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Quando o agronegócio deixou de concentrar a maior parte do PIB do Espírito Santo, ainda no século passado, alguns eixos relevantes de crescimento econômico do Espírito Santo surgiram na Região Metropolitana da Grande Vitória. Nas duas primeiras décadas dos anos 2000, Viana, Serra e Cariacica, cresceram bem acima da média do estado, concentrando atividades industriais. Hoje, porém, o vetor de desenvolvimento caminha em direção a outros municípios. Orlando Caliman, diretor econômico da Futura, analisa quais são eles a seguir.
Orlando Caliman | O Espírito Santo pode ser considerado um estado de desenvolvimento industrial tardio. Até a década de sessenta predominava a agropecuária, cuja participação no PIB- Produto Interno Bruto chegava a 50%. Hoje essa participação é de apenas 4,5%. Em contrapartida, o setor industrial que em 1960 respondia por apenas 5,5% do total da riqueza produzida, atinge atualmente 38%. Um percentual bem acima da média nacional, de cerca de 26%.
Uma transformação profunda e ao mesmo tempo veloz no tempo. Talvez a mais veloz dentre os demais estados. E nesse processo ganhou preponderância a região metropolitana, cuja participação na população total do estado passou de 16% em 1960 para 49% atualmente. O município de Serra, por exemplo, tinha apenas cerca de 9 mil habitantes em 1960; hoje, 520 mil. Maior população do estado.
Essa concentração econômica e populacional na Região Metropolitana, no entanto, vem perdendo força nos últimos 20 anos. Já chegou a representar 64% do PIB estadual. Em 2021, segundo os últimos dados do IBGE sobre PIB municipal, esse percentual chegou a 57%.
Mesmo assim, três municípios da região destacam-se em crescimento econômico no período entre 2002 e 2021: Viana, Serra e Cariacica.
O município de Viana aparece no topo do ranking, crescendo em termos reais 170% no período. Cariacica 90%, e Serra 86%. Números bem significativos se comparados com a média de crescimento da economia estadual que foi de 55%.
Esses números podem indicar um certo novo padrão territorial de crescimento. Ou seja, novos eixos de adensamento econômico tendo como eixo de alinhamento a BR-101. No eixo sul com ancoragem atual em Cariacica e Viana, sobretudo em atividades de logística, expandindo-se ao sul, abarcando inclusive o município de Vila Velha, indo até Anchieta. É importante registrar que neste eixo está previsto o ramal sul da ferrovia Vitória-Minas, já pactuado com a Vale.
No eixo norte as perspectivas parecem mais claras, e consequentemente de mais rápida consolidação, principalmente em razão de investimentos realizados, em curso e já contratados. Refiro-me à rodovia do contorno do Mestre Álvaro, porto e ZPE – Zona de Processamento de Exportações, ambos da Imetame, expansão portuária da VPorts – antiga Codesa, Jurong, Portocel e outros. Temos aí a perspectiva da integração de três pontos de ancoragem em alinhamento: Serra, Aracruz e Linhares.
É possível que Aracruz se transformará na plataforma logística mais completa e complexa do Espírito Santo. Isso, principalmente por poder contar brevemente com um complexo portuário multifuncional e de multiuso, integrando portos, rodovias, ferrovias e aeroportos.
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