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Exatos dois anos após o leilão das onze poligonais de sal-gema no norte do Espírito Santo, essa riqueza mineral ainda permanece intocada. O subsolo de Conceição da Barra concentra mais da metade da reserva de sal do país, cerca de 20 bilhões de toneladas, que tem potencial de movimentar um mercado bilionário na economia capixaba. O sal-gema é a camada de sal (a mesma molécula do sal marinho, NaCl) situada 2 mil metros abaixo do solo e tem aplicações nas indústrias de papel, vidro, farmacêutica, química, têxtil e até no saneamento básico. Em entrevista com Márcio Félix, sócio da EnP Energy e de uma das empresas que arrematou áreas de sal-gema, ele explicou o que falta para a exploração desse mineral andar no Espírito Santo.
Mundo Business: Quando foi descoberta a reserva de sal-gema no Espírito Santo e qual é a situação atual das áreas leiloadas?
Márcio Félix: A exploração de sal-gema é uma oportunidade relevante para o Espírito Santo que está adormecida desde os anos 1980. O estado tem 70% da reserva de sal-gema do país, que é um volume muito grande mesmo frente a toda a demanda nacional. Com os leilões, temos perspectivas de que esse projeto possa andar. As 11 áreas arrematadas tem diversos empreendedores, incluindo a Unipar Carbocloro [indústria de cloro e soda com capital aberto em bolsa]. Os novos donos têm três anos para fazer estudos e comprovar o volume de sal-gema. Porém, queremos antecipar esse prazo e já partir para a lavra.
Mundo Business: Como é feita a exploração do sal-gema? Quais são suas aplicações?
Márcio Félix: A camada de sal-gema é a que separa o pré-sal do pós-sal, nomes conhecidos na indústria do petróleo. Essa crosta adentra o continente no Espírito Santo e em algumas partes do Nordeste. A extração é feita com a injeção de água quente, por um processo de dissolução do sal. Os derivados do sal gema, como soda cáustica e cloro, tem aplicações nas indústrias de papel, vidro, farmacêutica, química, têxtil e até no saneamento básico.
Mundo Business: Qual é o fator chave para viabilizar a exploração de sal-gema?
Márcio Félix: Vemos a oportunidade de o Espírito Santo gerar um arranjo produtivo importante de geração de riqueza: o Polo Cloro-Gás-Químico. Esse seria um cluster de indústrias que beneficiam o sal-gema ou fazem o uso de seus derivados, como soda cáustica e cloro, no processo produtivo. Vender sal não tem valor agregado para a economia, precisamos de um polo de empresas para ampliar a geração de valor. O Espírito Santo já tem indústrias que demandam esse tipo de matéria prima, como a de celulose e a moveleira, celulose e saneamento, mas queremos ampliar esse escopo.
Mundo Business: Quem é o principal responsável por incentivar a formação desse polo produtivo?
Márcio Félix: A criação desse polo não é o papel individual do governo estadual ou de alguma empresa específica. Penso como um movimento conjunto desses atores para destravar uma das maiores riquezas minerais do estado, que gera riqueza e empregos.
Mundo Business: Quais fatores de competitividade viabilizam um Polo Cloro-Gás-Químico no Espírito Santo?
Márcio Félix: A proximidade dessas indústrias com o centro de extração e beneficiamento do sal-gema é um fator fundamental de competitividade. Além disso, o Espírito Santo conta com uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), que pode possibilitar que essas empresas atinjam o mercado internacional, além de um sistema logístico multimodal com destaque para os portos no norte do estado.
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