Jun 2024
29
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

Jun 2024
29
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

Vamos, então, aos números, fixando-os no ano de 2023. O mais atual com informações já tornadas públicas. O PIB capixaba terminou o ano em R$ 230 bilhões, segundo estimativa do PIB trimestral feita em trabalho conjunto entre IBGE e IJSN.

Nas relações comerciais interestaduais, tomando-se dados levantados e publicados pelo CONFAZ – Conselho Fazendário, somando-se o que exportamos para os demais estados e importamos destes chegamos ao valor de R$ 595 bilhões.

Efetuando a mesma operação em relação ao mundo externo, ou seja, computando o que exportamos e importamos em moeda estrangeira, o valor total convertido em reais atingiu algo em torno de R$ 101 bilhões.

Temos aí números relevantes, dos quais podemos extrair “insights” e conclusões interessantes.

Primeiramente vamos aos números que medem a abertura econômica, calculados por meio das razões entre a soma dos fluxos do comércio interestadual e PIB: abertura interna; e fluxo do comércio internacional em ralação ao mesmo PIB: abertura internacional. Assim temos: 258% de abertura interna, e 44% de abertura internacional. Na hipótese do Espírito Santo imaginário teríamos um coeficiente de abertura extraordinário: 203%.

Realmente um coeficiente que poderia figurar no topo do ranking mundial. O Brasil, avaliado como uma economia relativamente fechada, especialmente no conjunto das maiores economias, atingiu seu maior grau de abertura em 2021, com o indicador de 39%. No topo vamos encontrar Hong Kong, cujo índice se aproxima dos 400%, seguindo-se Singapura. Dentre as maiores economias, a China é destaque com mais de 50%. Economia também relativamente fechada pode ser considerada a americana.

ABERTURA ECONÔMICA DO ES TEM ORIGEM HISTÓRICA

No caso do Espírito Santo, enquanto a abertura internacional teve maior impulso nas décadas de setenta e oitenta do século passado, com os grandes projetos industriais exportadores, a abertura interna ganha maior força já no século XXI.

Fixando-nos na abertura interna – fluxo e comércio interestadual – vamos ver que em 1970 esse índice foi de apenas 40%, evoluindo para 119% em 2011 e 258% em 2023. Uma evolução rápida.

Basta registrar que em 2021 o crescimento do fluxo do comércio interestadual foi de cerca de 90% em relação a 2020. Obviamente tivemos influência da pandemia da COVID-19, que fez cair fortemente a movimentação comercial em 2020, mas também mudou o modo de se fazer comércio com o delivery e o e-commerce.

Essa configuração de relações comerciais para além-fronteiras impõe desafios adicionais ao Espírito Santo, inclusive em termos de riscos envolvidos, mas também abre um leque maior de oportunidades.

Dentre os riscos, há uma maior propensão a crises tanto internacionais, quanto nacionais. Decorre dessa característica estrutural o fato de a economia capixaba apresentar desempenhos extraordinários quando os cenários convergem positivamente; ao contrário quando negativamente. Explicação, por exemplo, para o crescimento da economia capixaba em 2012, que chegou a atingir 15% em termos reais.

* Orlando Caliman é diretor econômico da Futura Inteligência

 

Veja também

As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

Pular para a barra de ferramentas