IBEF-ES promove diversidade e elege três mulheres para a diretoria de 2022
O Espírito Santo é um dos principais produtores de rochas ornamentais do mundo, e isso já é conhecido. Porém, mármore produzido localmente era, em sua esmagadora maioria, exportado para países como Estados Unidos e China e dificilmente era utilizado na construção brasileira. Como resultado, é mais fácil encontrar uma pedra exótica extraída em Cachoeiro de Itapemirim em Dubai do que na Grande Vitória. Mas as indústrias de rochas ornamentais capixabas mudaram de postura e estão se voltando para o mercado interno, encontrando um público disposto a investir em materiais nobres e de melhor qualidade. Para entender esse cenário, conversamos com Daniel Assunção, gerente comercial da Gramazini para o Brasil.
Grande parte da indústria de rochas ornamentais do Espírito Santo e do Brasil sempre esteve voltada para a exportação, tendo no mercado externo a sua principal fonte de receita. Esse cenário abriu espaço para os fabricantes de materiais como porcelanato e quartzo industrializado– revestimentos de menor custo na construção civil– dominarem o mercado nacional.
Contudo, nos últimos anos, as indústrias capixabas de rochas voltaram seu olhar para o mercado nacional e encontraram um público com apetite para investir em materiais mais nobres, como mármores exóticos. Segundo fontes consultadas pela coluna, compradores brasileiros estão cada vez mais interessados nas rochas ‘tipo exportação’.
A Gramazini, uma das maiores mineradoras de rochas ornamentais do Espírito Santo, viu a participação do mercado brasileiro na sua receita sair de 2% em 2019 e chegar a 13% no ano passado. “Identificamos um público nacional que valoriza o material exótico mais nobre porque tem conhecimento sobre a qualidade do material. Junto a isso, com o aquecimento da construção civil, começamos a comercializar rochas nobres para brasileiros de todos os cantos do país”, explica Daniel Assunção, gerente comercial da Gramazini para o Brasil.
Como efeito, a Gramazini decidiu destinar uma planta industrial exclusivamente para atender o mercado interno e abriu filiais em cidades do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. “Hoje, selecionamos blocos de mármore, granitos e quartzitos nas pedreiras destinados exclusivamente ao mercado nacional. Podemos dizer que o público brasileiro está recebendo praticamente o mesmo material adquirido pelos americanos”, garante Daniel.
Daniel explica ainda que essa mudança de cultura aproxima os brasileiros de um produto produzido localmente, mas que dificilmente era absorvido pela mercado nacional. “A pedra natural brasileira é a mais vendida nos Estados Unidos, mas faltava acesso do consumidor local. Apesar de termos Cachoeiro de Itapemirim a uma distância curta dos principais centros econômicos do país, o publico capixaba e brasileiro não era o principal comprador”, acrescenta o gerente da Gramazini.
Apesar da alta complexidade tributária de operar no mercado interno e a pressão cambial, Daniel garante que o Brasil é um mercado promissor para o setor de rochas– sem a operação de exportação a transporte internacional, o ciclo de vendas se torna quatro vezes mais rápida. “O faturamento da Gramazini no mercado local cresceu na ordem de 150% em 2021 com relação a 2020”, encerra.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória