Garoto não poderia ter reduzido salários mesmo com mudança de cargo, diz especialista
No ano passado, o setor de saúde brasileiro registrou R$ 20 bilhões em fusões e aquisições. Ao longo dos últimos anos, uma parte significativa do volume de transações na saúde aconteceu no Espírito Santo, com a chegada de grandes grupos de investimento, como Pátria e HIG, que adquiriram diversos hospitais e planos de sa[ude. Para entender os impactos desse movimento no mercado de saúde e os reflexos para os consumidores, o encontro Data Business Health reuniu três dos principais nomes da saúde capixaba e brasileira: Alexandre Ruschi, presidente da Unimed Federação Espírito Santo; Antônio Benjamin, CEO da Kora Saúde (antigo Meridional); e Fabio Hirota, presidente da Athena Saúde (que adquiriu Samp, São Bernardo e Vitória Apart Hospital).
O antigo Hospital Meridional, após se tornar Kora Saúde e abrir capital na bolsa de valores, se tornou uma das maiores redes hospitalares do país. Mas, para o CEO do grupo, Antônio Benjamin, ainda é preciso crescer mais para ganhar eficiência. “A consolidação é um caminho sem volta porque a única forma de prestar serviço de qualidade com custo acessível é ter escala. Hoje a Kora tem 2,2 mil leitos, e ainda acho pequeno. Precisamos ser maiores para a conta fechar”, disse ele durante o encontro Data Business Health.
Na avaliação de Benjamin, até algumas décadas atrás, a saúde não era vista como um negócio, mas a recente virada de chave foi fundamental para o crescimento das empresas do setor. “Antes tínhamos hospitais como sociedades de médicos e hoje temos muitos hospitais-empresa, um ciclo que veio para ficar. Esse preconceito acabou, porque a sociedade percebeu que a saúde precisa ser sustentável”.
Para o presidente da Athena Saúde, que adquiriu os planos de saúde Samp e São Bernardo e o Vitória Apart Hospital, o Espírito Santo recebeu grandes investimentos privados na saúde, apesar do tamanho, pela força que o setor tem no estado.
“A penetração da saúde suplementar no Espírito Santo é alta, então o número de beneficiários é relevante mesmo comparado a estados com maior população. Com isso houve o surgimento de diversas empresas na cadeia de saúde, como hospitais e operadoras, tem um ecossistema para um fundo fazer aquisições, dar escala e eficiência para a saúde”, disse Hirota.
Nessa formação de grandes grupos de saúde, alguns players seguiram o caminho de formar redes de hospitais, como a Kora, enquanto Unimed e Athena mantiveram a aposta na verticalização, isto é, operar desde o plano de saúde até o hospital. As vantagens e desvantagens de cada um dos formatos foi tema de debate entre os painelistas no encontro Data Business Health.
Para Benjamin, o modelo verticalizado tem um controle melhor de custos, ao passo que os hospitais independentes têm melhores condições de prestar um serviço de qualidade para encantar o cliente. “Em todas as praças que entramos com bons ativos, aqueles que possam crescer e prestar serviço completo. E nunca um hospital, sempre várias unidades dentro de uma região. Estamos fazendo isso em Goiânia, Fortaleza e Brasília”, disse o CEO da Kora.
Hirota, defendeu que o modelo de remuneração ‘fee for service’, onde os planos pagam para aos hospitais pelos serviços, acelera a inflação médica, que anda bem acima do avanço da renda da população. Isso porque o incentivo é aumentar cada vez mais a demanda e o preço dos serviços médicos.
“Quando criamos a Athena, tentamos criar alinhamento de interesses entre nossa prestação de serviços e base de beneficiários para reduzir desperdícios e controlar custos”, disse.
Alexandre Ruschi, que defendeu a verticalização da Unimed lá atrás, disse que no sistema Unimed é impossível discutir verticalização completa devido ao grande número de beneficiários. “Mas na década de 1990 para cá a qualidade da Unimed Vitória subiu rapidamente por conta de investimentos em todas as áreas”, disse ele, reforçando os bons resultados da aposta lá de trás.
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