A startup capixaba Lume Robotics lançou ontem, em Caxias do Sul (RS), o primeiro ônibus autônomo da América Latina em parceria com a Marcopolo. O veículo foi projetado para transportar até 21 passageiros dentro de áreas privadas, como indústrias, minas, portos e outros ambientes empresariais– um mercado de R$ 360 bilhões.
O ônibus autônomo Volare Attack 8, que conta com tecnologia da Lume Robotics, foi desenvolvido ao longo de dois anos e hoje tem a capacidade de operar dentro de ambientes privados sem condutor ou monitoramento humano. O veículo tem 7,3 m de comprimento e um motor de 152cv que o leva a uma velocidade máxima de 60 km/h.
Até o momento, a Lume contava com a tecnologia apenas para veículos autônomos de cargas dentro de ambientes privados. Nos últimos anos, a startup investiu em adaptações para fazer o transporte seguro e mais confortável de passageiros.
Para as empresas, a grande vantagem do transporte autônomo é proporcionar uma redução do custo operacional do transporte dentro de áreas industriais. Além de evitar a presença do motorista nas áreas de alto risco, o veículo autônomo opera de forma otimizada dentro dos padrões do fabricante, reduzindo gastos com combustível e manutenção.
Além disso, a segurança é um ponto importante reforçado pela tecnologia. “Veículos autônomos não estão sujeitos a fadiga e tem um tempo de reação mais rápido que o humano em situações repentinas”, afirma Rânik Guidolini, sócio-fundador da Lume.
Os ciclos de testes do protótipo iniciaram em dezembro de 2022. Com o sucesso da etapa inicial, ocorreu a primeira avaliação em ambiente operacional real em março deste ano, na siderúrgica ArcelorMittal Tubarão. Hoje, empresas como Ypê, de produtos de limpeza, e a Vale, estão em fase de implantação do veículo.
Apesar da tecnologia capixaba habilitar os veículos a circularem em qualquer via com segurança, a falta de regulamentação no Brasil inviabiliza esse tipo de operação em ruas públicas.
“Assim que nos consolidarmos dentro dos ambientes privados, vamos investir em veículos autônomos para vias públicas. Já tivemos conversas com uma comissão na Câmara dos Deputados que foi instalada para debater esse tipo de tecnologia. Essa é uma tendência mundial que traz segurança e eficiência para o transporte, mas que depende do esforço dos legisladores”, afirma Rânik.
Países como Austrália, Canadá, China, Alemanha, Nova Zelândia e Reino Unido já estão estudando caminhos para introduzir veículos autônomos nas ruas em larga escala. Nos Estados Unidos, alguns estados já autorizaram essa tecnologia e até aplicativos de carona operam com carros autônomos.
Atualmente, a Lume tem uma equipe de 25 colaboradores e fechou o ano passado com um faturamento de R$ 3,6 milhões. Com oito caminhões autônomos em implantação e o lançamento do ônibus, a expectativa é triplicar o faturamento em 2023, chegando a um valor próximo de R$ 12 milhões.
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