Junior oils: perfurações de poços em terra avançam no norte do Espírito Santo
O Espírito Santo é o terceiro maior produtor de petróleo do país, respondendo 8% do total do país. Apesar de a maior parte desse volume ser atribuída à extração no mar (offshore) a produção em terra (onshore), vem ganhando força nos últimos anos impulsionada pelas petroleiras independentes, que investem em recuperação de poços e novas perfurações no estado. Na análise de Márcio Félix, CEO da EnP e ex-secretário do Ministério de Minas e Energia, o Espírito Santo tem atualmente a maior campanha de perfuração em terra do país, sendo uma das maiores da história.
Petroleiras independentes como Seacrest, BGM, Imetame Energia, Mandacaru, EnP, Elysian e Campo Petróleo são alguns nomes por trás dessa campanha de perfuração histórica que está em curso no Espírito Santo.
A principal delas, Seacrest, projeta 300 novos poços para atingir a produção de 21 mil barris por dia até 2025. Já a Elysian, arrematou neste ano 10 blocos na região norte do estado e deve iniciar as atividades em breve.
Na estimativa de Márcio Felix, o estado deve ter 80 novos poços em terra por ano nos próximos quatro anos.
“Hoje, o Espírito Santo tem a maior frente de perfuração em terra do país. É uma das maiores da história do país. Além dos poços que estão sendo perfurados e recuperados, ainda existe a possibilidade de novas descobertas de reservas em terra”, afirma Félix.
Apesar da produção onshore do Espírito Santo estar na casa de centenas de milhares de barris por ano, enquanto a produção em mar está na ordem de 48 milhões de barris por ano, as oportunidades para a economia local são muito mais amplas.
“A produção em mar faz uma sombra tão grande na produção em terra que as pessoas não conseguem enxergar sua grandeza. O efeito das petroleiras independentes na economia capixaba é muito mais direto. Elas contratam mais fornecedores locais, geram empregos, realizam investimentos e geram mais oportunidades para todos os portes de empresa”, afirma Félix.
Quando as primeiras campanhas de exploração em terra se iniciaram no Espírito Santo, o petróleo encontrado era classificado como sub-comercial pela característica mais viscosa. Por isso, era comercializado bem abaixo do preço de referência do barril de petróleo no mercado internacional, o ‘brent’.
Ao longo do tempo, porém, o óleo extraído em terras capixabas ganhou novas aplicações e passou a ser comercializado mais próximo ao valor de referência, tornando-se muito mais rentável.
“Antes um patinho feio, o petróleo capixaba se tornou um cisne negro“, brinca Márcio Félix.
“Extraímos um petróleo viscoso e com baixo nível de enxofre que atende a um nicho específico e, por isso, é muito desejado. Ele pode ser utilizado como bunker [combustível naval], que tem tolerâncias cada vez menores à concentração de enxofre, e na fabricação de asfalto quase sem a necessidade de passar por refinaria. Ele também é misturado com óleos de outras características, funcionando como um aditivo”, conclui o CEO da EnP.
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