Com R$ 110 milhões em negócios, Federação das Indústrias de MG seleciona duas startups capixabas para aceleração
A chocolateria capixaba Le Chocolatier trocou de mãos no olho do furacão do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Os fundadores originais passaram o controle para o empresário Angelo Piana, que decidiu fazer uma série de mudanças na indústria, na área comercial e nas lojas. A empresa mudou a identidade visual, mudou o endereço da fábrica, estruturou o franchising e atravessou uma pandemia desafiadora para o varejo. Hoje, mesmo com um número de lojas similar ao de 2016, a receita da Le Chocolatier saltou de R$ 1,8 milhão para R$ 6 milhões por ano. Nos próximos anos, a projeção é quintuplicar essa cifra.
Quando assumiu a Le Chocolatier em 2016, Angelo Piana enxergou um problema grave para uma chocolateria artesanal: a assimetria entre a qualidade de seu produto e o valor percebido pelo cliente.
A Le Chocolatier se posiciona entre os chocolates comerciais, vendidos nos supermercados, e os microprodutores ‘bean to bar’ (do grão à barra), embora tenha com um padrão produtivo bem mais similar aos artesanais.
Porém, a identidade visual não comunicava uma coisa nem outra.
Na marca antiga, a logo amarela se sobrepunha ao slogan “O doce prazer da sedução…” em um fundo marrom opaco. Se funcionava em 1985– ano de fundação da chocolateria– o público millenial não achava nada descolado.
“Sempre tivemos um produto de alta qualidade, com memória afetiva do público. Mas a experiência de loja e comunicação visual estavam desatualizadas, antiquadas. Isso levou muitos consumidores a não enxergarem o valor que tinha o produto”, explica o empresário.
O layout das lojas e a comunicação visual foram as primeiras questões endereçadas. Em seguida, o novo dono estruturou o modelo de franquia da marca e mudou a fábrica de Consolação, em Vitória– um local de difícil acesso e com problemas de segurança–, para um ponto movimentado e mais espaçoso na principal avenida comercial do Bairro de Fátima, na Serra.
A nova fábrica abriu espaço para um local de visitação e loja, além de ter uma capacidade de produção maior. A produção de chocolates de 2016 para hoje saltou de 11 toneladas para 35 toneladas por ano– uma combinação de redução da capacidade ociosa e aumento de produtividade.
O processo de expansão das lojas da Le Chocolatier foi interrompida durante a pandemia, mas voltou com força em 2023. A meta é passar das atuais 7 lojas para 20, com foco em Minas Gerais.
Com esse avanço, a produção de chocolate deverá duplicar, passando para 70 toneladas anuais, e o faturamento de R$ 6 milhões deve saltar para R$ 30 milhões– quase 17 vezes maior que em 2016.
“Parte dos novos investimentos estão sendo destinados para atualizar estrutura para visitação de fábrica, que já ocorre para o público escolar e que será aberta para o público em geral a partir de dezembro”, afirma Angelo.
Questionado, o dono da Le Chocolatier afirma que está preparando a empresa para receber novos sócios e expandir: “Estamos nos preparando para, no futuro, receber fundos de investimento que possam contribuir para aumentar a abrangência geográfica e somar em novos investimentos”.
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