Venda do Leonardo da Vinci: o que muda a partir de agora
A venda do colégio Leonardo da Vinci para o Inspired Education Group– conglomerado londrino com 75 escolas em cinco continentes– levantou uma série de questionamentos sobre os rumos da escola e do mercado de educação no Espírito Santo. Gestores escolares consultados pela coluna Mundo Business avaliam os prós e contras desse movimento: de um lado, a escola se aproxima de modelos globais de ensino; de outro, pode sofrer instabilidade e mudanças na cultura no longo prazo.
Na leitura do diretor-geral da Escola Americana de Vitória, Cristiano Carvalho, quando uma escola sofre mudança de controle, fica sujeita aos valores institucionais do comprador, o que pode resultar em uma apreensão na comunidade escolar. Carvalho, enquanto coordenador de línguas estrangeiras do Da Vinci, acompanhou as duas primeiras fusões da escola.
“Quando troca-se mantenedor e passa a fazer parte de uma instituição maior, você comunga de certos pilares e os planos de crescimento, aquisição, expansão, passam a ser ditados por uma mantenedora. Nesse caso, ainda não se tem muita certeza de qual a linha a ser seguida, então gera uma certa apreensão por parte das famílias e dos próprios colaboradores. Então a dúvida que fica é: o que altera com essa venda?”, questiona o diretor.
Nesse sentido, Carvalho avalia que o risco de uma escola perder a identidade após uma aquisição está ligado ao grau de conhecimento e relacionamento que o comprador tem com o mercado local. Nas palavras dele, os pais capixabas demandam uma proximidade com os gestores escolares e clareza sobre os rumos da instituição.
“O risco de perder a identidade e a tradição existe na medida em que você passa a ter que responder demandas que são externas ao nosso local. Mas acima de tudo, temos uma questão que é o conhecimento que essa instituição internacional tem sobre as necessidades e potencialidades locais. Isso está na mão de uma equipe em Londres agora. O mundo está muito globalizado, então não é isso por si só, mas quais são os laços que a instituição tem com o mercado local?”, avalia.
Apesar dos riscos inerentes a uma fusão, o diretor-geral da Escola Americana de Vitória enxerga que, para o mercado, o aumento da competitividade é positivo.
“O lado positivo quando entra um player novo no mercado, é que ele força as pessoas, as instituições, a se manterem em permanente estado de aprimoramento. Para os estudantes, a conexão mais próxima com uma metodologia internacional é algo que te leva a um patamar de mais recursos acadêmicos e recursos pedagógicos testados, o que ajuda muito, oferece troca de experiências maior”, encerra.
Já Fabrício Silva, diretor e mantenedor do colégio Darwin, as aquisições na educação básica não são mais uma surpresa dado que acontecem ao redor do Brasil há pelo menos cinco anos. Contudo, uma escola passar por três vendas no período de quatro anos pode gerar dúvidas nos pais e alunos sobre os rumos da escola.
“A consolidação da educação básica veio para ficar. No Espírito Santo, o colégio Primeiro Mundo também passou por esse processo. Contudo, três vendas em pouco tempo podem gerar uma certa insegurança na comunidade escolar. Recorrentemente, o Darwin é alvo de propostas, mas não é nossa intenção mudar o controle”, diz Silva.
Uma das razões pelas quais o Darwin é avesso a uma fusão, segundo Fabrício, é que os pais querem estar alinhados com o time e os valores da instituição. “Nossa experiência de mercado nos permite dizer que o ´olho no olho´ com o dono da escola tem um valor enorme para os pais. Eles gostam de marcar reuniões com o dono, conhecê-lo e entender o que acontece na escola”, completa o diretor do Darwin.
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