Grupo CMG anuncia duas concessionárias de empilhadeiras Toyota no Espírito Santo
Apesar de ser um estado com população menor que seus vizinhos, o Espírito Santo se desenvolveu como um centro comercial relevante que se propôs a atendê-los. Não é à toa que o volume de comércio interestadual do estado foi, em 2022, quase cinco vezes o tamanho do seu PIB. Mas o que falta para a atividade industrial acompanhar a pujança da logística? Isso, o diretor econômico da Futura Inteligência, Orlando Caliman, discute a seguir.
Orlando Caliman | O Espírito Santo, principalmente nos últimos 10 anos, acabou se transformando num grande “hub” comercial. Uma plataforma logística que faz movimentar um enorme, diversificado e sofisticado volume de mercadorias. Por que não se pensar e implementar um “hub” industrial que lhe faça companhia, valendo-se da infraestrutura e logística já instaladas?
Em 2022, por exemplo, a plataforma logística comercial movimentou em termos monetários mais de 700 bilhões de reais entre produção local comercializada para outros estados e importações do exterior e de outros estados e distribuídas nacionalmente. Como resultado gerou um superávit interno de cerca de 108 bilhões de reais. Um número sem dúvida extraordinário se comparado com um PIB daquele ano que atingiu 186 bilhões.
Sempre visualizei a economia capixaba como plataformas de oferta de bens e serviços operando paralelamente a uma plataforma de demanda que a alimentasse. Teríamos assim uma diversificada base de agregação de valor, com fortes conexões com mercados nacionais e internacionais: Uma plataforma multifuncional do ponto de vista econômico.
Essa ideia não é nova, é bom que se diga. Quem a concebeu e a mantinha constantemente no seu imaginário criativo era o Dr. Eliezer Batista, com quem tive o privilégio e a grata satisfação de tê-lo em conversas e discussões sobre oportunidades de desenvolvimento do Espírito Santo.
Eliezer Batista tinha uma rara, senão raríssima, capacidade de farejar janelas de oportunidades. O Porto de Tubarão foi uma dentre tantas outras brilhantes ideias transformadoras. Bem como foi “cúmplice” ativo do projeto da Aracruz Celulose, junto com seu fundador e parceiro Erling Lorentzen. A atuação de ambos viabilizou a escalabilidade da economia capixaba.
Recordo-me que por várias vezes Eliezer insistia na ideia de que o Espírito Santo poderia se transformar em base nacional e internacional na produção de proteína animal, especialmente na avicultura de corte e na suinocultura. Isso pela sua posição estratégica perante os mercados. Valia-se de percepções que lhes eram bem próprias de que a Europa, inclusive por restrições ambientais, encontraria dificuldades para atender o seu próprio mercado. Via também o Oriente Médio como um mercado promissor. Esse cenário tornou-se realidade.
Nesse cenário idealizado por Eliezer vejo hoje a região de Linhares, oficialmente denominada de Região do Rio Doce, mas mais especificamente Aracruz como embrião de plataforma logística multifuncional, associando indústria, serviços e comércio. Temos lá os fundamentos para tanto: portos, ferrovia, rodovias, ZPE (Zona de Processamento de Exportação) e retroáreas ainda livres e disponíveis.
As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória