Startup de dados comportamentais recebe aporte e quer expandir no Espírito Santo
A Suno Asset acaba de listar na bolsa de valores (B3) o fundo de investimento na cadeia do agronegócio (conhecido como Fiagro) especializado no financiamento de produtores de café, em parceria com a startup Big Trade. A expectativa é que o fundo tenha o ticker CAFE11 na bolsa. O fundo tem como objetivo adquirir direitos creditórios de produtores de café, ou seja, oferecer crédito para financiar atividades de longo prazo dos cafeicultores. Em dois anos, o fundo deve atingir R$ 500 milhões em ativos sob gestão.
O Fiagro é uma classe de ativos que cresceu 78% em patrimônio e 59% em número de fundos nos primeiros nove meses deste ano, de acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No fim de setembro, R$ 18,71 bilhões estavam investidos em 80 Fiagros operacionais – nem todos abertos ao investidor do varejo.
O mais novo Fiagro lançado na Bolsa, o CAFE11, é uma parceria da Suno Asset com a Big Trade, startup especializada em financiamento de agricultores que utiliza inteligência artificial para analisar dados do produtor e de sua propriedade e mitigar os riscos do financiamento. Com essa alta carga tecnológica, promete reduzir os calotes (o principal risco de uma carteira de crédito) e baixar os juros para os agricultores.
No Brasil, os índices de inadimplência (isto é, do não cumprimento de um pagamento) no agronegócio são historicamente mais baixos do que no mercado geral, mas a proposta é ter ainda mais controle sob o risco da carteira de FIDCs.
O último estudo da Serasa Experian apontou que a inadimplência na cadeia do agronegócio estava em 28% em julho. Naquele mês, o índice de negativados na população urbana estava em 44%.
A Big Trade recebeu investimento de nomes de peso: é sócio da startup Ricardo Tavares, fundador da 3 Corações, que tem negócios com o fundo canadense PSP, com mais de US$ 250 bilhões sob gestão.
O novo fundo da Suno deve ter R$ 50 milhões sob gestão até janeiro de 2024 e mais de R$ 500 milhões em dois anos. As atividades de financiamento do fundo naturalmente serão concentradas nos principais produtores de café do país, como Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia.
Um dos principais nomes por trás da popularização dos Fiagros no Brasil, a Suno comprou a tese de que o agronegócio brasileiro, que depende do sistema bancário, sobretudo o Plano Safra, vai aderir ao mercado de capitais para financiar suas atividades. Esse movimento já está consolidado no mercado imobiliário, no qual o mercado de capitais já supera a poupança como fonte de recurso para o crédito (funding).
Além de ser um financiamento atrativo para os produtores rurais, os Fiagros também são um investimento gerador de renda mensal, assim como os fundos imobiliários. Pessoas físicas representam cerca de 80% dos investidores de Fiagros, segundo dados da Anbima.
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