Mar 2023
24
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

Mar 2023
24
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

“Estamos atentos a oportunidades de crescimento na América Latina”, diz Allan Costa

Mundo Business: Com a alta de juros afeta o mercado de cibersegurança?

AC: A alta de juros é prejudicial em quase todos os setores da economia, com exceção talvez do setor bancário. O mercado de cibersegurança está muito aquecido e tem muitas oportunidades, ainda mais porque muitas empresas no Brasil estão longe do nível de maturidade minimamente aceitável para estarem protegidas contra as ameaças do mundo digital.

Essa pujança ajuda a impulsionar o crescimento do mercado como um todo e da própria ISH, independente da taxa de juros.

Se estivéssemos em um nível de juros menor no Brasil para captação de investimento, nós seguramente estaríamos crescendo de uma maneira ainda mais acelerada. A taxa elevada limita o crescimento porque evidentemente temos que financiar esse avanço.

MB: A ISH é genuinamente capixaba e existe no mercado há 27 anos. Como está a relação da empresa com o Espírito Santo?

AC: A ISH desde sempre manteve a matriz em Vitória e hoje tem uma sede própria na Enseada do Suá. Ao longo dos anos, a empresa cresceu muito, tem atuação nacional e filiais em vários estados, sendo as maiores em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba – também acabamos de inaugurar uma unidade em Goiás.

Como a matriz fica no Espírito Santo, a maior parte dos investimentos em inovação continuam concentrados em Vitória. Nós temos uma área da companhia que desenvolve produtos próprios inovadores com mais ou menos 60 colaboradores. Nós investimos em um spin-off e lançamos uma nova empresa chamada Safe Labs, no núcleo capixaba de inovação Hub 27.

Nós temos o plano de explorar outros mercados e avançar para a América Latina, mas vamos manter as raízes sólidas fincadas em território capixaba.

MB: Falando em planos para o futuro, quais são os próximos passos que a ISH deve adotar na expansão dos negócios?

AC: Sabemos que 2023 será mais um ano desafiador por conta da situação da economia e todas as contingências do cenário mundial e nacional. O mundo passa por um período de inflação e juros altos, além das ameaças ligadas à solvência e liquidez de muitos bancos. Apesar disso, estamos otimistas em consolidar a nossa liderança no mercado nacional.

Nós queremos consolidar a liderança em cibersegurança e expandir territorialmente. Por isso, estamos de olho em oportunidades de crescimento inorgânicas, impulsionado com aquisições de empresas menores que atuam em mercados estratégicos. Um exemplo: ainda temos espaço para crescer no sul do país, em especial nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que atendemos pela filial do Paraná.

A captação de recursos para esse crescimento inorgânico através de aquisições está cada vez mais complexa por conta das taxas de juros, mas mesmo assim estamos atentos a essas oportunidades de crescimento na América Latina, em especial no Chile, Colômbia, Peru e Argentina.

MB: A ISH está com projetos para contribuir para a mudança da matriz econômica e no desenvolvimento do mercado de tecnologia?

AC: A nossa grande aposta para a mudança da matriz econômica é o Safe Labs. Essa unidade começou pequena e com poucos colaboradores no desenvolvimento de produtos de cibersegurança, mas vale destacar que esses produtos substituem os importados e agora nós estamos desenvolvendo tecnologia nacional.

Em 2023, a proposta é continuar investindo em inovação no Espírito Santo. O Safe Labs correspondeu por cerca de 15 milhões do faturamento da ISH, ou seja, ela está seguramente colocada entre as 10 maiores empresas de tecnologia do estado e tem o diferencial de produzir produtos de cibersegurança em um mercado extremamente competitivo.

Esse é um mercado interessante porque gera empregos qualificados, com elevada remuneração e contribui para a transformação da matriz econômica, bem como posiciona a capital como um polo de inovação.

MB: A companhia conquistou performance inédita em 2022, com uma receita bruta de R$ 441 milhões. Quais foram os principais impulsionadores para o crescimento da ISH?

AC: Nós tivemos um ano positivo na ISH, apesar das dificuldades e dos desafios trazidos no cenário econômico, do período das eleições, Copa do Mundo, entre outras ações. Nós tivemos crescimento expressivo em todos os números avaliados.

Na receita líquida crescemos 39% em relação a 2021 e chegamos a R$ 386 milhões, um resultado histórico para a ISH.  A métrica Booking ficou em R$ 550 milhões em vendas e uma taxa de 19% de crescimento em relação ao ano anterior. Enquanto isso, o lucro bruto cresceu 31%, ficando a R$ 134,6 milhões.

Foram investidos R$ 14 milhões em inovação em 2022. Se levarmos em consideração que o lucro líquido ficou R$ 18,7 milhões, observamos que boa parte de todo lucro foi revertido em inovação dentro do Espírito Santo.

Nós temos a visão que precisamos fazer cada vez mais a ISH crescer, ter melhores produtos e ser mais inovadora. Isso reflete a crença dos sócios e da gestão de que o caminho é continuar reinvestindo para manter a empresa na trajetória de crescimento.

Veja também

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

Pular para a barra de ferramentas