Abr 2022
10
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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porRicardo Frizera

Carteiras de planos de saúde individuais amargam prejuízos

No ano passado, o plano de saúde individual foi o único que perdeu usuários, ficando abaixo de 9 milhões de pessoas– cerca de um quinto dos 49 milhões de beneficiários no Brasil. Na década de 1990 o cenário era inverso, com apenas um quinto dos usuários fora dos planos individuais.

O que ocasionou essa migração das modalidades de planos? Alexandre Ruschi, um dos principais gestores de saúde do Brasil, avalia que a regulação da ANS sobre os reajustes dos planos individuais provocou uma distorção no mercado e criou incentivos para que as operadoras se concentrassem em planos corporativos.

Os planos de saúde individuais têm seu reajuste regulado pela ANS, enquanto nos corporativos o reajuste é livre. Como a ANS historicamente autoriza reajustes abaixo da inflação médica, os planos individuais são um segmento menos desejado pelas operadoras de saúde e as carteiras desses planos amargam prejuízos no Brasil.  A UnitedHealth, operadora que pagou R$ 3 bilhões para se livrar da carteira de planos individuais no Brasil, sabe o tamanho do problema.

Para Ruschi, esse modelo regulatório impede as empresas de operarem de forma viável. “Todo mundo percebe que existe um problema grave no modelo de regulação dos planos individuais. Eles têm um custo mais elevado para as operadoras, mas têm reajustes limitados”, completa.

Essa supressão dos planos individuais por distorção da ANS, diz Ruschi, representa um retrocesso. “Afinal, nem todos os brasileiros estão ligados a uma organização para ter acesso a planos de saúde corporativos”.

Em meio a esse cenário, ainda existem alternativas. Para Ruschi, o mínimo que deve ser feito é uma reforma no modelo de cálculo dos reajustes, que considere o fator regional, já que os custos e o perfil de consumidor variam significativamente ao redor do Brasil (hoje, o reajuste autorizado é igual para todo o país).

O ideal, porém, é dar mais liberdade para os planos de saúde reajustarem livremente os valores de planos individuais, assim como ocorre nos planos empresariais. “Se as operadoras tivessem liberdade de decidir o reajuste, teríamos um modelo mais competitivo, com mais eficiência e controle de custos, além de um relacionamento melhor com clientes. O regulador pode simplesmente acompanhar, evitando abusos protegendo o consumidor”, conclui.

 

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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