada no grupo?
Sérgio Tristão: Com 17 anos, fui para o Rio de Janeiro me graduar. A sede da maioria das empresas de café estavam em sua maioria lá e eu comecei a frequentar a nossa empresa. Quando me formei em 1979, assumi o posto de responsável pela parte de compras. Na época, o nosso grupo já era o maior exportador de café do mundo. Meu desafio e dos meus irmãos era quebrar o tabu da empresa familiar e provar que a terceira geração poderia dar continuidade ao crescimento da empresa.
Ricardo Frizera: Como se deu a sucessão do grupo para a terceira geração, da qual você faz parte?
Sérgio Tristão: Meu pai decidiu antecipar a sucessão aos 58 anos, ainda que muito ativo. Administrei a empresa de forma mais conservadora que meu pai, mas sem dúvidas, grande parte da história da empresa se deve à sua forma arrojada de empreender: saiu de uma loja de secos e molhados para se tornar o maior exportador de café d
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