Fev 2022
28
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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“Pandemia gerou uma janela de oportunidades para o setor”, afirmam gerentes da PwC

Na opinião de Nelson de Souza Júnior, gerente sênior da PwC Brasil, a pandemia contribuiu diretamente para o aumento na quantidade de fusões e aquisições por três pilares principais: impulsionamento do setor de tecnologia, aumento na quantidade de aquisições por oportunidade, que são as compras de empresas fragilizadas pela crise, e crescimento da atratividade dos setores mais resilientes.

“Quanto ao primeiro pilar, já existia uma tendência no período pré-pandemia de aumento sistemático na quantidade de aquisições no segmento de tecnologia. Em geral, são transações de menor valor de compra, responsáveis pela alta na quantidade de negócios fechados no país, que tendem a seguir em alta pós-pandemia”, afirma.

Além disso, muitas empresas que vinham de um ano bom em 2019 foram “pegas de surpresa”, como negócios familiares que realizaram investimentos e, em muitos casos, alavancaram suas operações com o financiamento de seus planos de expansão. Por estarem financeiramente fragilizados, a venda para as empresas de maior porte esteve entre as opções de sobrevivência desses negócios.

O gerente da PwC também afirma que alguns segmentos foram favorecidos por serem menos afetados em momentos de crise, como o de saúde e o de alimentos e bebidas. “O Agronegócio, por exemplo, foi muito beneficiado”, exemplifica Nelson de Souza Júnior.

Para Deiwson Crestani, gerente de Tax M&A da PwC Brasil, as empresas de marketplace tiveram um aumento significativo nas operações de M&A em virtude do aumento expressivo das compras online.
No setor de saúde, não foi diferente: “Empresas que faturavam aproximadamente R$ 200 mil por ano começaram a ganhar milhões, pois foram pioneiras nos testes de Covid, por exemplo”, afirma.

Crestani também citou a desvalorização do real frente ao dólar. Ele explica que uma parcela importante das operações foi feita por empresas estrangeiras, que enxergaram a aquisição de empresas brasileiras como grande oportunidade de negócio

As lições do capixaba Rodrigo Miranda

Entre as transações dos últimos anos, houve as startups Zaitt e a Shipp, que passou a se chamar Americanas Delivery. Elas foram co-fundadas por Rodrigo Miranda, o primeiro capixaba selecionado pela Forbes Brasil para sua lista 30 Under 30, que reúne os 30 jovens mais influentes do país em diversos segmentos de atuação.

Miranda aponta que é muito importante estar muito conectado com o mercado. Isso inclui conversar com todos os players, inclusive concorrentes, e até mesmo companhias que hoje não estão no segmento, pois grandes empresas podem se interessar em diversificar a atuação e utilizar as aquisições como método.

O passo dois é estar preparado para as oportunidades quando elas aparecerem, o que exige níveis de governança do negócio. “É importante criar a empresa desde cedo com bom nível de gestão, com muita atenção em aspectos financeiros, contábeis e jurídicos. Muitas startups ignoram isso, e é um grande erro”, afirma Miranda.

Nesse sentido, Nelson de Souza Júnior aponta que a questão dos controles é fundamental. “Ainda é muito comum, quando falamos de empresas familiares, que os sócios pensem os negócios com o regime de caixa como norte: quanto se paga e quanto se recebe. Porém, é importante enxergar além: prever, por exemplo, a necessidade de investimentos futuros para a reposição das despesas com depreciação de máquinas e equipamentos. É assim que o mercado precifica negócios, buscando sempre uma forma de enxergar a rentabilidade real dos empreendimentos”, conclui.

Para Deiwson Crestani, um bom trabalho de assessoria para venda pode transformar a empresa negociada em uma possível compradora, uma vez que seus controles internos estarão em compliance e adequados ao mercado de M&A.

Miranda afirma ainda que o trabalho de relações públicas é essencial, o que inclui estar bem posicionado nos canais de mídia, com “pessoas que sejam a cara da empresa, que inspirem, que estejam na frente”. Afinal, muitas das teses de investimento estão associadas ao time e seu track record.

“É preciso saber sentar-se à mesa podendo dizer não. Nunca estar fragilizado de forma a aceitar tudo que vem do outro lado. Isso exige paciência. É muito importante estar bem assessorado por pessoas que já passaram por isso, pois no olho do furacão, você pode dar um passo em falso, acabar perdendo o negócio por não ter feito uma contraproposta. As negociações das transações que participei duraram 8 meses, que foram muito intensas. Estar preparado, bem assessorado e ser paciente é fundamental”, aconselha.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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