Jan 2023
18
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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Ricardo Frizera
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porRicardo Frizera

Balneabilidade melhora quando temos tratamento de esgoto adequado, afirma Munir

Mundo Business: Você será o próximo presidente da Cesan. Quais são os próximos planos para a sua gestão?

Munir Abud: Nos últimos quatro anos, a Cesan realizou o maior investimento de sua história. O presidente que estou sucedendo aplicou investimentos próximos a R$ 3 bilhões em desenvolvimento do saneamento capixaba.

Nós sabemos que o Marco Regulatório do Saneamento Básico colocou um desafio grandioso para as empresas de saneamento porque nos obriga até 2033 alcançar a universalização do saneamento, sendo 99% de água tratada e 90% de esgoto. Essa é uma meta muito ousada.

Atualmente, a Cesan tem cobertura em 53 municípios do Espírito Santo. Nós temos a obrigação de realizar vultosos investimentos. Em paralelo, nós temos que concluir a meta colocada pelo governador Renato Casagrande que é tentar chegar o mais próximo possível da universalização até 2026.

Por isso, a Cesan está preparando o maior pacote de investimentos da história. A Cesan deve investir mais de R$ 4 bilhões nos próximos quatro anos, podendo chegar a R$ 5 bilhões dependendo da celeridade dos processos licitatórios.

MB: Onde esses investimentos serão feitos?

MA: Os investimentos serão voltados para a universalização e para atender o Marco Regulatório de Saneamento Básico. Nós sabemos que a balneabilidade da água melhora quando tem um tratamento de esgoto adequado.

Precisamos garantir uma segurança hídrica à sociedade capixaba e nós temos que encarar de frente alguns problemas como falta d’água. Nos próximos quatro anos esses problemas tendem a estar superados em sua totalidade.

MB: Nesse verão praias de importantes balneários foram consideradas impróprias para banho. Vitória e Vila Velha tiveram todas as praias interditadas e Guarapari tem três pontos impróprios. Existe uma solução para recuperar a balneabilidade?

MA: Eu fui convidado para assumir a Cesan há uma semana e devo começar o processo de transição com o atual presidente para conhecer de perto os problemas da Cesan.

A luz da eficiência deve pautar os passos de um gestor público e temos que reconhecer os problemas e traçar metas ousadas para solucioná-los.

Eu vou entender com os colaboradores quais são os motivos que geram eventuais problemas de balneabilidade da água e se isso tem alguma relação com o saneamento ou não. Se tiver, nós vamos resolver e as praias vão voltar a ficar próprias para banho.

Se o problema estiver associado a uma prestação de serviço da Cesan, será resolvido. Isso é uma certeza e um compromisso que eu firmo para trabalhar incansavelmente e resolver o máximo de problemas possíveis ao longo da nossa gestão.

Retrospectiva

Bandes deve fechar 2022 com lucro próximo a R$ 80 milhões, estima Munir Abud

Mundo Business: Um dos principais legados do Bandes nos últimos anos foi o início das operações do Fundo Soberano. Qual a importância dele para o Espírito Santo?

Munir Abud: Já iniciamos as operações do Fundo Soberano capixaba, com recursos na ordem de R$ 1 bilhão, que foi criado a partir de recursos dos royalties do petróleo. É um fundo que pudesse garantir a segurança e a solidez fiscal do estado, garantindo que se algum dia houver uma defasagem de receitas do petróleo, o Estado estaria preparado para enfrentar a crise.

Ele foi construído sobre dois pilares muito importantes. O primeiro deles é uma poupança intergeracional, para que gerações futuras possam usar desse recurso, caso falte recursos no tesouro capixaba

E uma outra parte, operada pelo Bandes, o Fundo de Investimento em Participações que serve para contribuir para a diversificação da matriz econômica do estado, com investimentos em empresas de tecnologia e inovação. Esse fundo, chamado de FIP Funses 01, é o maior fundo público de um único cotista de venture capital do Brasil, com R$ 250 milhões.

Voltado para tecnologia, inovação e empresas de base tecnológica para que nós possamos criar no estado do Espírito Santo um ecossistema que possa transformar o território capixaba em uma espécie de Vale do Silício brasileiro.

Vai caber ao próximo presidente do Bandes pensar nos próximos programas de desenvolvimento, sabendo que eles devem estar alicerçados nessas premissas de poupança intergeracional, diversificação e modernização da matriz econômica, melhoria do ambiente de negócios, bem como atração de empresas para o Espírito Santo.

MB: Presenciamos na campanha eleitoral o Fundo Soberano ser muito atacado pelos candidatos ao governo do estado. Por que investir em inovação e tecnologia é importante?

MA: O Fundo Soberano foi muito atacado porque ele é muito bom. É natural que no processo de debate político aconteça a desconstrução do que o adversário construiu de melhor e o Fundo Soberano é um grande programa do governador Renato Casagrande. Investir em empresas de inovação de base tecnológica está entre as prioridades.

Nós trazemos aqui para o estado do Espírito Santo o fomento de uma atividade que hoje é baixa. Então isso já é importante porque é o primeiro passo para diversificação de nossa matriz econômica.

MB: Comparado a Santa Catarina e outros estados, o ES ainda tem pouca tecnologia e inovação no percentual do Produto Interno Bruto (PIB). O PIB capixaba ainda é muito dominado por commodities agrícolas e minerais, etc.

MA: Ainda estamos atrás, mas a ideia é que com o início das operações advindas do Fundo Soberano, nós possamos mudar essa realidade em um curto espaço de três ou quatro anos. Já podemos ver uma realidade transformada no estado. Exatamente por isso que os adversários atacam o programa e por não compreenderem qual é a sua utilização e a sua importância no estado.

Nós sabemos bem o que R$ 250 milhões significam para a iniciativa privada e para o poder público. A capacidade de transformação da economia real desse valor aportado na iniciativa privada é gigantesca. O Fundo Soberano é um instrumento, por exemplo, de geração de emprego e renda. Então, nós podemos combater a pobreza gerando emprego e renda. A melhor maneira de tirar as pessoas da pobreza e reduzir a dependência de programas sociais é concedendo empregos de qualidade, por isso que empresas de base tecnológica são importantes.

MB: Como foi feita essa construção de resultado financeiro para o Banco de Desenvolvimento que há pouco tempo estava esquecido e ia ser praticamente finalizado? 

MA: Nós pegamos um momento muito ruim da economia. Eu assumi o Bandes no período mais grave da crise pandêmica, mas o governador Renato Casagrande foi um grande parceiro do banco porque ele dividiu a presidência comigo. Agora nós temos um banco extremamente alinhado com o governo do estado e eu pude ocupar um espaço de credibilidade jamais visto em sua história.

Isso se deu a alguns fatores muito importantes, como operações de crédito simplificadas e de qualidade, a interiorização do banco, a democratização do acesso ao crédito e a criação de novos produtos.

Neste ano, o banco deve fechar com lucro próximo a R$ 80 milhões. É um valor elevado e o maior resultado da história do Bandes.

Outro ponto em destaque é que o banco operou programas sociais como nunca. Além disso, foi possível reestruturar o plano de carreira dos funcionários do Bandes porque eu acredito que não é necessário ceifar direitos de colaboradores para a empresa lucrar. Com os funcionários trabalhando com mais dedicação é possível alcançar resultados cada vez maiores.

MB: Qual a importância do lucro do banco de desenvolvimento para o estado? 

MA: Para criar uma cadeia sustentável de desenvolvimento econômico. Quando o banco lucra, ele pode emprestar esse dinheiro em condições facilitadas para o empresário e fomentar a economia local. Prova disso é que em parceria com o tesouro capixaba, mais uma vez, foi criada a linha Desenvolve ES. Criada para que os municípios da região sul e serrana possam ter condições de crédito para competir com os municípios que fazem parte da Sudene.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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