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Existe uma transformação em curso no cenário do futebol no Espírito Santo. Assim como os clubes da Séria A do Campeonato Brasileiro, vários times capixabas estão profissionalizando a gestão e até mesmo tornando-se clubes-empresas– um formato que já entrega bons resultados. Para entender esse novo cenário do futebol capixaba, conversamos com diretores de três clubes capixabas de destaque e com Gustavo Vieira, presidente da Federação Capixaba de Futebol.
Pela primeira vez na história Copa do Brasil, dois times capixabas avançaram à segunda fase da competição. Real Noroeste e Nova Venécia venceram Operário-PR e Ferroviário-CE, respectivamente, garantiram a vaga e receberam cerca de R$ 1,4 milhão cada pela participação.
Além da premiação em dinheiro, os dois clubes garantiram uma vaga na Série D e na Copa Verde, que dá acesso às oitavas de final da Copa do Brasil. Em conversa com diretores dos dois clubes, eles citaram que a profissionalização e melhor nível de gestão foram fundamentais para esses bons resultados.
O Real Noroeste, que nasceu há 12 anos como um clube-empresa– modelo que se diferencia dos clubes associativos, mais tradicionais no Brasil– e colhe frutos de investimentos em infraestrutura e formação de jogadores na base.
O presidente e fundador do Real, Flaris Olímpio da Rocha, conta que mesmo depois de mais de uma década, o futebol ainda é uma aposta com olhar para o longo prazo. “Com investimento próprio, montei a estrutura do clube, formamos jogadores e montamos uma equipe de gestão com um olhar para os resultados para as próximas décadas. Hoje, tenho certeza que o futebol capixaba tem um futuro promissor, mas ainda tem um longo caminho para percorrer. Temos um nível de jogo alto, mas precisamos de seguir perseverando para alcançar campeonatos de elite.”
Já o Nova Venécia– um dos clubes mais novos do futebol capixaba e que tem como presidente Antônio Andrade, pai do jogador capixaba Richarlison– investiu em um programa de gestão adotado por clubes da Série A do Brasileiro e adotou regras de governança em busca de resultados esportivos– mais uma vez, no longo prazo.
Lucian Velasco, vice-presidente do Nova Venécia avalia que “o futebol, assim como qualquer negócio, é uma árvore: você planta hoje para colher frutos daqui a alguns anos. O time foi fundado buscando resultados esportivos no futuro, mas eles vieram mais cedo do que imaginávamos. Para isso foi preciso investir em time técnico e infraestrutura de treinamento. Todas as nossas ações são direcionadas por um planejamento anual, que seguimos à risca– e que não é feito para agradar interesses individuais”.
ES MAIS QUE DOBROU NÚMERO DE JOGOS POR ANO
Para o presidente da Federação de Futebol do Espírito Santo, Gustavo Vieira, o futebol capixaba não ficou à margem das transformações na gestão esportiva vistas pelo Brasil. “O campeonato capixaba subiu de nível no quesito técnico e a gestão também se tornou mais qualificada, em média. Com isso, atraímos cada vez mais investidores e patrocinadores”, contou ele à coluna.
O principal fator que leva ao sucesso de um clube, avalia Gustavo, é uma gestão com visão de longo prazo. “Conta também, ter uma diretoria engajada, com propósito, metas, um bom modelo de governança e um corpo técnico qualificado”, acrescenta.
Duas das principais diretrizes da Federação para o desenvolvimento do futebol capixaba foram aumentar a visibilidade e o número de jogos no estado. “A Federação está em busca de gerar novos negócios para o futebol capixaba e de financiar o desenvolvimento do esporte no estado. Para isso, ampliamos o número de jogos em todas as categorias de 300 por ano para 700 por ano e garantimos maior visibilidade para essas partidas com transmissão pela televisão e pela internet”, afirma.
Times capixabas que nasceram no formato empresarial vem apresentando bons resultados também nas categorias de base. Esse é o caso do Porto Vitória, time investido pela família Maely.
O clube nasceu em 2014 como um projeto social e pelo forte investimento em formação de atletas, o Porto Vitória conseguiu levar atletas capixabas para categorias de base de clubes brasileiros de elite como Flamengo, Atlético Mineiro, São Paulo e Vasco.
Também passaram pelo Porto alguns jogadores que estão nos times principais da Série A, como o ex-zagueiro do Flamengo, Nathan, e o goleiro do Cruzeiro, Denivys.
Maely Coelho Filho, um dos investidores do clube, afirma que esses resultados foram fruto de investimentos em estrutura e apoio aos atletas, como atendimento médico, odontológico e pedagógico. O desenvolvimento da gestão do time teve apoio da Confederação Brasileira de Futebol e a Fundação Dom Cabral.
“O Porto Vitória nasceu como uma empresa e recebeu muitos parceiros que contribuíram para a gestão de qualidade e profissionalismo do time. Buscamos um retorno desse investimento nos próximos anos, mas não a qualquer custo. Nosso objetivo primário é proporcionar cidadania e inclusão para jovens de áreas de risco”, afirmou Maely à coluna.
O presidente do Verdão (alcunha do Porto Vitória), Vinícius Coelho, ressalta a importância de equilibrar resultados esportivos e financeiros. “Futebol é um esporte mas também deve ser visto como um negócio pelos clubes. Os times precisam ter receita, lucro e investimento para almejar prêmios e títulos relevantes no longo prazo. Hoje, os clubes-empresa estão nesse caminho”, comenta Coelho.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória