Jul 2024
21
Ricardo Frizera
MUNDO BUSINESS

porRicardo Frizera

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O nascimento e as conquistas nos 22 anos do ES em Ação

José Luiz Orrico | No final do século passado e início deste, o Espírito Santo enfrentava uma situação precária em termos de governança pública. O orçamento público era frequentemente manipulado por interesses particulares, tanto de indivíduos quanto de empresas específicas. Como exemplo, os benefícios e subsídios governamentais eram concedidos de forma individual, não por setores ou tipos de negócios, resultando em negociações onde quem saia ganhando certamente não era o Estado e muito menos a sua população.

Diante desse cenário, a sociedade civil capixaba iniciou um movimento para mudar a situação. Foi nesse contexto que surgiu o ES em Ação, com o objetivo inicial de ajudar a transformar a gestão política do Estado. Em 2001, a Futura foi contratada para realizar um estudo sobre experiências bem-sucedidas de participação empresarial na gestão pública. Foram analisados os estados do Ceará, Minas Gerais e Santa Catarina, além de algumas experiências internacionais. O estudo resultou na proposta de criação de uma Organização Não Governamental (ONG), que foi formalizada em 2003.

No início de 2002, 16 pessoas físicas compuseram a estrutura inicial da ONG. As primeiras reuniões e operações ocorreram na Futura, onde discutíamos estratégias e ações para promover as mudanças necessárias no Estado.

A eleição de 2002 transcorreu conforme o esperado, com a vitória de Paulo Hartung, o candidato apoiado pelo ES em Ação e outras instituições que também buscavam mudanças, como a OAB, igrejas católicas e evangélicas, o Fórum Reage ES, entre outras. Naquele pleito, Renato Casagrande também foi eleito, vindo a suceder Hartung posteriormente, mantendo e avançando na boa governança.

Após a eleição, foi crucial que todas essas instituições permanecessem ativas para apoiar o novo governo. A transferência de poder do Legislativo para o Executivo exigiu diversas reuniões com os poderes eleitos e instituídos, como a Justiça. A resistência da Assembleia Legislativa da época exemplifica as dificuldades enfrentadas para implementar uma nova gestão baseada na boa política e transparência.

O ES em Ação e outras entidades continuaram monitorando e apoiando a consolidação de um novo Espírito Santo. Nos dois anos seguintes, a sociedade civil manteve-se politicamente presente em várias ocasiões, contribuindo para a boa governança do Estado. Desde sua fundação, o ES em Ação passou a auxiliar o Estado em questões mais estruturais, apoiando as ações do governo sempre que necessário.

Orlando Caliman, em seu artigo, detalha fielmente essas ações pós-solução política

ES em Ação: missão cumprida

Orlando Caliman |  Durante seus 21 anos de existência, o ES em Ação desenvolveu um trabalho contínuo de diálogo, cooperação, concertação e construção de soluções, caminhos e processos que possibilitaram o nosso estado a galgar patamares sempre mais elevados de desenvolvimento. E de desenvolvimento num sentido amplo: econômico, social, político, de gestão pública, cultural e sustentável do ponto de vista ambiental.

Enquanto organização social eu ouso dizer que inovamos. Inovamos na forma, no conteúdo, ou seja, na capacidade de leitura dos contextos e circunstâncias, mas sobretudo no método de trabalho. Não temo afirmar que fomos ousados. Não no sentido de apostarmos na sorte para a completude da nossa missão, que também era, e continua, ousada. Mas, no sentido bem próximo do que afirmava o grande poeta romano Virgílio: “audaces fortuna juvat” – “A sorte ajuda os audaciosos”.

A existência do ES em Ação não deve ser creditada apenas a um movimento reativo às circunstâncias de um momento extremamente adverso da história política, econômica social e institucional do estado, que aqui não cabe aprofundar.

Precedeu-a um longo trabalho de análises, pesquisas e leituras de experiências dentro e fora do país, algo como um “think tank”, enquanto paralelamente exercitava-se o diálogo em busca de convergências com os mais diversos atores sociais, políticos, religiosos e empresariais, também enredados pela crise e em busca de soluções.

E assim nasceu o ES em Ação. Instituição que acreditou na lateralidade do pensar e agir coletiva e cooperativamente. Apostou na qualificação das instituições públicas e privadas e na cooperação entre estas e a sociedade civil. Dessas articulações nasceram e serviram de “mapas de navegação” os planos de desenvolvimento: ES 2025, ES 2030, planos setoriais, como as quatro versões do PEDEAG – Plano de Desenvolvimento Estratégico da Agricultura, acordos de cooperação em diversos setores, como educação, saúde, meio ambiente, ambiente de negócio, logística e outros mais.

Dentre tantas ações, no entanto, vale ressaltar duas que considero estruturantes e portadoras de futuro: educação integral e formação de novas lideranças. Na educação integral, projeto em cooperação com o Governo do Estado, encontram-se abertas aos jovens 184 escolas. O Espírito Santo é hoje destaque nacional na qualidade da educação, com avanços significativos, por exemplo no IDEB.

O projeto Líderes do Amanhã, nascido no bojo do ES em Ação, é uma aposta no futuro, mas que produz bons e valiosos frutos no presente e já caminha e cresce contando com suas próprias forças. Afinal, o ES em Ação terá que contar com novas lideranças engajadas para continuar na sua missão, e de forma mais acelerada e resiliente.

O ES em Ação se sente coadjuvante e parte integrante do processo de construção desse novo Espírito Santo que se destaca em nível nacional na gestão pública, na capacidade de poupança e de investimento público; na categoria A em equilíbrio fiscal, mas, com destaque, na capacidade de pensar e agir ancorando-se em visão promissora do seu futuro, sem perder as pegadas de um caminhar exitoso. Bem na direção da missão que se propunha. Certamente, retornando ao marco zero de sua existência, não imaginávamos chegar onde chegamos. Missão mais que cumprida!

Gostaria de registrar duas coisas. Primeiro, a satisfação de ter participado das ações que levaram o Espírito Santo ao ponto onde está, culminando, para minha imensa alegria, no recebimento da comenda Jerônimo Monteiro em seu mais alto grau. Segundo, a necessidade de não esmorecer. Em 2026, poderemos estar encerrando este ciclo de desenvolvimento iniciado em 2003, dependendo de quem for eleito naquele pleito.

Por isso, faço um apelo às novas lideranças, sejam empresariais, religiosas ou de outras instituições. É essencial estar atento e participar do processo político que se seguirá. A boa política depende da participação e cobrança de toda a sociedade. Sem isso, o Estado corre o risco de retroceder.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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