Orlando Caliman | A tendência geral no mundo todo é de que teremos cada vez menos pessoas vivendo no campo. No mundo a população urbana já é predominante. No Brasil já se encontra acima de 85%. Nos Estados Unidos 96%. Constatação que não faz diminuir o peso e a importância das atividades agrícolas na formação da dinâmica geral da economia. Ao contrário, aumenta, extrapolando os seus limites de influência e contribuindo para o que podemos denominar rurbanismo, ou também de economia rurbana.

A ideia do rurbanismo não é nova, porém ainda inovadora. Dá vida e impulso a um movimento, que podemos entendê-lo como fenômeno, que busca associar dois diferentes mundos. De um lado o bucolismo saudável do mundo rural, e de outro as modernidades, as facilidades, a convivência e sociabilidade das cidades. Do ponto de vista da economia abre novas frentes de oportunidades de negócios.

Esse fenômeno, que já se mostra presente mundialmente, encontra evidências no Brasil e, naturalmente, no Espírito Santo. Dados do último censo, por exemplo, mostram médias e pequenas cidades crescendo em população e ao mesmo tempo em atividades da agropecuária, serviços e agroindústria, agroturismo. Inclusive estreitando relações entre o rural e o urbano.

Ou seja, atividades novas vão surgindo como turismo, em modalidades como agroturismo, ecoturismo, moradias, atividades culturais e de lazer; comércio e serviços mais diversificados e sofisticados. Em parte, resultado da incorporação de novas tecnologias, em especial de informação e comunicação, mas também de processos inovadores no campo que exigem cada vez mais uma interação e integração maior entre o urbano e o rural.

Não precisamos ir muito longe para observarmos concretamente esse movimento. Basta, por exemplo, subirmos para as montanhas capixabas. E aqui faço referência a municípios como Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa, Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante. Naturalmente, sem limitarmos estes, pois outros exemplos poderão ser encontrados em outras regiões.

Nesse olhar “rurbano”, no tempo, me despertou atenção especial o município de Santa Maria de Jetibá. Talvez seja este o exemplo mais emblemático dessa associação rural e urbana. Um município empreendedor.  Nos últimos 20 anos este município apresentou um crescimento real do PIB, ou seja, retirando o efeito inflação, de 137%. Lembrando que a economia capixaba cresceu 55% no mesmo período.

Mas o que mais me chamou a atenção foi o crescimento do setor de serviços, aí incluindo comércio e serviços, essencialmente urbanos: 144%. Mas foi o mundo rural o grande fator propulsor, com um crescimento de 266% e respondendo por cerca de 50% de toda a riqueza produzida.

Em resumo, o olhar “rurbano” pode nos ajudar a identificar novas oportunidades de negócios, investimentos, crescimento e desenvolvimento dos municípios capixabas.