Mar 2023
22
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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Venda do ativo Hortifruti atrai interessados

A Americanas entrou em recuperação judicial há dois meses após o então presidente Sergio Rial ter declarado inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões nas contas e declarar uma dívida total de R$ 43 bilhões.

O plano prevê um aumento de R$ 10 bilhões com direito de preferência aos atuais acionistas, além de venda de ativos que incluem o hortifruti Natural da Terra, o Grupo Uni.co (plataforma que opera franquias como Puket, Imaginarium e Love Brands) e de uma aeronave da companhia.

Em agosto de 2021, a Americanas comunicou a aquisição do Hortifruti Natural da Terra, fundado em Colatina, no Espírito Santo, por R$ 2,1 bilhões em um movimento que tinha como foco ampliar a recorrência de compra dos consumidores.

Na época, a companhia era a maior varejista especializada em produtos frescos do Brasil com uma rede de 80 lojas em quatro estados. A bandeira Hortifruti é usada no Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e a marca Natural da Terra em São Paulo. A companhia chegou a negar a intenção de vender.

O CFO do Carrefour, David Murciano, considerou a rede de hortifruti como um “ativo naturalmente no mesmo perímetro”, mas descartou fazer alguma oferta. A gestora pátria e a rede de supermercados carioca Zona Sul também demonstraram interesse pela compra do ativo. No entanto, o negócio ainda não foi fechado. O Pátria tem apostado em investimentos em varejo e já comprou participações em redes do segmento, como Supermercado Avenida.

Pedro Henrique Zordan, gerente de M&A da Apex, avalia que dificilmente a Americanas conseguirá o mesmo valor de R$ 2,1 bilhões em uma eventual venda.

“A Americanas iniciou uma conversa com o Citibank para poder assessorá-los nesse movimento de fusões e aquisições, só que o cenário no Brasil é diferente do registrado em 2021. Na época, a Selic estava baixa e, agora, a taxa baixa de juros mais alta impacta diretamente no valuation dos ativos”.

“É muito provável que a companhia não consiga vender pelo mesmo preço que pagou na época, mas dado o cenário que elas se encontram, essa é a saída mais viável e que requer menos capital dos sócios, além de mostrar uma boa vontade de viabilizar o negócio”, destacou Zordan.

Zordan ressalta que a venda de ativos é uma tendência natural em empresas em recuperação judicial, pois gera caixa para a empresa continuar operando, mantendo empregos, pagando impostos e seguindo as atividades normais.

“Se o plano for seguido, a alavancagem da Americanas voltará a níveis controlados, com uma dívida líquida de EBITDA em torno de três a três vezes e meia, mesmo que os maiores credores ainda queiram que os acionistas de referência aumentem esse valor. Ainda é alto porque o setor demanda considerável capital de giro, mas é uma dívida controlada”, disse à coluna.

Ele enfatizou a importância de seguir o plano de recuperação para evitar a falência da empresa, o que traria grandes prejuízos para todos os envolvidos. No entanto, a primeira versão do plano de reestruturação pode não ser aceita por unanimidade entre os credores.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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