Fev 2024
4
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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porRicardo Frizera

Orlando Caliman | Nesta semana o Espírito Santo foi agraciado mais uma vez com a Vitória Stone Fair. Uma verdadeira vitrine do nosso maior, mais complexo, mais diversificado em oferta de produtos e territorialmente mais denso “cluster” industrial.

Para quem a observa hoje pode até não chegar a essa percepção. No entanto, para quem, como eu, a seguiu desde a sua origem, ano a ano, inclusive acompanhando-a nos enfrentamentos a desafios e percalços por cerca de 30 anos, sem dúvida, essa conclusão avaliativa torna-se tarefa fácil, além de despertar o sentimento de um certo orgulho.

Vejo as sequências evolutivas da feira qual caleidoscópio, que em vitrines sucessivas, e às vezes superpostas no tempo, nos possibilita observar e avaliar a dinâmica evolutiva expressa em novas tecnologias, em inovação, em design, em arte, em diversidade e sofisticação, em aplicações, em globalização e superações. Em síntese, em complexidade econômica que ajuda o setor a se colocar de forma competitiva no mercado global.

Estamos falando de um setor que respondeu por cerca de 82% das exportações de rochas ornamentais do país no ano passado, cuja posição no ranking de países se situou na quinta posição.  Somente para os Estados Unidos, exportou em 2023 algo em torno de 2,9 bilhões de reais, correspondente a 63% do total exportado pelo estado. Na segunda posição apareceu a China, com 12%.

Os Estados Unidos são os maiores importadores de rochas naturais do mundo, cujo mercado segue a dinâmica ditada pela sua economia em geral, mas especialmente pelo setor imobiliário. E nesse aspecto, o setor de rochas ornamentais do Espírito Santo soube surfar nas ondas crescentes do mercado de “housing”, sobretudo a partir de 2015, chegando ao auge em 2021, naturalmente, com o atropelo da COVID -19 em 2020.

Essa exposição maior ao mercado americano tem vantagens e desvantagens. No surfar ano a ano, é sempre provável e possível o setor confrontar-se com fatores adversos. O ano de 2023, por exemplo, não foi um bom ano, confirmando a tendência de queda detectada já em 2022, chegando a atingir a cifra de 27% entre 2021 e 2023. Fato que acende o sinal de alerta e que é explicado por fatores ligados a indicadores econômicos, como crescimento da taxa de hipotecas, mas também a fatores comportamentais, esses últimos mais preocupantes.

“Com estratégias mercadológicas até agressivas, consumidores estão sendo induzidos a optar por produtos mais baratos e supostamente de mais fácil aplicação e uso.”

 

Mais preocupantes pois dizem respeito a mudanças observadas na ponta do consumo e que expõem produtos derivados de rochas naturais à concorrência de rochas sintéticas. Fenômeno que vem sendo observado não somente no mercado americano, mas também na Europa e Ásia. Com estratégias mercadológicas até agressivas, consumidores estão sendo induzidos a optar por produtos mais baratos e supostamente de mais fácil aplicação e uso. Isso sobretudo no mercado de cozinhas, no caso do mercado americano.

Trata-se, sem dúvida, de um desafio a ser enfrentado de forma coletiva pelo setor, tanto no sentido de produção de narrativas de marketing e vendas, quanto na busca de novos mercados, dentre os quais, e com destaque, o Oriente Médio.

Se olhando para fora o mercado se mostra desafiador para o ano de 2024, para o mercado interno, que corresponde a aproximadamente 52% do mercado total, os sinais se apresentam mais alentadores, um pouco mais otimistas.

 

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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